9/22/2006

Acham isto normal???

Na Rua Ferreira Borges, principal artéria (gostaram da "artéria"? lindo, não é? é como o "esférico", vocábulos que me enchem a alma de satisfação e o umbigo de orgulho, por tão profícuo - eu ultimamente ando particularmente amiga do "profícuo" - e egrégio uso do nosso vasto idioma - do "idioma", então, nem sei se vos diga, se vos conte! - mas adiante!)
O melhor é recomeçar, que os meus inúmeros e incontáveis a esta hora, ainda por cima em dia sem carros - imagino-vos todos (todas!) a andar a pé, a encher os nossos autocarros, as carrugens do metropolitano... mas, enfim, adiante, de novo, que isto hoje está grave. A hemorragia mental escorre por todos os lados. Ou será verborreia? Bah! Deixem lá! Eu fico assim quando tenho um trabalho para fazer e ando a ver se me esquivo. A propósito, lembram-se daquele poema do Fernando Pessoa... Não, a sério, estava a brincar. Ou melhor, estava a brincar. Agora a sério. Do início.

Dizia eu portanto que, (eu sei que aqui não devia haver vírgula, mas é só para marcar aqui uma pequena pausa e centrar-vos de novo na minha linha de raciocínio. Pronto. Já está tudo a seguir-me? De certeza? Então lá vai:

Na Rua Ferreira Borges, principal artéria do Bairro de Campo de Ourique, em Lisboa (há que contemplar os inúmeros e incontáveis dos arrabaldes, não é verdade? explicando-lhes onde fica Campo de Ourique, que os inúmeros e incontáveis, por exemplo, da ilha de Santa Maria dos Açores, não são obrigados a saber, certo?), podemos desde o dia 20 de setembro - vinte observar toda uma parafernália de camiões equipados com gruas, cada qual operado por dois trabalhores de uma empresa denominada "Os Castros" a instalar as iluminações de Natal. Sim, caros e caras inúmeros(as) e incontáveis, vocês leram bem e não, caras e caros (agora ao contrário) inúmeras(os) e incontáveis, a vossa Calamity não teve alucinações, não sonhou, não andou a fumar daquelas coisas que fazem (quando ingeridos por certos organismos mais sensíveis e quando de qualidade excepcional, é verdade) ver coisas que não correspondem exactamente àquilo que lá está. É verdade. Verdade, verdadinha, tão verdade como eu estar aqui neste momento sob a forma de holograma a escrever este post a partir do planeta Júpiter.
Podemos, pois, inúmeros e incontáveis (e vice-versa, pronto, vocês já sabem, esta minha cena dá prós dois lados, meninos e meninas, gaijos e gaijas, parramecas e pilinhas, coisa e tal e tal e coisa...) deduzir que o nosso bem-amado presidente da junta, perdão, da câmara terminou finalmente de pagar as pouquinhas (coisa pouca, mesmo, quase nada) dívidas da dita e pôde enfim direccionar as vastas somas da edilidade para fins mais nobres e bem mais urgentes? Ou passou-se algo que eu, do alto (deverei antes dizer do baixo?) de minha parca e limitada inteligência não atingi? Haverá lá coisa mais importante e imediata para a Câmara Municipal de Lisboa fazer do que mandar instalar as iluminações de Natal a três meses e cinco dias da efémeride que marca o nascimento de Jesus Cristo? Quem serão "Os Castros"? Já agora, alguma relação com a Inês de? Por favor, esclareçam-me.

Ah. Feliz Natal.

9/11/2006

Há cinco anos...


Há cinco anos todos nós vimos na televisão. Não conseguíamos despregar os olhos daquelas imagens. Vimo-las dez, vinte, cem, mil vezes. Como se estivéssemos viciados nelas. De vista esbugalhada. De coração esbugalhado. No dia seguinte acordámos e ligámos a televisão de novo. Para ver se era mesmo verdade. Se não teríamos sonhado.

Ontem à noite (e antes disso, na 2) passaram vários documentários, entre outros aquele sobre o Homem em Plena Queda (The Falling Man). A famosa foto de Richard Drew que chocou tanta gente, que originou uma pesquisa, a qual deu resultados espantosos. Não interessa concluir sobre a identidade deste homem, cuja posição extraordinária ainda hoje me deixa perplexa: além de levar a cabeça para baixo, tem a perna direita flectida, como quem estivesse encostado a uma parede, a ver o tempo passar. Quando na verdade, é ele que passa pelo tempo à velocidade estonteante de uma morte, a morte mais mediática do onze de setembro. A morte que todos viram mas que ninguém viu, pois acredito que ele ainda estava vivo neste momento da queda.
Não interessa se era o tal do Jonathan Briley, cuja irmã deu um depoimento que deveria ser ouvido por todos, uma lição de vida e de serenidade. Ou se era o outro "suspeito", cuja família, de tão crente, se teria desmoronado se viesse a confirmar-se ser de facto ele o "suicida". Porque para eles (para elas) era a heresia suprema. Que o pai e marido pudesse ter decidido acabar depressa com tudo aquilo. Que tivesse dado aquele vôo. Estaria para elas condenado para sempre às chamas do inferno (e o que seria aquilo lá em cima? Uma sauna? Um solário?) se acaso tivesse cometido aquele crime aos olhos de deus.
Pois se houver deus, se houver Deus que mereça maiúscula, este e os outros "jumpers" do onze de setembro foram direitinhos para o paraíso. Straight to heaven. Pois aquilo, sim, foi um acto de suprema coragem. Tanta quanta a dos bombeiros que subiram quando todos os outros desciam.
E também um acto de suprema fé. Pois algures dentro do desespero inimaginável existiu um lampejo de esperança num milagre que os salvasse. "Talvez, talvez eu possa voar. Talvez, talvez haja um deus que me salve, que me ampare nesta queda, que a transforme em vôo".
E se Deus houve, Deus o(s) salvou. E ele voou para a eternidade.

9/07/2006

Raio de luz


Procurei um raio de luz para vos "devolver" o carinho. Encontrei um elfo e roubei-o à fada que o colocou na blogosfera. Espero que nem ele nem ela se importem. Estou certa que não.

Ainda não me sinto assim, mas hei de sentir. Oh se hei.