1/21/2010

"Eu, que me comovo por tudo e por nada"

Há pessoas que parecem ter perdido - tê-la-ão tido alguma vez? - a capacidade de se emocionarem com as pequenas coisas. Que nada parece arrancar da sua complacência, da sua placidez. Da sua postura blasée. Indiferentes a tudo o que de trivial as rodeia. Não as entendo. E sobretudo, assustam-me.
Pois que seria de mim se não fosse o espanto e o assombro do quase nada? Como poderia eu viver sem essa maravilhosa ainda que traiçoeira dádiva de me comover perante as banalidades da existência? De vibrar com a visão de uma simples nuvem? De sorrir à conta de uma lágrima furtiva. De chorar pela sugestão apenas de um sorriso?
Arrepiar-me com uma lamechice qualquer. Encher-me de ternura e gratidão pelas cores do ocaso, destilar todos os humores do meu corpo pela intensidade de uma entrega. Amar sempre como se colhe uma flor. Sofrer com devoção. Dançar sob a chuva e ansiar na pele pela mordedura ácida do sol...
A Arte e a Natureza são o que nos aproxima do divino. São a certeza implacável de um desígnio grandioso e primordial. São elas a essência e a verdade. O único, secular e derradeiro sentido da vida.

1/18/2010

Promessas

Escrever todos os dias. Prometi a mim própria voltar a escrever todos os dias. Nem que seja só dez minutos, dez linhas, dez palavras. Nem que seja para não dizer nada. Nem que seja para reescrever depois. E desligar o facebook. Ou pelo menos não olhar para ele. Não bloquear a ver passar o comboio virtual. Pôr as minhas coisas em andamento. Pôr a minha vida nos carris.
O registo ficará aqui ou será manual, que a escrita à mão é insubstituível. Deveria obrigar-me a cumprir ambas, mas há que ser minimamente razoável e não exigir demasiado de mim própria de uma vez, sob pena de depois ficar zangada por não cumprir. Vamos por partes, não é?
Assuntos a tratar proximamente: viagem a Marrocos e biscate das aulas de conversação em língua francesa a psi. Duas facetas de uma mesma descoberta: Eu. A vida é infinitamente curiosa e cheia de surpresas. Pena o tempo ser tão escasso. Nem que viva mil anos...