2/25/2009

Seis verdades e três mentiras

Por incrível que pareça não sou grande mentirosa. Aliás, não sei mentir. O que, por mais que seja uma acérrima defensora da verdade a todo o custo nem sempre me tem sido de grande ajuda. Adiante. Desafia-me a Teresa para contar acerca de mim seis verdades e três mentiras. Como é por escrito, pode ser que não me vejam corar e torcer os lábios ;-)

1 - Ainda acredito no príncipe encantado;
2 - Há 10 anos que ando a tentar deixar de fumar;
3 - A minha mãe nasceu em Alcácer Quibir, o meu pai em Lisboa e eu no fim de uma tarde de nevoeiro em Paris;
4 - Quando tinha dez anos de idade atravessei um lamaçal com altura pelo joelho à meia-noite porque o Chico Buarque em pessoa se encontrava do outro lado;
5 - Já adulta cheguei a passar um ano inteiro sem dar uma queca;
6 - Até hoje não casei mas já me separei mais de vinte vezes do mesmo homem de quem tive dois filhos;
7 - Fui convidada para a mesma festa onde se encontravam a Claudia Raia, a Patrícia Pillar, o Tarcísio Meira e o Ary Fontoura. E falei com todos eles;
8 - Nunca fiz nudismo;
9 - Li os três tomos de 'O* Capital' de Karl Marx.

Desafio a Estrelinha, a Loira, a Cool, a Flores, a Blubina, a Ritmargaride, a Cristina, o Melão e o Mocho (não ponho links por estarem quase todos aqui ao lado e também porque não tenho tempo). Não desafio outras meninas de quem muito gosto por terem tascos privados... mas se quiserem agarrar, por mim, estão à vontade, obviamente.

* Uppsss: Obrigada, AEnima. Não te direi se acertaste ou não. Não era preciso lê-los para saber-lhes o título de trás para a frente, pois constam 'em pessoa' na estante da sala em casa dos meus pais assim como tudo o que o dito-cujo escreveu com Engels, tudo o que foi escrito acerca de e ainda ... E que tal fazeres também?

Já pensei tantas vezes em mandá-los passear mas às vezes há aquelas pequenas coisas...

"Bom dia, Professora.
Junto envio o meu trabalho de avaliação.
Desejo-lhe boas mini-férias, bom carnaval e melhores felicidades.
Muito obrigada pelo seu esforço e pela sua boa vontade e boa disposição perante nós, estudantes.
Com os melhores cumprimentos,"

fulana de tal


(não , não sou professora, mas dou aulas há muitos anos - é um complemento, uma actividade secundária, digamos assim)

2/13/2009

O que se pode dizer que outros não tenham dito antes?

(e muito melhor do que nós...)

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Little darling
It's been a long cold lonely winter
Little darling
It feels like years since it's been here

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Little darling
The smiles returning to the faces
Little darling
I seems like years since it's been here

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes

Little darling
I feel that ice is slowly melting
Little darling
It seems like years since it's been clear

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right
Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun
It's all right
It's all right

The Beatles (no mui frutífero ano de 69)

2/11/2009

A taberneira está de trombas

Tenho três postas iniciadas e disponibilidade zero para as terminar. A miúda esteve quatro dias sem pregar olho e eu idem idem aspas aspas. Estou com trabalho em atraso até à orelhas e só me apetece fugir. Estou zangada com o mundo e em particular com a PT, duas espécies de entidades patronais (não sei que outro nome lhes dar, aliás o termo "técnico" é "clientes" dos quais eu sou "fornecedora" - extraordinário!!!), o Ministério das Finanças, a Segurança Social, o Estado Português, o Estado em que esta Merda se Encontra e até (talvez devesse dizer "e sobretudo") comigo própria. Neste momento sinto que não há sequer uma alminha no mundo inteiro com quem possa contar de verdade. Portanto, meus amigos, é clicar na ligação seguinte que este tasco está fechado para balanço.



O que não quer dizer que não reabra amanhã.

2/08/2009

Diz que os inúmeros e incontáveis já degustavam outro repasto

e a bem dizer, também eu.

Fui ver. No frigorífico, a coisa não está famosa. Leite, iogurtes e uns queijitos. Ovos nada. O resto está no congelador mas lá ficará. Legumes vários que até transformaria numa ratatouille se alguém os descascasse e cortasse em rodelas, que o meu tempo escasseia, para não dizer que ruge. A acompanhar com um belo coucous que se faria quase sozinho... Mas tudo não passa de um exercício de imaginação. Assim sendo, e por que vos prezo, subtilizei a imagem aqui e deixo-vo-la (que lindo!) para alimentar os vossos sonhos mais palatais. Quanto a mim, fico-me pelas tostas com os ditos queijitos e à espera de melhores dias...

2/03/2009

A Minha Própria CCI

Começo por desde já repor a legitimidade: quis roubar a rubrica à Carlota e para a coisa não ficar logo escarrapachada no título encontrei esta 'solução': arranjar uma sigla que disfarçasse um pouco o meu acto de usurpação. Para os ínúmeros e incontáveis que eventualmente tenham resolvido prosseguir na leitura desta já de nascença enjeitada posta aqui fica o título por extenso: A Minha Própria Colecção de Coisas Irritantes.

E vou já avisando que são aos montes. Herdei do meu querido pai o feitio sagitariano cruzado de neurótico o que deu como resultado que sou de facto uma mecinha muito irritadiça. Tudo me irrita. Irrita-me tanta coisa que às vezes até me irrita este meu irritar tão rápido. Tão lesto, tão pronto a manifestar-se ao mínimo factor irritógeno. O que, diga-se, é algo que abunda neste nosso sonso e pacato paraíso à beira-mar plantado. O que é dificil é passar mais que uns instantes sem nos irritarmos, a não ser que estejamos a dormir. E mesmo assim, é sabido que existem dúzias de coisas que podem irritar o nosso sono: moscas, melgas e mosquitos, vizinhos barulhentos, digestões difíceis e filhos em crise. Mas acordados dificilmente deixamos de nos irritar. É que coisas irritantes não faltam à nossa volta. Eu até defendo a teoria que Portugal se devia virar para esta indústria e esquecer o turismo. Deixem lá isso para os países onde faz mesmo bom tempo. O clima tuga é apenas um mito. Dediquem-se antes a aperfeiçoar essa grande especialidade nacional que consiste em ser particularmente irritantes, irritadiços e profissionais do irritanço. Trabalhem em prol do desenvolvimento dos ícones irritógenos que irei apresentar em seguida. Descubram ou inventem outros. É um sector inesgotável. Verão que há poucos locais como o nosso querido país capazes de reunir num espaço tão diminuto como, por exemplo, a cidade de Lisboa, tanto objecto, hábito, comportamento, mobiliário urbanístico ou outros itens da mais variada natureza tão profundamente irritante ou susceptível de provocar irritação directa ou indirectamente.
Ontem durante a tarde tive a ocasião de me deparar com vários, já que fui a um local onde eles existem em grande número: um centro comercial. Começando pelas escadas rolantes. Há poucos fenómenos tão bizarros como o comportamento de um português diante de uma escada rolante. E, no entanto, há mais de duas décadas que elas foram implantadas em Portugal. Duas gerações, pelo menos, já nasceram com elas. Outras duas, ou até três, aprenderam - ou deviam ter aprendido - a conviver com este apetrecho típico das cidades contemporâneas. Como nos filmes de Hollywood, qualquer semelhança entre elas e um elevador é mera coincidência. Ou pelo menos, deveria ser. Elas até trazem uns sinais quanto a mim facilmente descodificáveis que nos informam do seguinte: Estacione à direita; circule pela esquerda. Onde se lê 'circule' deverá ler-se 'suba' ou 'desça', já que estas escadas costumam ser a direito, sendo que circular se torna algo complicado; mas esta realidade já existe no código de estrada e não parece causar tanta interpretação errónea. À falta de rotundas, há um certo número de pessoas que consegue perceber o que esta mensagem significa. E não estacionar sistematicamente em segunda fila, que, por sinal, no caso em questão, é a única pela qual se poderia circular. Pois até ao dia de hoje não encontrei uma alminha neste país que se comportasse em condições numa escada rolante. E não é só num centro comercial, o qual, poderiam os inúmeros e incontáveis argumentar, sendo um templo do consumo não é compatível com a situação de pressa. Quando o cidadão tuga se depara com uma escada rolante, seja lá onde for, mesmo que seja no metropolitano a trinta segundos da partida do último comboio, chega, estaca e ali fica. E se uma pessoa quer subir ou descer, que é para isso que elas servem, isto é, para nos ajudar a fazê-lo com mais celeridade e não para o fazerem por nós, já que para isso existem os elevadores, que muitas vezes se encontram no mesmíssimo espaço, se uma pessoa quiser, digo, subir ou descer, tem de zigzaguear nos poucos espaços deixados vagos, pedir mil vez com licença, e ainda ser fustigado com mil olhares de rávia, ódio, escárnio e maldizer como quem diz, olha esta malcriadona a querer passar à frente de toda a gente!!!
Mas prossigamos nesta incursão à montra de coisas irritantes que se podem encontrar num local aparentemente tão inócuo como um centro comercial. Nas casas-de-banho em geral, temos direito a mais duas: a primeira, assim que chegamos à torneira e a abrimos. Chamam-lhe inteligente. Inteligente como? Por que carga de água?!! Só se for daquela que iremos gastar quer queiramos quer não! Pois se aquela trampa deixa de correr quando estamos prestes a desaparecer sob a intensa espuma produzida pelo sabonete líquido que cheira a pastilha elástica obrigando-nos a carregar de novo com toda a força e com as mãos terrivelmente escorregadias, mas depois de eliminado o dito sabonete, aquilo parece comporta de barragem em dia de cheia e continua a deitar água suficiente para encher várias garrafas de litro e meio!

Depois, secar as mãos. Mas onde terão ido parar aqueles maravilhosos rolos de toalha de pano imaculadamento brancas que desapareciam à medida que os usávamos e que asseguravam o carácter ecológico dos nossos lavabos públicos? Eu até compreendo que já não se usem toalhetes de papel - o que, em última instância, seria preferível, já que o papel higiénico acaba por ser utilizado no seu lugar, mas como se desfaz facilmente gasta-se provavelmente muito mais sendo que depois vai para a sanita e não para o cesto - agora existirá alguma criatura com mais de catorze anos que realmente goste daqueles secadores automáticos? Que além de barulhentos, gastam energia e não secam coisa nenhuma a não ser que estejamos dispostos a passar ali o resto da tarde?

Saído para a rua em busca de um pouco de paz encontramos logo outro item desta colecção virtualmente infinita: os passeios. Mas quem raio se terá lembrado de não os fazer suficientemente largos para aqueles grupos de pessoas que decidem ocupá-los por completo? Por que razão obscura não terão eles todos pelo menos quatro metros de largura e corredor de escoamento para chatas como eu?

Um objecto que definitivamente, para ser autorizado, deveria ser sujeito a uma vistoria por uma entidade independente ou então, como os seus congéneres, à obtenção de uma licença de uso e porte de arma, são os guarda-chuvas, vulgo chapéus-de-chuva. Para já, onde terão ido buscar este nome? Toda a gente sabe que um chapéu é um objecto que se usa em cima da cabeça. E mesmo a palavra guarda, está bem, pois da forma como muitas pessoas o usam, está-se mesmo a ver o motivo: "En garde", grita o objecto que trazem ameaçadoramente espetado na nossa direcção como quem dissesse "E se não te pões a pau, eu chego-te" (Like american say: if you don't put you a stick, I'll arrive you"). Embora 'chegar' seja pouco mais que um eufemismo. Trespassar seria um termo mais adequado. Quanto à terminação 'chuva', enfim, releva da mais óbvia falta de observação. Guarda-distâncias, sim faz todo o sentido. Agora guarda-chuva? Para guardar a chuva, os dito-cujos deveriam apresentar-se ao contrário, de outro modo, como fazer? Pois se ela lhes escorrega por cima?!!

(continua)
(assim como a série das Sopeiras, para gáudio de um(a) certo(a) anónimo(a) que me brindou com uns mimos e que faço questão de presentear com mais uma das minhas incontornáveis postas, assim como um lugar especial no pódio da Minha Própria CCI)