2/23/2007

Eu é que estou em obras...

... mas vocês é que são forçados a mudar pró rachtaparta do beta!
Ó guentem-se!!! Eu cá continuo fiel ao velhinho alfa (será?) e mantenho os meus acentos e quejandos. Agora comentar-vos, carago, é que nem sempre é fácil, cum carácter e cum catano, ó camandro! Fico cansada. Eu até tenho boa memória, mas reescrever 3 e 4 vezes o mesmo comentário retira-lhe toda e qualquer espontaneidade, para além de que... haja pachorra!
Daí que vou daqui mandar os meus beijinhos, abraços e recadinhos pessoais em praça pública, sem links nem nada, qu'esta cena cada vez dá mais trabalho e com baixo nível de recompensa - já parece o retrato laboral do país que temos, mas isso é outro assunto e arrotarei essa post'a de pescada no momento oportuno, ou seja, quando tiver tempo e pachorra.
Dizia eu que vou daqui mandar uns recadinhos, por isso lá vai:

À linda mamã 125Azul, um beijo grande, e vou mailar-te muito em breve pra marcarmos o tal almocinho. Achei curioso falares da formiga no carreiro logo nesta data em que passam 20 anos sobre a passagem do poeta para outra dimensão do ser...
Ao Anjo que se diz Mau, também um beijo, e vou precisar de ajuda para a parte mais "física" das obras. Disseste que tinhas asas de aço, vamos lá testar isso. Depois dessa parte, os trabalhos continuam, mas em carácter residual...
À CK, que tem provado ser tão ou mais calamitosa que a própria: é claro que és!!! Mais Frenética que aquela que se diz frenética e transparece serenidade e tão neurótica quanto tu própria o anuncias. Deixa lá, filha, bem vinda ao clube! E muitos beijos pra ti também.
À Aenima: quando vens à Tugalândia? Podias combinar com a nossa CK! E marcávamos um repasto à séria, com prolongamento e muita, mas mesmo muita má língua. Que tal? Aí pelos States, deve fazer falta um pouco deste desporto nacional, não? Um beijoca pra ti.

Aos inúmeros e incontáveis que se julgam preteridos - quiçá, relegados para segundo plano: retirai essas tristes ideias dos vossos pensamentos. O que é vosso está guardado e não tardará. Sim. Isto é uma ameaça. Até jazzzzzzzzz

2/10/2007

Mais vale tarde que nunca

Interrompo hoje as minhas obras de Santa Engrácia.
Arriscando-me a ser presa ;-) , e porque me foi totalmente impossível fazê-lo antes, venho publicar a minha opinião sobre O Assunto em pleno período de reflexão, pretendendo obviamente com isso influenciar o sentido do voto dos meus estimados inúmeros e incontáveis ;-)
Provavelmente quando muitos dos meus inúmeros e incontáveis chegar a ler esta piquena reflexão, já a decisão estará tomada, mas espero pelo menos influenciar dois de vós e assim mudar o curso da história de Portugal ;-)

Os inúmeros e incontáveis que me conhecem sabem muito bem o que penso acerca dO Assunto, mas, para que não fiquem dúvidas e não vá aparecer algum forasteiro (bem vindo sejas, oh tu que nunca antes houveras escancarado as portas deste humilde estaminé!...), começo por dizer alto e bom som que vou votar SIM no referendo de amanhã. Se esta intenção de voto ofender algum dos inúmeros e incontáveis, escusais de continuar a ler estas parcas linhas: podeis carregar no quadradinho do lado superior direito do ecrã e voltar noutro dia – ou, quiçá, não voltar, dependendo do tamanho da vossa ofensa. Digo isto apenas para evitar ter de apagar algum comentário pouco inteligente (ou até, eventualmente, responder-lhe, o que muito me incomodaria, dada a minha falta de tempo – e de pachorra!) ou que venha a chocar-me, a mim, Calamity, ou a algum dos meus inúmeros e incontáveis. Sou uma mecinha simples, porém sensível e certas atitudes deixam-me deveras ultrajada na minha forma de estar na vida.

Infelizmente deverei contar entre estas últimas alguns dos argumentos utilizados pelos defensores do ‘não’ que considero de tamanha má fé que seriam até capazes de me fazer mudar de ideias caso alguma vez tivesse estado indecisa ou porventura tivesse alvitrado votar de outra maneira que não aquela que já referi e que é uma decisão irrefutável, a não ser que alguma catástrofe natural ou qualquer evento altamente incapacitante me impedisse de prosseguir com o meu intento. Aliás devo dizer que entre a minha decisão de votar ‘sim’ amanhã e a de uma mulher que decida fazer um aborto existe uma semelhança incontestável: a impossibilidade de alguém nos fazer mudar de ideias, uma vez que esta decisão foi de tal forma pensada, reflectida, pesada e examinada em todos os seus aspectos que não existe qualquer forma de a alterar.

Mas vamos então ao que me traz aqui. Há oito anos atrás quando outro referendo semelhante levou uns quantos eleitores às urnas enquanto outros preferiam ir a banhos convencidos que a opinião deles não faria a diferença, num exercício de anticidadania e de irresponsabilidade inenarráveis, convenci-me de que tudo tinha sido dito e que a má-fé e a desonestidade intelectual tinham atingido os mais altos píncaros e logo seria impossível igualá-los. Enganei-me. Devo admitir que estas qualidades conseguem sempre superar-se e, como tal, nas últimas duas semanas consegui ouvir, ler e ver argumentos, discursos e formas de actuação que ultrapassam todos os limites do aceitável. Passo a enumerar alguns – e faço-o tão só para manifestar o meu espanto, desagrado e revolta e também porque penso que serviram apenas para reforçar as intenções dos que votam ‘sim’ e para esclarecer alguns indecisos, levando-os a decidir no mesmo sentido. Quero ainda dizer que escolhi só alguns dos mais incríveis por entre os que ouvi, até porque a maior parte dos outros foram de tal modo esgrimidos em programas de televisão, conversas de café, filas de supermercado, blogues e múltiplas outras publicações online e em papel que não há absolutamente necessidade alguma de continuar a chover no molhado.

1 – Dez semanas. Um feto de 10 semanas já chucha no dedo (!!!); um feto de 10 semanas já sente dor (!!!!!!!!!!); um feto de 10 semanas isto, um feto de 10 semanas aquilo; um feto de 10 semanas, pelo que sei, até já escreve à mãe. E de além-tumba. Ou caixote do lixo, ou lá o que é.
Pois bem, meus senhores. Eu já estive grávida de 10 semanas. E até fiz uma ecografia às 9 semanas e meia (que data sugestiva, não acham?!). E tenho a dizer o seguinte:
a) um feto (que nessa altura para muitos cientista e médicos é ainda tão só um embrião) de nove semanas e meia mede apenas cerca de 23 mm (o meu media, duvido que o das outras meça muito mais…). Ou seja, pouco mais que dois centímetros. Como podem então alguns senhores ( e senhoras!) andar a passear um boneco a que deram o nome de Zézinho (!!!!!) querendo fazer crer os transeuntes mais crédulos e incautos que se trata de uma réplica de um feto de 10 semanas?! Acaso o embrião/feto cresce desmesuradamente em apenas 3 dias e meio? E mesmo que digam que se trata de uma réplica absurdamente aumentada, vejam bem até que ponto lhe modificaram o aspeco em relação ao verdadeiro aspecto de um embrião/feto de 10 semanas. Acaso julgam que somos todos parvos?
b) Por que raio é que uma mulher que decida abortar depois de a lei ser aprovada decide fazê-lo no último dia do prazo legal? Acham realmente que se trata de um assunto para deixar para a última da hora tipo entrega da declaração do IRS? Estão a gozar comigo? Ou com quem? Dez semanas significa para a maioria das mulheres mais do que dois atrasos sucessivos. E querem fazer-nos crer que uma mulher que decide abortar não o faz assim que descobre estar grávida? Vai ficar à espera de quê? De curtir uns enjôozitos? De sentir os pontapés? Tipo: “ah, e tal, eu estou grávida e decidi fazer um aborto, mas já que posso fazê-lo até às 10 semanas e ainda estou de seis, vou ali de férias pró avançado da relote em S. João da Caparica e trato do assunto quando voltar e o mê Zé for trabalhar. Assim comássim ainda tenho quatro semanitas pela frente… fico a curtir uma dietazita, uns gregórios, e tal…”. Por favor! Não me lixem, está bem?

2 – A carta. Tipo: “Não falei contigo por medo que os montes e vales que me achas…” ai não, enganei-me, não era isto. Era: “Mandei-lhe uma carta em papel perfumado e com letra bonita…”. Ai, enganei-me outra vez. A ver se acerto desta vez. “Querida mãe, querido pai, então que tal?...”. Eh pá, desculpem lá. A única forma que encontro de me referir a ESTE NOJO é a brincar. A sério não consigo. Não consigo, a sério. A coisa é de tal forma grave que penso sinceramente que os autores deste CRIME deviam ser presos preventivamente e posteriormente julgados e condenados por ofensas graves à integridade moral dos pais daquelas crianças e por maus-tratos aos miúdos. Eu retirava os meus filhos daquela escola. E processava-os. E sobre isto não quero falar mais – que até me tira o sentido de humor.

3 – A baixa natalidade em Portugal e na Europa. É o argumento mais baixo, pobre de espírito, ridículo, aviltante e desonesto que ouvi nos últimos anos. Só ultrapassado pela grandiosa calinada do genial Santana Lopes quando comparou o governo dele a um bebé na incubadora que levava estalos dos irmãos (lembram-se?).
Então aquelas benzocas horrorosas que tratam os filhos por você num exercício decadente de duvidoso amor materno querem povoar o envelhecido continente com os frutos forçados das gravidezes indesejadas das desgraçadas deste país? Querem mais recém-nascidos abandonados nas maternidades? Mais mortos em sacos de plástico metidos nos contentores do lixo? Mais putos menores a vaguear pelas ruas de saco de cola em riste ou encostados à estátua do Cutileiro à espera do cliente que lhe dará 5 ou 10 euros para comprar um panfleto de pó na Meia-Laranja? A encher os lares da Santa Casa e da Segurança Social quando todos sabemos que apenas 5 por cento deles virão um dia a ser adoptados (só isto vale vários posts que serão publicados oportunamente)? A boiar no Douro? Numa pocilga algarvia a servir de ração aos porcos? Numa ruína abandonada a espancar por divertimento um travesti sem-abrigo até à morte?

4 - Quem? Quem? Quem autorizou aquelas avantesmas a utilizar o poema da Florbela Espanca para a sua campanha? A quem pertencem os direitos de autor? Com que legitimidade colocam “Amar Perdidamente” num catrapázio gigantesco em plena Praça de Espanha? (E, quem sabe; noutros locais do país?) Não há ninguém que ponha ordem nisto???

5 – Eu sei que muitos dos defensores do ‘não’ de hoje são os mesmos que ontem se levantavam contra o planeamento familiar e a contracepção. E hoje vêm defendê-los com unhas e dentes. É bem, não digo que não. Só os estúpidos não mudam de ideias. Mas digam-me lá uma coisa. Se a vida começa na fecundação, então nenhuma delas usa D.I.U., presumo eu. Ou será que usam? E saberão elas como funciona o dito dispositivo? Ah, pois é!...

Last but not the least. Como dizia a Helena Roseta: eu não sou uma criminosa!
Vou votar SIM amanhã. Quem ainda achar algo para dizer que atire a primeira pedra.