11/27/2008

De pequenino... ou neoneocalamitices

Calamity (da sala para a cozinha): - Mini CJ?! O que estás a fazer?
Mini CJ: - ....
Calamity: - Mini CJ?...
Mini CJ: - ....
Calamity: - Mini CJ, o que estás a fazer, estás a comer?
Mini CJ: - Não...
Calamity: - Então, Mini CJ, o que estás a fazer?
Mini CJ: - Tou a fazê asneiras...

11/26/2008

Ainda não são as nomeações mas paciência que elas vêm a caminho

Lembra-me o blogger-tubarão que ontem foi Dia Internacional pela Eliminação da violência contra as Mulheres e, embora pense que este é um assunto do qual deveríamos falar todos os dias, assim como da violência contra todos os seres - pelo menos enquanto esta não for totalmente erradicada -, fico com vontade de partilhar com os inúmeros e incontáveis uma posta ou melhor, meia-posta, que 'roubei' a um tasco que partilho com outras comensais. Quer dizer, trata-se de um roubo tipo Margarida Rebelo Pinto. Mas não é um autoplágio, já que me autocito e deixo as referências. Ao menos na blogosfera posso fazer o que quiser com as minhas postas, à diferença do que sucede em certos meios onde determinados meninos e meninas - não sei que outro nome lhes pôr - se acham no direito de dispor dos meus textos como bem entendem, retendo-os indefinidamente nas suas gavetas, impedindo-os de ver a luz que toda a palavra escrita merece e a mim de receber do meu trabalho o respectivo fruto mas isso são outros quinhentos sobre os quais noutra altura e quiçá noutro local se falará. E a vocês, inúmeros e incontáveis em geral, não caberá a carapuça, digo eu de que porque a bem dizer nunca se sabe quem anda por aí. Se porventura o recadinho tocar alguma campaínha, pois que a Calamity é boa mecinha e está (ainda) aberta ao diálogo até ao dia em que resolver de facto dar aos respectivos textos o caminho que lhes pertence e que definitivamente não é a escuridão nem o esquecimento. Pois já estou crescidinha para castigos sobretudo por parte de quem nem sabe o que significa ser pai ou mãe e muito menos depender do número de páginas publicadas para obter ou não obter o sustento da família, i.e, viver sujeito à arbitrariedade dos humores alheios. Enfim, tudo isto para dizer que como sou dona dos meus textos, publico-os onde bem entender. E sem mais demoras aqui fica a meia-posta que há tempos deixei ao molho no tasco das comadres. E desculpem-me os inúmeros e incontáveis que porventura já tivessem tropeçado na dita posta no supracitado tasco.

(...) apeteceu-me falar-vos da minha amiga Maria. Maria é nome fictício, não que alguém a fosse reconhecer se eu pussesse aqui o nome dela mas enfim, será talvez deformação profissional.

A Maria talvez ficasse espantada se passasse por aqui e percebesse que eu não engoli a história que ela me contou quando eu -ingénua! - lhe perguntei o motivo pelo qual tinha uma nódoa negra no osso da bochecha e outra no bíceps do lado oposto (fora as outras, as que não vi e as que não mencionei). Que o meu coração se apertou e ficou pequenininho à medida que acenava e fingia estar a visualizá-la descalça a escorregar no chão molhado da cozinha e a cair NAQUELA posição. Contra todas as leis da física. E o quanto me doeu perceber que ela insistia na versão coxa dos acontecimentos, acrescentando pormenores que a tornavam de todo inconcebível - é que, apesar de pouco provável é possível dar de trombas numa porta semi-aberta, assim como é possível cair-nos uma prateira de livros em cima ou levarmos com o espelho do retrovisor lateral esquerdo de um automóvel em cheio na sobrancelha direita como me aconteceu há uns anos. Mas, e desculpa-me, Maria, não entra na cabeça de ninguém que tenhas caído para a frente nas circunstâncias que referiste. Porém, tenho sobretudo é de pedir-te desculpa pela MINHA falta de frontalidade pois fui incapaz de te confrontar. Eu sei que o momento não era adequado, porque havia mais gente à volta, mas devia, eu sei, ter-te chamado à razão, devia, eu sei, ter trazido o assunto de novo à baila assim que me apanhasse sozinha contigo, dar-te a ocasião de falar, de desabafar, embora esteja cá desconfiada que não o irias fazer.
Logo tu, a mulher independente, liberta e forte que és. Logo tu, que nunca precisaste de um homem para nada. Logo tu, que estás a anos-luz dele em termos intelectuais, culturais, espirituais e até mesmo financeiros. Logo tu, que és dona da casa onde ELE mora. Que és mãe da filha em quem ele se acha no direito de mandar. Que ele se acha no direito de castrar, obrigando-a comer, forçando-a a fazê-lo em silêncio, tal como certamente o fizeram com ele quando era miúdo, tornando-o no tipo retrógrado, limitado e agressivo que é hoje.
Não irias dizer-me a verdade porque isso seria dar-me razão. Porque sabes o que penso, não que to tenha dito. Porque me dirias o mesmo e por muito menos. Sem nunca admitir. Dizendo que ele é sim senhora um gajo por vezes bruto mas nunca levantaria um dedo para te magoar a ti ou a ela, pois se ele até é tão porreiro que até tem o jantar pronto quando chegas a casa mais tarde.
Quero que saibas, gostaria que soubesses que podes fraquejar ao pé de mim. Que podes chorar, berrar. Que escusas de afixar essa felicidade falsa. Que não precisas de falar sem parar para que não sobre espaço nem tempo para o que dói, para o que realmente interessa, para o que verdadeiramente importa. Que não te irei condenar nem achar menos de ti. Embora continue a achar que não precisas disso. E tu sabe-lo tão bem. Difícil é só dar o primeiro passo. E tu sabe-lo tão bem...

11/18/2008

Aviso à navegação que é como quem diz: os prémios hão de sair quando o sol fizer a sua parte

Ando para aqui a escrever postas e postas e mais postas. Vão de um mail para o outro, olho para elas e deixo-as estar. Postas sem tempêro é melhor mantê-las onde pertencem: no congelador. Apetece-me mas não me apetece. Tédio. Pudesse o ser humano hibernar...
Desde que na semana passada apaguei sem querer o texto em que reenviava os dardos para a blogosfera fiquei sem ânimo para o reescrever. Aliás, a irritação foi tanta que ainda postei a insultar o universo. Depois retirei. A língua portuguesa é parca em palavrões e desfiá-los todos não alivia coisa nenhuma. Claro que por morrer uma posta antes de dar à costa não se afunda o navio - que rica alegoria, hã? Com direito a rima rasca e tudo! -, porém estou como o tempo: sem chuva, mas o sol não chega para aquecer.

11/11/2008

A Calamity bota discurso ou Esta cena da blogosfera

é mesmo estranha! Às vezes parece uma metáfora da própria vida... Há uns tempos atrás, atingi um pico da audiência. Nunca tinha ousado imaginar tantos inúmeros e incontáveis como os que chegaram a andar por aqui nessa altura. Apareciam, acotovelavam-se para ser os primeiros a entrar, a comentar. E eu, ufana, pois tá claro, sem tempo para cuidar do estaminé para mudar as toalhas às mesas, garantir que as bejecas estavam estupidamente frescas e essas coisas que um dono de tasco orgulhoso da sua clientela gosta de assegurar. Quase que só conseguia botar posta uma vez por semana, embora andasse constantemente a postar por dentro: no banho, no autocarro, na fila do supermercado. E sofria por não conseguir estar à altura do monstro que eu própria tinha criado. E em mim crescia uma ternura verdadeira, palpável, pelos inúmeros e incontáveis.

Entretanto consegui terminar com um dos grandes entraves. Algo que me estava a prender, a estrangular. Que me impedia de estar presente em casa, de acompanhar de forma adequada o crescimento da Mini-calamity, de me aperceber que o Calamitoso júnior estava prestes a entrar no armário. Que me excluía das trocas infindáveis de galhardetes nas caixas de comentários e até do meu próprio tasco.
Mas quando consegui 'regressar' (e as aspas devem-se ao facto de sentir que, na verdade, não regressei, pois regressar é voltar ao mesmo sítio e eu sinto que aterrei noutro lugar), as coisas tinham mudado. Muitos dos inúmeros e incontáveis tinham desertado os seus tascos. Outros estavam agora nos respectivos da mesma forma que eu tinha estado durante os tempos de presença ausente a que me referia inicialmente. Outros ainda tinham deixado de frequentar a casa. Não vou mentir e dizer que só faz falta quem cá está. Não faz o meu género. Tenho saudades de quem deixou de aparecer. De quem fechou as portas e de quem, não as tendo fechado, já não conto entre os inúmeros. Já por várias vezes pensei em abrir falência. E se não o fiz, foi por dois motivos. Primeiro porque ainda restam meia-dúzia de inúmeros e incontáveis de quem muito gosto e sou assim uma espécie de cão: incapaz de me afastar daqueles que me demonstram afeição e me alimentam. Depois porque não sei se saberia o que fazer sem isto. Onde escreveria eu? Seria eu capaz de voltar aos bloquinhos e caderninhos, condenados à perenidade das gavetas?

E eis se não quando a Madalena - que é das inúmeras e incontáveis recentes mais preciosas - me brinda com um dardo. Tantos prémios já vi serem distribuidos por essa blogosfera e nunca me tinha sido atribuída tal distinção. E, digo-o sem falsa modéstia, já houve tempos em que teria sido mais merecido. Quando releio certas postas de há dois anos e até um ano atrás, acho que estava tão mais lá! Receio por vezes não voltar a atingir o mesmo ponto. Porque levo esta merda a sério, embora possa não parecer. A escrita é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Só os meus filhos lhe conseguem fazer sombra. Ela é como uma amante cruel e doce ao mesmo tempo. Como um gato que só vem sentar-se ao meu colo quando eu não a chamo. A paixão que sinto por ela nunca se esgota, mesmo quando me maltrata. Sofro por ela, mesmo quando se esquece de mim. E ela, manhosa como poucas, percebeu que estou agora mais disponível para ela e escapa-se-me entre os dedos, escorregadia como sabonete na banheira.

Dos prémios que regularmente são outorgados por essa tascofera, o dardos agrada-me especialmente. Como sagitariana que sou sempre me dediquei à actividade dos centauros: mirar, atirar e fazer por acertar (para além de galopar por montes e vales, é claro). Nem sempre consigo mas vou atirando sempre. Por vezes de forma dispersa, atabalhoada. Por tudo isto, sinto-me deveras honrada. E retribuo o prémio, porque a Madalena é uma mulher extraordinária. Sensível, dedicada a uma causa e persistente. É cá das minhas. Sei que quem aceita o prémio deve indicar uma lista de nomeados. Vou tratar disso e, breve breve... I'll be back!!!
Obrigada Madalena!

11/10/2008

É que é isso mesmo!

Leio o Shark há pouco tempo e ainda há menos tempo que ele sabe que o leio. Mas vejo-o assim como um tubarão com alma da golfinho. Duvido que seja capaz de morder quem quer que seja. Contudo, pelo pouco que sei, entendo que não é peixe que alinhe em cardumes e não confunde sardinhas com carapaus (muito menos se estes forem de corrida). Serve este pequena introdução para contextualizar a posta que li lá no charco e com a qual me identifiquei a 200%. Fala sobre uma série de atitudes que tenho observado na blogosfera e sobre as quais tenho pensado com alguma frequência, embora ainda não me tivesse dado para bota postadura sobre elas.

A primeira diz respeito à chamada moderação de comentários, seja lá a forma escolhida pelo 'dono do tasco'.
"A moderação de comentários é a forma híbrida de assumir uma caixa. Sim senhores, podem botar faladura mas como há quem se estique e porque manda quem pode só é publicado o que se quer, após aprovação dos donos da casa.
É assim que a coisa me soa e tresanda a lápis azul, qualquer que seja o malabarismo encontrado para o pintar de outra forma."

Pois bem, eu entendo que por vezes somos confrontados com autênticas manifestações de ódio nas ditas-cujas caixas, mas em casos extremos o 'dono do tasco' pode sempre eliminar o comentário. Sempre me pareceu que quem proteje demasiado o seu espaço dá ao ladrão a sugestão de que ali dentro deve haver coisas muito valiosas. Nunca me assaltaram em dias em que me esqueci de trancar as portas... Assim, excesso de segurança como a seca do reconhecimento de caracteres irrita-me sobremaneira (By the way, ó Manel, não tenho comentado lá no tasco por causa disso! Vê lá se tiras essa coisa! ;-).

Outra abordagem cada vez mais em voga é a eliminação pura e simples das caixas, algo que igualmente contraria a minha versão pessoal mas transmissível do que um blogue representa, mas que pelo menos é frontal na intenção de quem a adopta. Estou aqui para me oferecer ao mundo mas dispenso a sua retribuição, obrigado.

Pois eu também acho pena quando é assim. Por mais qualidade que tenha o que estou a ler - e muitas vezes é o caso - um blog unilateral dá-me a sensação incómoda de que os hipotéticos leitores não são considerados dignos de dar o seu feedback. A mim esta atitude parece-me desvirtuar a essência do blog que é a possibilidade de estabelecer um diálogo, seja qual for a temática abordada.

Outro aspecto frisado pelo Shark diz respeito às pessoas que, sendo comentadas, não respondem.
Sinto esta postura exactamente assim, arrogante e malcriada.

Os inúmeros e incontáveis sabem que raramente respondo directamente ao comentário na própria caixa. Mas sabem também que tento sempre retribuir a visita, sobretudo se se tratar de visitante novo, já que quem é da casa está à vontade para ir à cozinha e servir-se mas quem não merece que lhe façam as honras da dita. Isto da blogosfera é como na vida: se eu vou à tua casa também gosto que vás à minha. Se sou sempre eu a deslocar-me e tu não te dás ao trabalho de sair do teu reino, acabarei por cansar-me e deixarei de te visitar. Mesmo que me recebas bem. Por isso, acrescento à posta do Shark: quanto a mim não basta que o 'dono do tasco' me responda lá no espaço dele. Em última instância se me derem à escolha prefiro ser visitada. Daí ter optado aqui no tasco por esta fórmula em detrimento da resposta directa, já que a minha vida não é só isto - e a das outras pessoas também não, embora me aperceba de que há pessoas que parecem não fazer outra coisa... Mas isso são outros quinhentos...

11/07/2008

O Manuel e a Besta

O Manuel é jornalista. A Besta (que em tempos já foi bestial) também. Sonharam um dia mudar o mundo. Fazendo a sua parte. Dando o seu contributo, de palavras feito. Palavras que servissem para denunciar as injustiças. Para aproximar os povos. Para ajudar a erradicar a pobreza e a ignorância. Para estimular os sonhadores a levarem os sonhos a bom porto. Palavras que, no fundo, seriam uma declinação daqueles valores que tinham herdado dos seus pais, que, por sua vez os haviam sorvido das Luzes. Coisas que hoje parecem estranhamente destituídas de sentido: Liberdade, Igualdade, Fraternidade... Palavras que rimam mas talvez já não sejam verdade. O Manuel e a Besta ingressaram um dia na profissão. A pouco e pouco foram-se apercebendo que estavam cada vez mais isolados. Não que tenham deixado de sonhar. Mas muitas vezes sentem-se a falar sozinhos. A remar contra a maré. Como é duro ser um tarefeiro da palavra escrita, escrevendo a metro quando se tem a alma cheia de palavras outras, destituídas de valor-moeda!
O Manuel quer continuar a sonhar. Por isso abriu o Manuel do Jornalismo. A Besta (que em tempos já foi bestial) juntou-se-lhe. No tasco deles todos podem mandar o seu bitaite. No tasco deles não há lápis azul. E há sempre uma posta em branco por escrever. Para quem ainda sonha com um mundo diferente, em que o jornalismo seja, de facto uma profissão contra a indiferença e não, como nos andam a querer fazer acreditar, uma profissão amorfa e sentada.

11/04/2008

Pergunta de retórica

Quem é que está a financiar a campanha de euh...(como é que se chamará aquilo? Só uma palavra me ocorre... digo? Não digo? Pronto, lá vai e seja o que deus nosso senhor quiser...) masturbação do governo (vulgo 'autoregozijo' pelo dito sucesso do pugrama Novas Oportunidades) que enche metade dos mupis de Lisboa?

11/03/2008

O lápis azul ataca de novo


Julgavam os inúmeros e incontáveis viver em democracia?
Imaginavam que o facto de andarmos todos para aqui a mandar bitaites mais ou menos quando e como queremos e nos apetece significava liberdade de expressão?
Que o lápis azul era coisa dos tempos da outra senhora? Ou que esta e aquele, se calhar, como até já se ouviu dizer por aí, à semelhança do holocausto, nunca existiram e foram apenas uma invenção de desordeiros mal-intencionados, desses que em vez de trabalhar para a coesão nacional preferem semear a discórdia e a má língua?
Pois bem, receio ter de os contrariar, senhores. O lápis azul está de volta, bem afiado e em grande estilo. Já há uns tempos que não ouvíamos falar nele - bom, mas isso não é de admirar. Não é essa precisamente uma das características do dito? Morde pela calada, por assim dizer. Embora de vez em quando cheguem até nós ecos da sua sobrevivência, firme e hirto, como dizia o outro - Desde que, há um ano e tal, aquela directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho foi exonerada do cargo por não ter mandado retirar o tal cartaz que dizia mal do tal ministro que entretanto foi destituído mas não foi nada porque o país inteiro estava contra ele, foi porque o senhor tinha umas questões pessoais para resolver e até tinha já pedido ao nosso primeiro... enfim, isso agora não interessa nada! Um mês antes tinha sido o professor da anedota. (Cuidado, inúmeros e incontáveis. Cuidado. Não leiam em voz alta uma piadinha que anda aí a circular na net sobre nosso primeiro e o computador que tem nome de circum-navegador. Se a receberem não a repassem! Depois não digam que não vos avisei!) Agora é a enfermeira da linha 24. Atreveu-se a escrever uma carta à ministra que por acaso até tutela lá o sítio onde ela trabalha. Um local onde, diga-se de passagem, "quase todos" os 360 funcionários (ao serviço do Ministério da Saúde, recorde-se) estão a recibos verdes, mas claro está, trata-se tão-somente de uma insignificante coincidência. Dizia eu que a tal da enfermeira teve o desplante, vejam lá, de tornar públicas as suas (e as de mais oito supervisoras, as maganas!) preocupações com aquilo que elas tiveram o distinto descaramento de classificar como um "caos organizativo"! Como se qualquer organismo tutelado pelo Estado pudesse aproximar-se sequer de uma ligeira desarrumação passageira. Claro que vai ser despedida! Obviamente demitida! Onde é que já se viu?
Inúmeros e incontáveis, quem vos avisa, vossa amiga é: mantenham-se bem caladinhos. Aliás, devo dizer que até estou surpreendida que estas notícias tenham vindo a lume. O comportamento da maioria dos meus colegas, outrora camaradas - para quem possa ignorá-lo, ainda há muito poucos anos, quando entrávamos pelas primeiras vezes numa redacção, éramos de imediato advertidos que não deveríamos tratar os companheiros de profissão por colegas; "colegas são as putas", rezava a velha máxima que iniciara escribas ao longo dos anos da ditadura - cada vez menos difere do das avestruzes. Não é preciso fazer um desenho, pois não?
Aliás, a política na redacções - e na maior parte dos outros locais de trabalho - é cada vez mais uma espécie de lápis azul incluso. Não mexer na merda, porque cheira mal. Porque suja as mãos. Porque temos emprego. Porque não temos - mais uma razão, pois então! - Trabalhamos a recibos verdes e receamos pelo nosso futuro e pelo dos nossos filhos. Os tais que ainda não nasceram, nem sabemos se os iremos trazer a este mundo estragado. Mas foram os outros que estragaram, por isso nós não vamos mexer. Vamos ficar aqui bem caladinhos. A fazer o que nos mandam, pois pagam-nos para isto. É um favor que nos fazem, como toda a gente sabe: pagarem-nos para trabalharmos, pois há quem pague para poder fazê-lo. Temos sorte, não? E então? Ainda vamos provocar? Não senhor. Vamos mas é ficar sossegadinhos no nosso canto, que isto não é nada connosco. Tá tudo tão bem, tão calminho.
Hoje não precisamos de lápis azul. Temos recibos verdes. O lápis azul já vem programado nos nossos cérebros. Escrevemos o que nos mandam e não vamos mais além. O lápis azul são as teclas que nunca digitaremos. Pois se ninguém nos pediu nada. Por que diabo o faríamos? Fiquemos quietos e caladinhos. E tenhamos cuidado com o que lemos, dizemos e ouvimos. Façamo-lo em surdina. Acautelemo-nos também com os blogues, esses antros de pouca-vergonha, asseguremo-nos do seu total e absoluto anonimato e congratulemo-nos por a administração ainda ser (relativamente) anafanética (aproveitemos pois este espacinho e prevariquemos o mais javardamente possível, à boa maneira de um recluso em dia de precária, que a ilusão de liberdade dura pouco mas dá uma tesão do caraças!), pois breve breve, estaremos a responder no DIAP pelas nossas postas mais atrevidas. E quiçá pelas outras também...

PS (Salvo seja!!): Em breve, novidades...