8/28/2010

eh pá, desculpem lá qualquer coisinha e tal...




... mas por que raios é que a malta tem de gramar com grandes planos dos vossos pés por tudo e por nada??? é algum tipo de fixação? vai durar muito tempo? foda-se, pé!

8/18/2010

Escrever-me

Toda a tarde escrevi. Escrevi e chorei. Preciso tanto!
De me escrever. De me contar. De me encontrar. Saber quem sou, onde estou. Lavar-me em lágrimas. Lavar a minha alma, a minha vida do que sou, do que fui. Para poder continuar. Para poder voltar a mim. Tornar-me em mim. Ser. Ser quem sou, quem serei, quem tenho de ser.
Toda a tarde escrevi. Escrevi e chorei. Preciso. Tanto!

Para que conste

Estou aqui.

8/04/2010

Enquanto preparava um salteado de legumes e cogumelos frescos para combinar com um fusilli al dente

É incrível como a cozinha tem a capacidade de nos transportar para outros mundos. Não sei se isto é de mim mas enquanto peguei nas cebolas, nos alhos e numa folha de louro, abri a porta do frigorífico e inspeccionei o que para lá havia, decidi num ápice a mistela que podia confeccionar, organizei a superfície do balcão de forma a ter espaço para dar livre curso ao fervor criativo-culinário do momento, coloquei os ingredientes em ordem estratégica assim como os instrumentos que lhe iriam dar forma e sentido, viajei para dimensões que não saberia definir por palavras do léxico mais usual. Como se os cheiros, as cores, o som do azeite a encalorar na frigideira despertassem sentidos para lá dos sentidos, recordações que não sabemos ter, sonhos perdidos desde a infância, desde antes do nascimento, coisas da memória ancestral. Como, quando em terras onde cresceu minha mãe percebi subitamente o sentido da existência, assim, de chofre, nas minhas mãos, no meu peito, nos meus braços, a ocupar o espaço todo, a encher-me de tudo o que sempre esteve ali sem se revelar, enorme, incomensuravelmente gigantesco. Grande de mais para que eu o pudesse suportar e no entanto tão simples. Tão perto, ao pé, à mão de semear, de colher. Uma planta de cheiro. Os cheiros, os sabores. O poder destes sentidos, o olfacto, o paladar, tidos como secundários face aos todo-poderosos reis - a vista, o ouvido, o toque - é tão subvalorizado, ignorado, desprezado. Mas são eles que nos transportam. Que nos conduzem onde não julgaríamos saber ir. Que nos transformam. O som, claro, o som. Mas o cheiro…