12/26/2008

E mais estes...

O Natal foi ontem, mas estes 'presentes' já estavam em marcha desde o início de Novembro, de modos que aqui estão os restantes premiados com o bendito dardo... Onde é que eu ia, mesmo?

Carlota, o teu bom gosto e sentido estético são um bálsamo para os olhos e não só. Cuidas do teu tasco com o carinho com que um jardineiro trata do seu jardim e foste capaz de o tornar num must. Sei que arranjarás um recanto jeitoso para colocar este dardo que te dou.

Sinapse, tenho saudades de te ler e de ver com mais frequência por aí (e por aqui!). És uma mulher cosmopolita e possuis alma de repórter. Tens sempre algo de interessante para dizer/contar e fotos lindas ou peculiares para partilhar. Segue um dardo direitinho para os States...

Allo, Cool, minha contemporânea. És a confirmação da qualidade desta safra (69). Admiro-te porque consegues ter três filhas, manter o nível de actividade, divertir-te qb e ainda estar sempre em cima do acontecimento. És uma mulher atenta, do teu tempo e tens sempre uma ligação html para dar a conhecer à malta. Contigo, a blogosfera é um livro aberto.

Flores, o teu Frald(i)ário é um dos registos mais honestos e lúcidos da chamada 'babyblogosfera'. 'Conheço-te' há relativamente pouco tempo mas gosto de ti. Mais, és das minhas, minha!

Aenima, minha menina. Sinto-te muito murchinha. Gostava de reencontrar a Aenima mordaz e acutilante de tempos não assim assim tão recuados. Volta, amiguinha.

Shark, a mais recente aquisição aqui do tasco. Contigo, nem houve tempo para estranhezas. Entranhei-te logo. És dos (muito poucos, mesmo) que visito incondicionalmente assim que posso carregar noutra ligação para além do email. As cabras do teu curral são também das minhas, mas já receberam o prémio, bem merecido, por sinal. Serve, ao que parece, o Dardos" para, entre outras coisas, ampliar os nossos horizontes na imensa blogosfera e sendo assim, reiterar o galardão não faz sentido. Além disso, tenho um fraquinho por tubarões meigos. ( E, aqui entre nós, estou desconfiada que fomos irmãos numa encarnação anterior...).

Havia mais gente que eu gostaria de contemplar com este prémio (e ainda três dardos a atribuir, segundo as regras do dito, ler nota de 'rodapé') mas não o farei. Uma das candidatas abandonou o blog há cerca de dois meses e nem sabe que sou cliente do tasco dela. Tenho pena de a ter descoberto tardiamente mas vou espreitando e se ela voltar dar-lhe ei um dos dardos que sobra. Outra é ainda demasiado recente e não me sinto em pé de igualdade com ela, uma vez que eu sei quem ela é mas ela ignora totalmente quem eu seja. Enquanto a 'igualdade' não for reposta parece-me desadequado premiá-la. Embora, lá está, também o mereça. Outra(o)s já 'desertaram a blogosfera há mais tempo. Mencionei-os na posta anterior e só me resta desejar que 2009 seja o ano do seu regresso pois fazem muita falta por aqui. Há uns tempos, li por aí que "esta é a verdadeira comunidade". Infelizmente já acreditei mais nisso que neste preciso instante, mas pode ser que volte a senti-lo...

"Until then, good night" (e bom ano, se não nos virmos antes)

Notinha de rodapé:

Regulamento do Prémio Dardos

"Com o Prémio Dardos reconhecem-se os valores que cada bloguer emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras, entre suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloguers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.
As regras para receber o prémio:
1) Exibir a imagem do selo;
2) Linkar o blog pelo qual recebeu a indicação;
3) Escolher 15 outros blogs a quem entregar o Prémio Dardos;
4) E avisar todos, claro!"

(Bute lá então...)

12/19/2008

... And the nominees are...




Pois é, inúmeros e incontáveis! A vossa Calamity é como a justiça divina: tarda mas não falha. E como nesta altura do campeonato já devo ser a ú nic(ltim)a premiada da blogosfera a não ter ainda redistribuído os dardos, vou finalmente acabar com o suspense - já houve tempos em que a estratégia rendia, já... - e tratar de passar a batata quente. E digo batata quente porque teria sido muito mais fácil arranjar 15 premiados-15 no 'meu' tempo, ou seja, quando os inúmeros e incontáveis mantinham (regularmente) os seus tascos e era eu que andava desaparecida em combates inglórios pelo mundo real. Dias em que a Azulinha, a Horas Vagas, a Repolha, o Anjo, a Chiqui, andavam no activo. Em que o Melão e a Aenima postavam com frequência que se visse. Em que a CK era visitada e comentada com a afluência que merece. Mas enfim, as coisas são como são, e, como diz o poeta e eu li há umas semanas (quando escrevi esta posta) no tasco da Frenética "Outra maré cheia virá da maré vaza...", pelo menos a malta tem de acreditar que assim é, caso contrário andamos a bater com a cabeça nas paredes, o que não é bom para as ditas que já não se fazem como antigamente e hoje em dia desmoronam por tudo e por nada. Com coisinhas poucas como simples cabeçadas...
Vamos então a eles, aos prémios, que já se faz tarde e o tempo ruge, como dizia o outro, e além disso os meus 17 leitores, que é como diz, os inúmeros e incontáveis, querem seguir para a próxima paragem, que é como quem diz o próximo link html.

Se há alguém por quem vale a pena continuar aqui - acho até que postaria só por ela, assim como deixaria a blogosfera no dia em que ela fosse embora, esse alguém é a Estrelinha. Sobre ela disse um dia: (...) "Uma das pontinhas fazia-se sentir à distância, mas a presença dela era tão, mas tão forte que sinto desde então que ela sempre esteve lá. Até hoje, n ão lhe senti a consistência do abraço, mas conheço-lhe a composição da matéria. Verdadeira poeira de estrela. Luz capaz de trespassar a distância e a escuridão." (...) O primeiro dardo é teu, minha querida.

Uma pessoa que me põe frequentemente a pensar e me suscita postas a torto e a direito é sem dúvida a Frenética (muito embora me sinta algo abandonada por ela nos últimos tempos, chuifff...). Aqui vai o teu dardo, Fren. És das pessoas mais sensatas da 'minha blogosfera', embora te autointitules frenética. Para mim és um modelo de estabilidade. És simples, sincera e sensível. Três esses na tua esssência, amiga. (E não te linco por que sei que não o desejas...)

Loira, não podias faltar às nomeações. Como eu, nem sempre és muito constante por aqui, mas há postas tuas que compensam as mais longas ausências. És frontal, directa, mas também emotiva, madura e divertida. És também uma verdadeira amiga em que se pode confiar e com quem se pode contar, o que hoje em dia é uma raridade, tanto na vida real como na virtual. E adoro-te.

CK, tens andado muito arredada aqui do antro da Calamitosa e que posso eu dizer-te?! Fazes-me falta, gaija. Os teus tomates bem no sítio, o teu comentário certeiro, o teu sentido de humor fazem parte da 'minha blogosfera' quase desde o início e sem dúvida que isto sem ti perde pelo menos 3/4 da piada. E acho-te um tanto murchinha... Será que o casamento te modificou? Ou é da crise? Gostaria de te ver/sentir mais feliz :-) Foste tu, aliás, que me rebaptizaste Calamitosa. E que adoptaste o meu 'rachtaparta' no teu linguajar... Toca a arrebitar, amiga!

E quem diz CK, diz Melão, já que foi através dela que conheci este fruto... Que posso dizer-te, rapaz, que não tenha já tre-dito na tua própria caixa? És a sensibilidade humana em forma de blog. Gosto mesmo de ti, de quem és. A tua essência transparece em cada palavra, em cada posta tua e transcende em muito a blogosfera. És daqueles que nos fazem sentir que vale a pena andar por aqui. Também tenho sentido a tua falta...

Pitucha, a tua escrita é sem dúvida uma das revelações que este mundinho me trouxe. 'Invejo' o teu poder de síntese e revejo-me (tanto!) na tua impaciência perante os condutores moles. Ora aí está algo que eu eliminaria de bom grado das ruas da cidade e das estradas públicas. Não lhes tirava a carta mas limitava a sua circulação aos caminhos particulares...

(to be continued)

12/11/2008

"A mãe deixou cair o jantar e depois chorou"

O mês de Dezembro é particularmente stressante. Além da confusão natalícia, à qual, diga-se de passagem, nem sequer me associo muito, há os aniversários dos dois calamitosos e o meu, para além dos dias muito curtos, frios e chuvosos que me deixam especialmente em baixo e/ou irritadiça. Depois, o maldito trânsito. Ir a Campo de Ourique (o que faço quase todos os dias) nesta altura do ano é um verdadeiro suplício para quem tenha de deslocar-se de automóvel (o que é o meu caso) e o queira fazer com relativa rapidez (sem dúvida eu, embora de todo impossível).
Os condutores natalícios são uma raça que devia ser exterminada. Conseguem ser vinte vezes mais exasperantes do que o pior dos condutores de domingo, incluindo aqueles de chapéu, os que passaram a manhã toda a polir a viatura que por sua vez dormiu a semana inteira escrupulosamente coberta por um oleado de corpo inteiro... Adiante. Odeio o bulício naftalino, detesto esta azáfama histérico-consumista, abomino as filas para estacionar, desestacionar, pagar uma merda de um pacote de manteiga num qualquer supermercado, a música de natal no Centro Comercial das Amoreiras, o povinho embasbacado frente às montras, acotovelando-se nas lojas chinesas para conseguir as pechinchas mais parecidas com artigos de griffe. Entro em descompensação quando ouço na TV aquelas cantilenas intermináveis em torno do mesmo hipnótico assunto: compre, compre, compre. Dois pelo preço de um, três pelo preço de quatro, meia-dúzia porque o prazo acaba já amanhã mas isso não interessa nada, o que é preciso é consumir, a malta tem é de gastar dinheiro, que é o que nos faz sentir vivos, ah pois é, mesmo que se chegue a casa duas horas depois do previsto e com tudo por fazer, cozinha num esterco, jantar por inventar, à beira de um ataque de nervos e com os putos numa excitação incontrolável.
Pois foi mesmo assim que a vossa Calamity alcançou o doce lar ontem à noite, quer dizer, pouco passava das 19h00 e não vinha das compras, vinha sim, de tentar passar incólume por todo o delírio à minha volta e até tinha conseguido contornar a necessidade de ir ao supermercado e enfrentar dez pessoas em cada caixa por duas simples postas de peixe, porque tinha trazido de casa dos meus pais uma bela posta de bacalhau já assada, posta essa que pretendia desfazer para cima de um refogado de cebola, azeite e alho, ao qual iria acrescentar uns espinafres e umas batatas que já estavam cozinhados no frigorífico. Uma magnífica meia-desfeita, pois então, que ia ficar pronta num instantinho, não obstante o verdadeiro pânico em que se encontrava a cozinha e o estado da minha filha que se assemelhava a um gremlin provindo de Marte (que, toda a gente sabe, é o planeta de onde vêm os homens e também o nome do deus da guerra na mitologia romana e mais não digo).
Pespego então com a catraia na sala em frente ao abençoado VHS dos Três Porquinhos que conservei religiosamente de uma cria para a outra, despacho a loiça suja e os balcões à velocidade da luz e começo a confeccionar o petisco cerca das 19h30, enquanto dizia de mim para comigo que, finalmente, this is the day, vou conseguir dar banho e de comer a esta criatura às horas que preconizo e antes das nove da noite estará no segundo sono ou eu não me chame Calamity Jane.

Pois bem, a verdade é que não me chamo Calamity Jane (e desde já, as minhas mais sentidas desculpas a todos os inúmeros e incontaveis que neste momento estão inconsoláveis com esta terrível revelação).
A cebola em meias-luas já dourava na frigideira, acompanhada do alho e eu debatia-me com o dilema de querer saltear ligeiramente as batatas antes de colocar as lascas de bacalhau, mas de, ao mesmo tempo, precisar de aproveitar a gordura do bacalhau para que o resto não pegasse e enquanto me ponho colocar umas e outras de forma estratégica para conseguir todos os meus intentos de forma concertada, eis se não quando deixo escapar uma ridícula partículo do precioso peixe para sobre o imaculado fogão

( e antes que me chamais a atenção para a aparente contradição entre o que estou a afirmar agora e o facto de ter alegado que a cozinha se encontrava em risco de ser chumbada pela ASAE, direi em minha defesa que, efectivamente, o fogão era a única superfície da divisão que parecia um espelho de tão limpo - agora já não é o caso, mas enfim, já ides perceber...)

e, obsessiva como sou e tenho mais é que admitir, resolvo - ó atrasada mental!!! - apanhar a referida migalha para a colocar de novo na dita-cuja frigideira que, na delicada manobra, escorrega e, tal pão de pobre já devidamente amanteigado, e confirmando definitiva e inequivocamente a famigerada Lei de Murphy, se estatela toda junta no meio do chão, óbvia e totalmente virada para o lado de baixo, arruinando sem dó nem piedade o almejado e já cheiroso jantar e com ele a minha alma em cacos.

Podeis rir, inúmeros e incontáveis, mas eu chorei. Sentei-me no chão (nojento) da cozinha e solucei como um bebé. E veio o meu menino consolar-me e oferecer-me a sua ajuda, que recusei. Amoroso, usando todos os ternos argumentos que coleccionou em quase onze anos de existência com as respectivas crises para me colocar de novo um sorriso nos lábios. E veio a minha menina e era nítida a sua aflição com a mãe chorosa. "O que tens mãe, o que foi? Porque estás a chorar?" E vieram ambos com rolos e rolos de papel higiénico nas mãos, querendo absorver com ele toda a tristeza do universo (e tê-lo-iam feito, não duvido, fá-lo-ão com toda a certeza). "Não faz mal, mãe, já passou"...

E claro que passou. Claro que se arranjou jantar. Claro que ficou óptimo e toda a gente se deliciou (pronto, a quantidade já não foi tão abundante, mas ninguém ficou com fome). Claro que se limpou o chão e as lágrimas. Claro que a MiniCalamity se deitou já depois das nove. Com mimos, história e duas chuchas, como todas as noites. E claro que hoje de manhã lhe custou a acordar embora não tanto como eu esperava.

E, enquanto tomávamos ambas o pequeno-almoço à mesa da cozinha, o filme da véspera veio à tona. Afinal, uma história simples de contar, nas palavras de uma menina, sem adjectivos nem floreados:

"A mãe deixou cair o jantar e depois chorou"...

Palavras para quê?

Votem, divulguem, participem. Não é nada convosco? Think again...

12/02/2008

Inocência minicalamitosa

Mini CJ (da cozinha) : - Ó mãe?!
Calamity (da casa-de-banho) : - Diz, filha.
Mini CJ: - Tás a fazê cócó?
Calamity: - Estou sim, filha.
Mini CJ: - Espera aí que eu vou limpar-te o rabinho...

11/27/2008

De pequenino... ou neoneocalamitices

Calamity (da sala para a cozinha): - Mini CJ?! O que estás a fazer?
Mini CJ: - ....
Calamity: - Mini CJ?...
Mini CJ: - ....
Calamity: - Mini CJ, o que estás a fazer, estás a comer?
Mini CJ: - Não...
Calamity: - Então, Mini CJ, o que estás a fazer?
Mini CJ: - Tou a fazê asneiras...

11/26/2008

Ainda não são as nomeações mas paciência que elas vêm a caminho

Lembra-me o blogger-tubarão que ontem foi Dia Internacional pela Eliminação da violência contra as Mulheres e, embora pense que este é um assunto do qual deveríamos falar todos os dias, assim como da violência contra todos os seres - pelo menos enquanto esta não for totalmente erradicada -, fico com vontade de partilhar com os inúmeros e incontáveis uma posta ou melhor, meia-posta, que 'roubei' a um tasco que partilho com outras comensais. Quer dizer, trata-se de um roubo tipo Margarida Rebelo Pinto. Mas não é um autoplágio, já que me autocito e deixo as referências. Ao menos na blogosfera posso fazer o que quiser com as minhas postas, à diferença do que sucede em certos meios onde determinados meninos e meninas - não sei que outro nome lhes pôr - se acham no direito de dispor dos meus textos como bem entendem, retendo-os indefinidamente nas suas gavetas, impedindo-os de ver a luz que toda a palavra escrita merece e a mim de receber do meu trabalho o respectivo fruto mas isso são outros quinhentos sobre os quais noutra altura e quiçá noutro local se falará. E a vocês, inúmeros e incontáveis em geral, não caberá a carapuça, digo eu de que porque a bem dizer nunca se sabe quem anda por aí. Se porventura o recadinho tocar alguma campaínha, pois que a Calamity é boa mecinha e está (ainda) aberta ao diálogo até ao dia em que resolver de facto dar aos respectivos textos o caminho que lhes pertence e que definitivamente não é a escuridão nem o esquecimento. Pois já estou crescidinha para castigos sobretudo por parte de quem nem sabe o que significa ser pai ou mãe e muito menos depender do número de páginas publicadas para obter ou não obter o sustento da família, i.e, viver sujeito à arbitrariedade dos humores alheios. Enfim, tudo isto para dizer que como sou dona dos meus textos, publico-os onde bem entender. E sem mais demoras aqui fica a meia-posta que há tempos deixei ao molho no tasco das comadres. E desculpem-me os inúmeros e incontáveis que porventura já tivessem tropeçado na dita posta no supracitado tasco.

(...) apeteceu-me falar-vos da minha amiga Maria. Maria é nome fictício, não que alguém a fosse reconhecer se eu pussesse aqui o nome dela mas enfim, será talvez deformação profissional.

A Maria talvez ficasse espantada se passasse por aqui e percebesse que eu não engoli a história que ela me contou quando eu -ingénua! - lhe perguntei o motivo pelo qual tinha uma nódoa negra no osso da bochecha e outra no bíceps do lado oposto (fora as outras, as que não vi e as que não mencionei). Que o meu coração se apertou e ficou pequenininho à medida que acenava e fingia estar a visualizá-la descalça a escorregar no chão molhado da cozinha e a cair NAQUELA posição. Contra todas as leis da física. E o quanto me doeu perceber que ela insistia na versão coxa dos acontecimentos, acrescentando pormenores que a tornavam de todo inconcebível - é que, apesar de pouco provável é possível dar de trombas numa porta semi-aberta, assim como é possível cair-nos uma prateira de livros em cima ou levarmos com o espelho do retrovisor lateral esquerdo de um automóvel em cheio na sobrancelha direita como me aconteceu há uns anos. Mas, e desculpa-me, Maria, não entra na cabeça de ninguém que tenhas caído para a frente nas circunstâncias que referiste. Porém, tenho sobretudo é de pedir-te desculpa pela MINHA falta de frontalidade pois fui incapaz de te confrontar. Eu sei que o momento não era adequado, porque havia mais gente à volta, mas devia, eu sei, ter-te chamado à razão, devia, eu sei, ter trazido o assunto de novo à baila assim que me apanhasse sozinha contigo, dar-te a ocasião de falar, de desabafar, embora esteja cá desconfiada que não o irias fazer.
Logo tu, a mulher independente, liberta e forte que és. Logo tu, que nunca precisaste de um homem para nada. Logo tu, que estás a anos-luz dele em termos intelectuais, culturais, espirituais e até mesmo financeiros. Logo tu, que és dona da casa onde ELE mora. Que és mãe da filha em quem ele se acha no direito de mandar. Que ele se acha no direito de castrar, obrigando-a comer, forçando-a a fazê-lo em silêncio, tal como certamente o fizeram com ele quando era miúdo, tornando-o no tipo retrógrado, limitado e agressivo que é hoje.
Não irias dizer-me a verdade porque isso seria dar-me razão. Porque sabes o que penso, não que to tenha dito. Porque me dirias o mesmo e por muito menos. Sem nunca admitir. Dizendo que ele é sim senhora um gajo por vezes bruto mas nunca levantaria um dedo para te magoar a ti ou a ela, pois se ele até é tão porreiro que até tem o jantar pronto quando chegas a casa mais tarde.
Quero que saibas, gostaria que soubesses que podes fraquejar ao pé de mim. Que podes chorar, berrar. Que escusas de afixar essa felicidade falsa. Que não precisas de falar sem parar para que não sobre espaço nem tempo para o que dói, para o que realmente interessa, para o que verdadeiramente importa. Que não te irei condenar nem achar menos de ti. Embora continue a achar que não precisas disso. E tu sabe-lo tão bem. Difícil é só dar o primeiro passo. E tu sabe-lo tão bem...

11/18/2008

Aviso à navegação que é como quem diz: os prémios hão de sair quando o sol fizer a sua parte

Ando para aqui a escrever postas e postas e mais postas. Vão de um mail para o outro, olho para elas e deixo-as estar. Postas sem tempêro é melhor mantê-las onde pertencem: no congelador. Apetece-me mas não me apetece. Tédio. Pudesse o ser humano hibernar...
Desde que na semana passada apaguei sem querer o texto em que reenviava os dardos para a blogosfera fiquei sem ânimo para o reescrever. Aliás, a irritação foi tanta que ainda postei a insultar o universo. Depois retirei. A língua portuguesa é parca em palavrões e desfiá-los todos não alivia coisa nenhuma. Claro que por morrer uma posta antes de dar à costa não se afunda o navio - que rica alegoria, hã? Com direito a rima rasca e tudo! -, porém estou como o tempo: sem chuva, mas o sol não chega para aquecer.

11/11/2008

A Calamity bota discurso ou Esta cena da blogosfera

é mesmo estranha! Às vezes parece uma metáfora da própria vida... Há uns tempos atrás, atingi um pico da audiência. Nunca tinha ousado imaginar tantos inúmeros e incontáveis como os que chegaram a andar por aqui nessa altura. Apareciam, acotovelavam-se para ser os primeiros a entrar, a comentar. E eu, ufana, pois tá claro, sem tempo para cuidar do estaminé para mudar as toalhas às mesas, garantir que as bejecas estavam estupidamente frescas e essas coisas que um dono de tasco orgulhoso da sua clientela gosta de assegurar. Quase que só conseguia botar posta uma vez por semana, embora andasse constantemente a postar por dentro: no banho, no autocarro, na fila do supermercado. E sofria por não conseguir estar à altura do monstro que eu própria tinha criado. E em mim crescia uma ternura verdadeira, palpável, pelos inúmeros e incontáveis.

Entretanto consegui terminar com um dos grandes entraves. Algo que me estava a prender, a estrangular. Que me impedia de estar presente em casa, de acompanhar de forma adequada o crescimento da Mini-calamity, de me aperceber que o Calamitoso júnior estava prestes a entrar no armário. Que me excluía das trocas infindáveis de galhardetes nas caixas de comentários e até do meu próprio tasco.
Mas quando consegui 'regressar' (e as aspas devem-se ao facto de sentir que, na verdade, não regressei, pois regressar é voltar ao mesmo sítio e eu sinto que aterrei noutro lugar), as coisas tinham mudado. Muitos dos inúmeros e incontáveis tinham desertado os seus tascos. Outros estavam agora nos respectivos da mesma forma que eu tinha estado durante os tempos de presença ausente a que me referia inicialmente. Outros ainda tinham deixado de frequentar a casa. Não vou mentir e dizer que só faz falta quem cá está. Não faz o meu género. Tenho saudades de quem deixou de aparecer. De quem fechou as portas e de quem, não as tendo fechado, já não conto entre os inúmeros. Já por várias vezes pensei em abrir falência. E se não o fiz, foi por dois motivos. Primeiro porque ainda restam meia-dúzia de inúmeros e incontáveis de quem muito gosto e sou assim uma espécie de cão: incapaz de me afastar daqueles que me demonstram afeição e me alimentam. Depois porque não sei se saberia o que fazer sem isto. Onde escreveria eu? Seria eu capaz de voltar aos bloquinhos e caderninhos, condenados à perenidade das gavetas?

E eis se não quando a Madalena - que é das inúmeras e incontáveis recentes mais preciosas - me brinda com um dardo. Tantos prémios já vi serem distribuidos por essa blogosfera e nunca me tinha sido atribuída tal distinção. E, digo-o sem falsa modéstia, já houve tempos em que teria sido mais merecido. Quando releio certas postas de há dois anos e até um ano atrás, acho que estava tão mais lá! Receio por vezes não voltar a atingir o mesmo ponto. Porque levo esta merda a sério, embora possa não parecer. A escrita é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Só os meus filhos lhe conseguem fazer sombra. Ela é como uma amante cruel e doce ao mesmo tempo. Como um gato que só vem sentar-se ao meu colo quando eu não a chamo. A paixão que sinto por ela nunca se esgota, mesmo quando me maltrata. Sofro por ela, mesmo quando se esquece de mim. E ela, manhosa como poucas, percebeu que estou agora mais disponível para ela e escapa-se-me entre os dedos, escorregadia como sabonete na banheira.

Dos prémios que regularmente são outorgados por essa tascofera, o dardos agrada-me especialmente. Como sagitariana que sou sempre me dediquei à actividade dos centauros: mirar, atirar e fazer por acertar (para além de galopar por montes e vales, é claro). Nem sempre consigo mas vou atirando sempre. Por vezes de forma dispersa, atabalhoada. Por tudo isto, sinto-me deveras honrada. E retribuo o prémio, porque a Madalena é uma mulher extraordinária. Sensível, dedicada a uma causa e persistente. É cá das minhas. Sei que quem aceita o prémio deve indicar uma lista de nomeados. Vou tratar disso e, breve breve... I'll be back!!!
Obrigada Madalena!

11/10/2008

É que é isso mesmo!

Leio o Shark há pouco tempo e ainda há menos tempo que ele sabe que o leio. Mas vejo-o assim como um tubarão com alma da golfinho. Duvido que seja capaz de morder quem quer que seja. Contudo, pelo pouco que sei, entendo que não é peixe que alinhe em cardumes e não confunde sardinhas com carapaus (muito menos se estes forem de corrida). Serve este pequena introdução para contextualizar a posta que li lá no charco e com a qual me identifiquei a 200%. Fala sobre uma série de atitudes que tenho observado na blogosfera e sobre as quais tenho pensado com alguma frequência, embora ainda não me tivesse dado para bota postadura sobre elas.

A primeira diz respeito à chamada moderação de comentários, seja lá a forma escolhida pelo 'dono do tasco'.
"A moderação de comentários é a forma híbrida de assumir uma caixa. Sim senhores, podem botar faladura mas como há quem se estique e porque manda quem pode só é publicado o que se quer, após aprovação dos donos da casa.
É assim que a coisa me soa e tresanda a lápis azul, qualquer que seja o malabarismo encontrado para o pintar de outra forma."

Pois bem, eu entendo que por vezes somos confrontados com autênticas manifestações de ódio nas ditas-cujas caixas, mas em casos extremos o 'dono do tasco' pode sempre eliminar o comentário. Sempre me pareceu que quem proteje demasiado o seu espaço dá ao ladrão a sugestão de que ali dentro deve haver coisas muito valiosas. Nunca me assaltaram em dias em que me esqueci de trancar as portas... Assim, excesso de segurança como a seca do reconhecimento de caracteres irrita-me sobremaneira (By the way, ó Manel, não tenho comentado lá no tasco por causa disso! Vê lá se tiras essa coisa! ;-).

Outra abordagem cada vez mais em voga é a eliminação pura e simples das caixas, algo que igualmente contraria a minha versão pessoal mas transmissível do que um blogue representa, mas que pelo menos é frontal na intenção de quem a adopta. Estou aqui para me oferecer ao mundo mas dispenso a sua retribuição, obrigado.

Pois eu também acho pena quando é assim. Por mais qualidade que tenha o que estou a ler - e muitas vezes é o caso - um blog unilateral dá-me a sensação incómoda de que os hipotéticos leitores não são considerados dignos de dar o seu feedback. A mim esta atitude parece-me desvirtuar a essência do blog que é a possibilidade de estabelecer um diálogo, seja qual for a temática abordada.

Outro aspecto frisado pelo Shark diz respeito às pessoas que, sendo comentadas, não respondem.
Sinto esta postura exactamente assim, arrogante e malcriada.

Os inúmeros e incontáveis sabem que raramente respondo directamente ao comentário na própria caixa. Mas sabem também que tento sempre retribuir a visita, sobretudo se se tratar de visitante novo, já que quem é da casa está à vontade para ir à cozinha e servir-se mas quem não merece que lhe façam as honras da dita. Isto da blogosfera é como na vida: se eu vou à tua casa também gosto que vás à minha. Se sou sempre eu a deslocar-me e tu não te dás ao trabalho de sair do teu reino, acabarei por cansar-me e deixarei de te visitar. Mesmo que me recebas bem. Por isso, acrescento à posta do Shark: quanto a mim não basta que o 'dono do tasco' me responda lá no espaço dele. Em última instância se me derem à escolha prefiro ser visitada. Daí ter optado aqui no tasco por esta fórmula em detrimento da resposta directa, já que a minha vida não é só isto - e a das outras pessoas também não, embora me aperceba de que há pessoas que parecem não fazer outra coisa... Mas isso são outros quinhentos...

11/07/2008

O Manuel e a Besta

O Manuel é jornalista. A Besta (que em tempos já foi bestial) também. Sonharam um dia mudar o mundo. Fazendo a sua parte. Dando o seu contributo, de palavras feito. Palavras que servissem para denunciar as injustiças. Para aproximar os povos. Para ajudar a erradicar a pobreza e a ignorância. Para estimular os sonhadores a levarem os sonhos a bom porto. Palavras que, no fundo, seriam uma declinação daqueles valores que tinham herdado dos seus pais, que, por sua vez os haviam sorvido das Luzes. Coisas que hoje parecem estranhamente destituídas de sentido: Liberdade, Igualdade, Fraternidade... Palavras que rimam mas talvez já não sejam verdade. O Manuel e a Besta ingressaram um dia na profissão. A pouco e pouco foram-se apercebendo que estavam cada vez mais isolados. Não que tenham deixado de sonhar. Mas muitas vezes sentem-se a falar sozinhos. A remar contra a maré. Como é duro ser um tarefeiro da palavra escrita, escrevendo a metro quando se tem a alma cheia de palavras outras, destituídas de valor-moeda!
O Manuel quer continuar a sonhar. Por isso abriu o Manuel do Jornalismo. A Besta (que em tempos já foi bestial) juntou-se-lhe. No tasco deles todos podem mandar o seu bitaite. No tasco deles não há lápis azul. E há sempre uma posta em branco por escrever. Para quem ainda sonha com um mundo diferente, em que o jornalismo seja, de facto uma profissão contra a indiferença e não, como nos andam a querer fazer acreditar, uma profissão amorfa e sentada.

11/04/2008

Pergunta de retórica

Quem é que está a financiar a campanha de euh...(como é que se chamará aquilo? Só uma palavra me ocorre... digo? Não digo? Pronto, lá vai e seja o que deus nosso senhor quiser...) masturbação do governo (vulgo 'autoregozijo' pelo dito sucesso do pugrama Novas Oportunidades) que enche metade dos mupis de Lisboa?

11/03/2008

O lápis azul ataca de novo


Julgavam os inúmeros e incontáveis viver em democracia?
Imaginavam que o facto de andarmos todos para aqui a mandar bitaites mais ou menos quando e como queremos e nos apetece significava liberdade de expressão?
Que o lápis azul era coisa dos tempos da outra senhora? Ou que esta e aquele, se calhar, como até já se ouviu dizer por aí, à semelhança do holocausto, nunca existiram e foram apenas uma invenção de desordeiros mal-intencionados, desses que em vez de trabalhar para a coesão nacional preferem semear a discórdia e a má língua?
Pois bem, receio ter de os contrariar, senhores. O lápis azul está de volta, bem afiado e em grande estilo. Já há uns tempos que não ouvíamos falar nele - bom, mas isso não é de admirar. Não é essa precisamente uma das características do dito? Morde pela calada, por assim dizer. Embora de vez em quando cheguem até nós ecos da sua sobrevivência, firme e hirto, como dizia o outro - Desde que, há um ano e tal, aquela directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho foi exonerada do cargo por não ter mandado retirar o tal cartaz que dizia mal do tal ministro que entretanto foi destituído mas não foi nada porque o país inteiro estava contra ele, foi porque o senhor tinha umas questões pessoais para resolver e até tinha já pedido ao nosso primeiro... enfim, isso agora não interessa nada! Um mês antes tinha sido o professor da anedota. (Cuidado, inúmeros e incontáveis. Cuidado. Não leiam em voz alta uma piadinha que anda aí a circular na net sobre nosso primeiro e o computador que tem nome de circum-navegador. Se a receberem não a repassem! Depois não digam que não vos avisei!) Agora é a enfermeira da linha 24. Atreveu-se a escrever uma carta à ministra que por acaso até tutela lá o sítio onde ela trabalha. Um local onde, diga-se de passagem, "quase todos" os 360 funcionários (ao serviço do Ministério da Saúde, recorde-se) estão a recibos verdes, mas claro está, trata-se tão-somente de uma insignificante coincidência. Dizia eu que a tal da enfermeira teve o desplante, vejam lá, de tornar públicas as suas (e as de mais oito supervisoras, as maganas!) preocupações com aquilo que elas tiveram o distinto descaramento de classificar como um "caos organizativo"! Como se qualquer organismo tutelado pelo Estado pudesse aproximar-se sequer de uma ligeira desarrumação passageira. Claro que vai ser despedida! Obviamente demitida! Onde é que já se viu?
Inúmeros e incontáveis, quem vos avisa, vossa amiga é: mantenham-se bem caladinhos. Aliás, devo dizer que até estou surpreendida que estas notícias tenham vindo a lume. O comportamento da maioria dos meus colegas, outrora camaradas - para quem possa ignorá-lo, ainda há muito poucos anos, quando entrávamos pelas primeiras vezes numa redacção, éramos de imediato advertidos que não deveríamos tratar os companheiros de profissão por colegas; "colegas são as putas", rezava a velha máxima que iniciara escribas ao longo dos anos da ditadura - cada vez menos difere do das avestruzes. Não é preciso fazer um desenho, pois não?
Aliás, a política na redacções - e na maior parte dos outros locais de trabalho - é cada vez mais uma espécie de lápis azul incluso. Não mexer na merda, porque cheira mal. Porque suja as mãos. Porque temos emprego. Porque não temos - mais uma razão, pois então! - Trabalhamos a recibos verdes e receamos pelo nosso futuro e pelo dos nossos filhos. Os tais que ainda não nasceram, nem sabemos se os iremos trazer a este mundo estragado. Mas foram os outros que estragaram, por isso nós não vamos mexer. Vamos ficar aqui bem caladinhos. A fazer o que nos mandam, pois pagam-nos para isto. É um favor que nos fazem, como toda a gente sabe: pagarem-nos para trabalharmos, pois há quem pague para poder fazê-lo. Temos sorte, não? E então? Ainda vamos provocar? Não senhor. Vamos mas é ficar sossegadinhos no nosso canto, que isto não é nada connosco. Tá tudo tão bem, tão calminho.
Hoje não precisamos de lápis azul. Temos recibos verdes. O lápis azul já vem programado nos nossos cérebros. Escrevemos o que nos mandam e não vamos mais além. O lápis azul são as teclas que nunca digitaremos. Pois se ninguém nos pediu nada. Por que diabo o faríamos? Fiquemos quietos e caladinhos. E tenhamos cuidado com o que lemos, dizemos e ouvimos. Façamo-lo em surdina. Acautelemo-nos também com os blogues, esses antros de pouca-vergonha, asseguremo-nos do seu total e absoluto anonimato e congratulemo-nos por a administração ainda ser (relativamente) anafanética (aproveitemos pois este espacinho e prevariquemos o mais javardamente possível, à boa maneira de um recluso em dia de precária, que a ilusão de liberdade dura pouco mas dá uma tesão do caraças!), pois breve breve, estaremos a responder no DIAP pelas nossas postas mais atrevidas. E quiçá pelas outras também...

PS (Salvo seja!!): Em breve, novidades...

10/30/2008

Lido algures na imensa blogosfera

"A história recente de Portugal é um filme italiano"


comentário de anónimo in Atlântico

10/27/2008

O grande engodo


Tenho a mania, entre muitas outras, de querer comer coisas saudáveis, seja lá o que isso queira dizer. Faz-me impressão a quantidade de merdas que misturam naquilo que nos impingem e que nós alegremente compramos, consumimos e damos a consumir aos nossos filhos. Já há tempos, aliás, fiz aqui uma posta sobre o assunto. Falava sobretudo de 'E's, esses entes misteriosos sob os quais pode estar disfarçada a substância mais inócua do mercado ou o mais prejudicial veneno sem que, a maior das vezes, a maior parte dos fregueses se apercebam, já que imagino que, além da minha obsessiva pessoa, só deve haver outros dezassete consumidores em Portugal a percorrer paranoicamente as listas de ingredientes nos supermercados, acabando por deixar para trás 95% dos produtos novos que surgem e chamam de tempos a tempos a tempos a minha atenção.
Já o tinha dito e repito, pois não consigo, por mais que tente, compreender, como é que pessoas que dizem preocupar-se com o que ingerem, acabam por levar gato por lebre, nomeadamente quando acham que estão a comprar um magnífico pão integral, cheio de cereais e fibras, e enriquecido com sementes, mas se esquecem de constatar que o dito pão se acha igualmente enriquecido com meia-dúzia de aditivos químicos dos quais pelo menos dois são comprovadamente cancerígenos. Aliás, muito se poderia discorrer aqui só sobre o pão. Alguém já se apercebeu, por exemplo, que existe à venda uma broa de milho provinda de uma entidade que à partida nos mereceria total credibilidade chamada "Museu do Pão" (sede: Seia, Serra da Estrela) e que mesmo esta não é isenta de aditivos, vulgo merdas que misturam na farinha, no fermento e sei lá mais o quê para aquela porra durar mais tempo ou lá o que é, como se a broa não durasse naturalmente uma semana e até mais caso se guarde no frigoríco e/ou se torre em fatias finas??? E ninguém diz nada?

Sim, eu também "aderi" à "moda" dos produtos naturais, aliás, nisto como noutras coisas, já lá andava antes de a maior parte das pessoas se ter dado conta da sua existência, desculpem os inúmeros e incontáveis a falta de modéstia, mas as verdades são para serem ditas. Só que tentei fazer a coisa como deve ser e como sou imensamente paranóica e obsessiva - sim, eu sei, já o tinha dito anteriormente, mas o assegurar-nos constantemente de que deixámos as torneiras fechadas faz parte da nossa doença, não sei se os inúmeros e incontáveis conhecem - dizia eu pois que, como sou imensamente paranóica e obsessiva, passei nessa altura a ler tudo o que era rótulo e a assegurar-me da composição dos alimentos e até de outras coisas, mas isso não vem agora ao caso. O importante e trágico é que progressivamente fui eliminando produtos da despensa, frigorífico e sobretudo da alimentação diária. A coisa piorou um pouco quando o meu filho nasceu, e como já vai fazer onze anos, podem os inúmeros e incontáveis comprovar que o que digo é deveras verdade, ou seja, ainda nem bem se sonhava neste país que os ditos produtos naturais se tornariam uma coisa muito in e já eu frequentava os celeiros da vida e me tinha apercebido do quanto isto pode ser enganador e, além de enganador, paradoxal. Pois não andou o ser humano a "evoluir" durante tanto tempo a fim de conseguir produzir mais e mais barato, de conseguir fazer com que a riqueza chegasse a mais e mais gente e a um preço mais acessível, a inventar formas de conservar os alimentos para que durassem mais e com eles as suas qualidades nutritivas, a reproduzir artificialmente qualidades naturais para que chegássemos a esta espantosa realidade: se eu hoje quiser um alimento natural, tal qual era consumido no tempo dos meus avós, tenho de pagar bem mais caro por ele do que se o consumir cheínho de produtos químicos ou a saber a plástico, porque há uma lei qualquer para a qual eu não votei que diz que o mesmo tem de ser embalado numa porra de uma embalagem que lhe altera as características além de ser antiecológico, mas isso já são outros quinhentos e se vocês ainda tiverem pachorra outro dia faço uma posta sobre o assunto.

Dei por mim a pensar nisto e em muitas outras coisas enquanto percorria os corredores de um recém-inaugurado espaço comercial especializado em agricultura biológica. Tudo muito bom, mesmo muito. Leite propriamente dito, mugido da vaca que pastou erva pura, sem pesticidas. Só por isso tenho de pagar duas vezes e meia o preço da coisa geneticamente modificada e artificialmente manipulada. Pão sem quatrocentos e e trinta e cinco 'E's. (Sim, inúmeros e incontáveis, ide comprar o vosso pão ao Pingo Doce e lede a etiqueta. E depois, se quiserdes, continuai a comê-lo e a dá-lo de comer aos vossos filhos. Eu cá sou maluquinha mas prefiro comprá-lo na padaria ou na tal loja e imaginar que ele vem um pouquinho que seja mais limpo...). Mais 50% de aéreos. Fruta e legumes que cheiram ao mesmo que aqueles que colho nos pomares alentejanos onde por vezes tenho o privilégio de poder fazê-lo (Arrotar mais 30 a 150% dos aéreos em relação aos mesmos frutos e legumes inodoros, congelados quando ainda não estavam maduros e que vão apodrecer sem nunca terem passado pela fase do comestivel). Não garanto a pureza a cem por cento, mas como fazê-lo? Não estão os lençóis freáticos, as águas, os caudais contaminados? Mas quando os produtos são preparados, como o pão de que falava mais acima , pelo menos não lhes foram acrescentadas substâncias que dão por nomes enigmáticos como 'intensificador de sabor' ou 'regulador de acidez'. Lá em casa, a hortelã, o coentro e o sumo de limão acrescentados na hora ainda conseguem intensificar o sabor e regular a acidez de qualquer alimento...

Mas francamente, que chateia à brava, chateia. Comprar a minha manteiga sem sal ( e branquinha..., como veio ao mundo) e ter de pagar mais dez a vinte cêntimos do que se levasse a sua congénere salgada. Ou chegar à farmácia querendo comprar um produto contra os piolhos - pois é verdade, inúmeros e incontáveis, eles andem aí, mais fortes, mais invasores do que nunca!!!, preparando-se para um ano escolar em grande e para contribuir para a riqueza da indústria farmacêutica em peso (aliás, pergunto a mim própria se não serão estes que "fabricam" estas pragas todos os outonos...) - e dar com uma loção nova que apregoa o seguinte: "SEM NEUROTÓXICOS". E logo ao lado, não se fosse dar o caso de eu não ter percebido: "NO NEUROTOXICS". Sim senhor. É assim que ao fim de cinco anos a lutar desenfreadamente contra esta bicharada fico a saber o que andei a colocar repetidamente na cabeça do meu filho! FODA-SE! ESTES GAJOS ESTÃO A GOZAR COM QUEM??? Portanto eu pago vinte euros por um frasco de uma tanga qualquer cujo efeito vai durar 15 dias, que vai pôr o puto aos berros e a chorar, e ao fim de quinze dias vou lá buscar mais porque entretanto ele foi re-infestado e estou a pespegar-lhe com uma droga que lhe está a causar danos cerebrais e nem sequer sou informada???
Mais, para quem ainda não saiba: gelatina é bom, não? Pois é. Faz crescer as unhas e o cabelo, não é? Pois é. Mas não é aquela que vos vendem. Essa é feita à base de farinha DE CARNE DE PORCO. Procurem nos ingredientes. Só a gelatina vegetal é saudável e essa só é vendida em determinados sítios.
Mais. Cornetto de Morango e Perna de Pau. É bom, não é? Pesquisem lá que 'E's são aqueles. Dois deles são cancerígenos. Porque é que ainda estão no mercado? Vocês sabem? Eu não.

Exijam da porra do governo e da rachtaparta da ASAE, já agora, que foi para isso que os puseram lá, se é que alguém ainda se lembra, que nos esclareçam sobre as merdas que andamos a comprar e a dar aos nossos filhos. Que venenos são estes que são permitidos/tolerados pelas autoridades?


E já agora, se tiverem estômago, dediquem lá 20 minutos das vossas vidas a ver isto. Mas vejam mesmo. Aprende-se mais do que em três anos de blogosfera. Se precisarem, existe uma versão traduzida e legendada em Português que está bastante fiel ao original. Divulguem. Mostrem aos nossos filhos. É que, apesar de tudo, pode ser que ainda haja saída. Afinal, andamos aqui para alguma coisa ou só para alimentar este gigantesco engodo?




Ah, é verdade: com 1/2 copo de vinagre dá-se cabo da piolhada... Ah, pois é!!! É vê-los, senhoria, a tombar na banheira, que nem tordos, clamando por misericórdia!... O preço? Uma agradável surpresa!...

PS: Só para terminar, e depois prometo que não vos empato mais, não percam esta brilhante crónica do RAP. Eu própria não o teria dito melhor (heheheh)...

Tal qual outra droga qualquer

Ao princípio é a loucura. Vive-se a coisa intensamente. Respira-se por ela. Quer-se a toda a hora. E ela paga-nos da mesma moeda. Compensa-nos. Preenche-nos. Dá sentido à vida. Faz-nos esquecer toda a merda em volta. Faz-nos achar que vale a pena.

Depois... depois vem o choque da realidade. Afinal vai tudo dar ao mesmo. Tudo a mesma tanga. O grande vôo deu em grande estatelanço. Demos com os cornos no chão e nem sabemos bem quando é que deixou de ser o que era. De que falo? Da coca? Do sexo desenfreado? Do grupinho dos "amigos"? Da blogosfera?

E será que importa verdadeiramente? Só mudam as moscas, mesmo...

(Lembro-me repetidamente dos versos do Sérgio Godinho: "Depois do primeiro assombro logo o corpo fica farto"...)

10/23/2008

Triste mundo este em que vivemos

Goste-se dele ou não.
Tenha o homem plagiado o 'Equador' ou não tenha.
Irrite-nos ou não quando se sai com aqueles disparates sobre criancinhas em restaurantes ou querer continuar a fumar-nos para cima no café da esquina e ainda achar que tem razão.
Tenha-se ou não paciência para o seu humor cliclotímico...

... só pessoas muito maldosas e que não fazem a mínima ideia do que é escrever podem congratular-se com o que aconteceu ao MST.

Quanto à "eminência intelectual" que se saiu com aquela pérola do pensamento contemporâneo, que bem faria em ir ler livros, dos que correspondam à sua definição, e deixar a blogosfera, já tão sobrepovoada, em paz e sossego...

Experimentei os fones

... mas não resultou!!! Ela não descansou enquanto não conseguiu que eu os tirasse! Gesticulou até conseguir a minha atenção. Retirei-os fingindo-me surpeendida e voltei a colocá-los. Passado um bocado torna a fazer-me muitos sinais. Que estava a tamborilar com os dedos na mesa. Se eu tivesse dito alguma coisa quando anteontem ela largou 147 vezes um abre-papéis de metal compacto em cima da mesa de madeira maciça...
Há dias, depois de me interromper consecutivamente durante duas horas e meia, teve o desplante de me "mandar calar" porque se queria concentrar numa determinada tarefa. Continuo a rir-me para ela mas não sei até quando.



estou realmente mudada

10/17/2008

Da amizade e do amor

A amizade é uma forma de amor.
O amor precisa de ser regado diariamente com uma boa dose de amizade.

... E se tantas vezes esquecemos a primeira da segunda então raramente nos lembramos...

10/15/2008

Metafísica para todos

MiniCalamity, 2 anos e 10 meses:

- Mãe, quem está ássuiiar?
- Quem está o quê, filha?
- Á- ssu - iár!
- Quem está a assobiar?
- Sim!
- São os passarinhos, filha
- Os passarinhos?! Estão a cantar?
- Sim, estão a cantar.
- É música!!! (expressão de quem acabou de ter a revelação divina)


Calamitoso Júnior, 10 anos e 10 meses:

- Mãe, sabes qual é o sentido da vida?
- (glup) euh... eu não, filho, e tu, sabes?
- Eu não, mãe, mas o D e o N sabem.
- Sabem, então qual é?
- Eles não souberam explicar.

10/14/2008

Luas

Eh pá não me chateiem que eu hoje mordo!

PS: Estou a falar com o resto do mundo. Inúmeros e incontáveis são sempre bem vindos ao tasco...

10/10/2008

Nem de propósito

Chegamos à escola ligeiramente atrasadas. A turma já se prepara para ir dar uma voltinha pelo pátio e fazer um pouco de "ginástica" ao ar livre. Mantenho-lhe o casaco vestido. O S. vem logo ter comigo e pede-me ajuda para vestir o dele. Não sei porquê é assim desde o início. Devo ter cara de mãe de todos. Já quando o Calamitoso Júnior andava na infantil, os coleguinhas andavam sempre de minha volta. Enfim. Visto o casaco ao S. e a MiniCalamity já vai pela mão dele de um lado e o D do outro. Logo atrás deles outros dois meninos manifestam a sua alegria de viver pespegando um enorme chocho na boca um do outro. E riem-se, deliciados. Ninguém viu, a não ser eu. Ninguém (ainda) para lhes meter minhocas nas cabecinhas frescas e saudáveis. E dou por mim a pensar: o homem nasce livre e com capacidade de amar ilimitada e incondicional. E o preconceito? De onde virá???

(Notícias das 14h00: O parlamento acaba de chumbar os casamentos de homosexuais. Triste país este. Triste partido este que dá pelo nome de socialista. O mesmo que levou este assunto a campanha como se se tratasse de algo crucial para a nação e que agora impõe esta palhaçada de disciplina de voto aos seus lacaios. Curiosamente tinha esta posta guardada desde ontem. Sendo assim, nem de propósito, inúmeros e incontáveis, já que não há, definitivamente, nada como realmente...)

(lembro-me com alguma frequência daquele genial primeiro álbum de Gabriel o Pensador: "O preconceito é uma coisa sem sentido/Tire a burrice do peito e me dê ouvidos...")

(tentei linkar notícias mas o blogger não deixou. Será que tb é homofóbico?)

É bom mudar de vez em quando mas há 39 dias que levo com isto!!!

Ela fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala. Ininterruptamente, como um rio já próximo da foz que nunca mais acaba de se atirar para o oceano. Fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala naquela voz portentosa que se impõe acima de todos os outros sons e não permite a mais ninguém prosseguir (muito menos iniciar!) quaisquer conversas, quer sejam presenciais ou telefónicas. Aliás, não acredito que não se aperceba de que estas - as conversas - pré-existiam às suas quase sempre inconvenientes e constantes interrupções, já que ainda por cima se trata habitualmente de temas adjacentes (sendo que o termo 'adjacente' é pouco mais do que um eufemismo) sobrepondo-se a assuntos de trabalho. Para mais é algo venenosa embora não me pareça má pessoa. Mas julga-se no direito de se meter onde não é chamada, nomeadamente nos afazeres dos outros sendo que, se porventura consegue levar os dela avante, será certamente um milagre. E fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala fala. Fala tanto que em meia-hora da sua ausência consigo produzir mais que numa manhã inteira debaixo do bombardeamento cerrado do seu linguajar incessante.

10/03/2008

Enquanto fazia o meu reiki

todos os pássaros da cidade se juntaram lá fora para darem um concerto e transformaram o quintal num jardim...

10/01/2008

Neo Calamitices (2 anos e 10 meses)

A minha filha é uma deslumbrada. De manhã quando saímos para a escola leva dez minutos a extasiar-se perante todos os cães, gatos, bebés, "sehois" e "senhoias", pedras da calçada, carros ("os carros fazem muito dói-dói!"), motas, contentores do lixo ou quaisquer outros objectos ou seres vivos que possamos encontrar pelo caminho. A palavra de ordem é "Olha mãe, um ..... (preencher com a palavra adequada)tão liiiindo!!!". Se se tratar de um cão ou gato (por algum motivo eu os coloquei ali acima à frente de todos os outros), de imediato a pergunta dispara: "Posso fazer festinhas, posso?". Se for bebé nem pergunta. Quase que trepa pelo carrinho adentro.
O fascínio pelas coisas simples da vida é tão grande que, no outro dia, depois de ter presenteado o bacio com um imponente cagalhão, chamou-me triunfante:
"Olha, mãe, que cocó tão liiiiindo!!!"

As conversas mais interessantes decorrem no carro onde se entretém a declinar o seu recém-descoberto manancial de questões existenciais. Monólogos nos quais demonstra um raciocínio lógico a toda a prova.

"Ó mãe, é de dia, agora, é de dia, não é de noite"

"Mãe, esta escola é muito gira, posso lá ir? (A escola nova dela)

Finalmente os nossos impagáveis diálogos

- Mãe, ê qué i pa casa da Paula...
- Porquê, filha, o que é que há em casa da Paula?
- Tá lá a Paula!


Eu (ainda) furiosa ao volante do carro depois de um trajecto de 5 minutos a descarregar as minhas contrariedades para cima das criaturas (períodos curtos mas durante os quais o Calamitoso Júnior já aprendeu à sua custa que o melhor é permanecer calado até o balão esvaziar) :
- Sou uma palhaça, eu,é o que é!
Ergue-se uma vozinha lá de trás:
- Ó mãe eu sou uma palhaça!..

9/23/2008

Olha que giro!!! A vossa Calamity tem uma missão grandiosa




Your Life Path Number is 11



Your purpose in life is to inspire others



Your amazing energy draws people to you, and you give them great insight in return.

You hold a great amount of power over others, without even trying.

You have the makings of an inventor, artist, religious leader, or prophet.



In love, you are sensitive and passionate. You connect with your partner on a very deep level.



You have great abilities, but you are often way too critical of yourself.

You don't fit in - and instead of celebrating your differences, you dwell on them.

You have high expectations of yourself. But sometimes you set them too high and don't achieve anything.

9/22/2008

À falta de tempo para falar no tempo que passa,


falemos do tempo que faz...




Já que o dito-cujo irreparabile fugit e antes que me lance aqui num dos meus proverbiais devaneios que vão daqui aos 30 mil caracteres em duas horas e meia e quando dou por mim já é hora de almoço e os afazeres ficaram por cumprir, falemos então de coisas mais comezinhas, aquilo a que se costuma chamar de conversa de circunstância. Pois que falar do tempo tem até muito que se diga, ao contrário do que debita habitualmente o enfadonho senso-comum.


Lembram-me pois o calendário e o google que hoje é 22 de setembro, data em que principia a poética estação do ano pintada de dourado e escarlate


(escarlete, como dizia um brilhante chefe de redacção que tive em tempos mas lá estou eu a deixar-me desviar, rachtaparta a miúda que não há meio de se cingir aos factos, assim não te safas e os inúmeros e incontáveis vão-se embora, tu escreve o que eu te digo, depois não digas que não te avisei!!!).


As imagens que se encontram no já referido motor de busca são algo repetidas, pecam por ser bem mais bonitas em tamanho reduzido do que depois de devolvidas às dimensões originais, mas mesmo assim não resisto a surripar algumas para decorar o tasco. Já os sites meteos, weathers e afins, andam a prever chuva há três dias mas ainda ontem a vossa calamitosa apanhava cadelinhas numa praia próxima de Lisboa, enfiada dentro de água até ao pescoço... De tanto bombar, o sol rompia o denso nevoeiro e a temperatura do mar competia com paragens próximas do equador.

No pequeno quintal das traseiras, o jasmim que irrompe vindo da propriedade ao lado e que trepa parede do prédio acima como se disso dependesse a própria continuação da vida na Terra parece não se importar com datas marcadas. Já andava a ameaçar há dias e entre sábado e hoje confirmou as minhas suspeitas: floresce. Assim como o astro rei eclode entre as nuvens que, diga-se, apenas lá estão porque alguém lhes disse que todos os meteorologistas do burgo e arredores a haviam previsto. Ali a três metros, no quintal, esqueceram-se de regular os ponteiros e é primavera. No rádio, apesar das águas várias que a animadora de serviço apregoa repetidamente, a música pensa de outra forma. Diz que é verão e quem sou eu para a contradizer? Pois se até os meus poros concordam...


PS: E eis senão quando a própria animadora portadora do molhado oráculo meteorológico muda o discurso: anuncia para breve um remake daquela mítica e incontornavelmente ensolarada série das nossas infâncias/adolescências (excepção para aquelas criaturas inclassificáveis que nasceram nos anos 80), chamada... 'Verão Azul'! Comé, inúmeros e incontáveis? Eu não dizia???
Qual outono, qual quê?

9/18/2008

Perfumismo passivo, flagelo dos nossos dias

De há uns anos para cá tem-se falado muito em tabagismo passivo e pessoalmente acho muito bem que se chame a atenção de todos para este problema que tantos males causa e que é frequentemente (convenientemente) ignorado por pais, adultos em geral e por 'adolecentes inconcientes' que vêem na atitude de fumar na última fila do autocarro uma postura de rebeldia capaz de despoletar nos seus pares reacções do género: "Uau! És muita bom (boa)! Desafias a autoridade! Cá pra mim és o mais popular do burgo. Vou já propor a um agente cinematográfico que sejas convidado para protagonizar a próxima série teen do Disney Channel! " (ou da TVI, o que deve ir dar mais ou menos no mesmo...).
Sim, o tabagismo passivo é uma praga que deve ser combatida e, se me perguntam o que penso da nova lei, tenho de dizer que acho muito bem (aliás, se não me perguntam digo na mesma...). Quero ser eu a decidir quantos cigarros fumo por dia, a que horas os fumo e de que marca são.

Mas hoje gostaria de chamar a vossa atenção para outro flagelo que tem sido sistematicamente ignorado pelas autoridades competentes e que, no meu entender ,deveria ser combatido energicamente. Falo do perfumismo passivo. Sim, porque se todos sabemos que os cigarros dos outros causam anualmente centenas de milhares de cancros do pulmão e doenças respiratórias a nível mundial em cidadãos inocentes, inclusivamente em crianças, já a dimensão dos danos causados pelo perfumismo passivo é (que eu saiba) totalmente desconhecida. Os inúmeros e incontáveis devem com certeza conhecer o fenómeno a que me refiro: falo daquelas pessoas que tomam literalmente banho em perfume, obrigando quem quer que se aproxime a respirar os odores por elas (abudantemente) exalados, às vezes mesmo fazendo os demais - atrever-me ia a dizê-lo - correr perigo de vida. É verdade, há substâncias cancerígenas, estimulantes/depressoras do sistema nervoso central, anorexígenas, algumas chegam mesmo a ser alucinogénicas, outras ainda hipnóticas ou psicotrópicas, e, para mais, se a poluição atmosférica é crime, não se percebe por que motivo não são estas pessoas autuadas. Aliás, tendo em conta que, no nosso país, são sempre os indivíduos (de preferências om parcos recursos) a desembolsar coimas e multas para encher os cofres do Estado enquanto as grandes empresas prosseguem incólumes as suas actividades ilícitas - frequentemente causando catástrofes ambientais -, não compreendo que lógica preside a este aparente vazio legal (deve haver uma clausulazita da legislação que contemple este aspecto, mas infelizmente não sou jurista e quase que aposto que dificilmente daria por ela). Finalmente, e estou certa que os meus inúmeros e incontáveis me acompanham nesta minha posição, a regra do livre-arbítrio também significa que somos todos livres de nos drogarmos com as substâncias por nós escolhidas e que também podemos preferir não o fazer às oito da manhã...

Por tudo isto o meu apelo de hoje dirige-se à ASAE e à população em geral: combatamos o perfumismo passivo. O perfumismo passivo é um dos grandes males que assolam a sociedade contemporânea. Abaixo o perfumismo passivo. Todos à massiva distribuição de sabonetes neutros que irá decorrer em data a anunciar num centro urbano próximo de si. Assinem as petições à EPAL contra os cortes no abastecimento e à Assembleia da República visando tornar os mesmos inconstitucionais. Façam desta luta A NOSSA LUTA.

9/16/2008

Muito obrigada

às meninas que gentilmente me deram dicas sobre onde achar botas rasas, mas actualmente não preciso. Era só um exemplo...
Em relação aos soutiens sem acrescentos, pois que andava numa de os comprar na C&A (passe a publicidade) pois além da questão das almofadinhas que dispenso, tenho mais umas esquisitices:
1) é das poucas lojas que costuma ter copas C;
2) é das pouquíssimas que pratica preços digamos simpáticos;
3) é das absolutamente raras que os tem com armações suportáveis - leia-se: com as quais não me sinto metida dentro de um espartilho
4) é a única que, desde que a DIM deixou de ter soutiens sem as ditas-cujas armações, vende soutiens que conseguem reunir as condições acima descritas, ser minimamente giros (alguns) e ainda segurar as mamas sem as transformar em algo parecido com as meias de desporto do meu filho depois de enroladas e dobradas por ele.

Sou chata? Difícil? Ainda não assistiram ao meu calvário para comprar umas calças de ganga... E, muito francamente, até que não sou mal feitinha de todo. Talvez o problema resida precisamente nesse facto.

9/12/2008

Publicidade Enganosa

Se há uma coisa que me enerva quando preciso de alguma peça de roupa nova é a ditadura da moda. Não é que não haja ondas que me agradem, pelo contrário. Este ano várias, até. As túnicas ou vestidos curtos com calças justas. As saias e vestidos esvoaçantes. Os roxos e violetas (aos anos que os uso!). E fora da indústria têxtil: A música portuguesa. A música brasileira. O yoga. As preocupações ambientais. A comida vegetariana. Tudo coisas que não deviam ser questão de estarmos em ano par ou ímpar, mas enfim, lá estou eu a desviar-me, rachtaparta a rapariga...

Mas dizia eu que se há coisa que me irrita solenemente é andar à procura de umas botas rasas e só as encontrar com salto. Ou que queiram à força que eu use sapatos bicudos. Eu gostava de sapatos bicudos em 1988! Quando grande parte destas gaiatas ainda mal tinham sido desfraldadas. Agora não quero, muito obrigada.
Lembro-me de ter uns 13 anos e de perder tardes inteiras à procura de umas calças pretas normais, porque nesse ano todas, mas rigorosamente todas as lojas as vendiam cheias de frenicoques. E, dada a minha provecta idade, falo de uma épocas quase quase pré-histórica em que havia meia-dúzia de lojecas em toda a Lisboa e em que as Zaras e Berskas ainda nem sequer existiam nos sonhos mais depravados dos seus criadores então ainda solitários espermatozóides saltitando ansiosamente de testículo para testículo na esperança de serem seleccionados. Imaginávamos então que a abertura à ora chamada CEE - pronuncie-se 'cêiéié' - iria proporcionar-nos maior liberdade de escolha. Como nos enganávamos!!! A globalização significa literalmente podermos optar entre montanhas globais de fardas todas rigorosamente iguaizinhas umas às outras, não vá alguma ovelha ranhosa desviar-se da rota para nós traçada pelos conselheiros económicos do pós-guerra.

O meu drama actual diz respeito ao peito. Ao meu, que eu cá não me incomodam nada as mamas alheias. Não sou despeitada a bem dizer. Mas também não sou sobredotada. E, se querem saber, embora não imponha o meu ponto de vista a ninguém, não acho grande piada a mamilos que chegam ao destino meia-hora antes da sua orgulhosa proprietária. Eh pá, não tenho vocação para Pamela Anderson de marés vivas mequinhas, prontos. Nem tenho que ter. Não sou propriamente nenhuma Dolly Parton (fónix!!!) nem sequer Sofia Loren (embora não me importasse de ficar parecida com ela daqui por uns setentas anos...) mas estou feliz com o que a natureza me proporcionou em termos peitorais e não me sinto puto frustrada!!! (Aliás a minha vasta experiência e longa biografia têm comprovado que não tenho grandes motivos para tal. As ditas-cujas estão bem e recomendam-se e o livro de reclamações está deveras invicto...)

Por que raio então estão a indústria de lingerie e o comércio da dita em peso decididos a aumentar-me as mamocas de um número? Porquê, mas por que sou eu obrigada a usar um soutien com enchumaços? Será que não compreendem? Eu não quero fazer publicidade enganosa e ainda não tenho frio! Mas se tiver prefiro vestir uma camisola quentinha.

De modos que convido todas as inúmeras e incontáveis e também os gaijos que achem que estamos muito bem com os belos seios que deus nos deu a juntar-se a mim no MCCFSCE (Movimento Contra a Compra Forçada de Soutiens com Enchumaços). Que é simultaneamente um movimento a favor da transparência na comunicação não verbal e contra a publicidade enganosa a qual, recordo-vos, é punida por lei.

(E já agora esclareço quem pudesse eventualmente levantar a hipótese que esta posta tivesse algo a ver com uma certa personagem da tascofera que afirmou publicamente "precisar renovar o stock de cuecas" que não foi rigorosamente o caso. É que calhou - vá-se lá saber por que coincidências misteriosas do destino - eu estar precisamente a precisar de renovar o stock de soutiens e ter passado um bom par de horas num enorme centro comercial à procura saindo de mãos à abanar. Mau. Eu disse "de mãos". Ainda não chegámos a esse ponto, por isso deixem-se lá de maldades...)

8/01/2008

telegramazinho

Muitas e muitas saudades deste e dos vossos tascos e sobretudo vossas, ó inúmeros e incontáveis. Infelizmente sem computador há quase dois meses e com reduzidíssimas possiblidades de aceder a máquinas alheias que não seja única e exclusivamente para trabalhar - e quão pouco me apetece fazê-lo!!!

Mas estou viva (and kicking!) e voltarei assim que conseguir alcançar o já próximo yet deveras duro de roer turning point que marcará esta complexa revolução em curso na minha existência, que é como quem diz, assim que conseguir desatar a grandessíssima baralhada em que anda a puta da minha vida. Tenho dito

Até jazzzzzz

ah! e definitivamente onde se está mêêêmo bem é numa praia que eu cá sei....

7/15/2008

A propósito dos "distúrbios da Quinta da Fonte"

e do inenarrável 'Opinião Pública' a que assisti ontem à tarde na SIC - Notícias, quero avisar que à próxima vez que ouvir uma frase começada pelas palavras "Eu não sou racista mas" não respondo por mim.
Cada vez tenho mais a certeza de que vivemos em retrocesso acelerado.


e desculpem os inúmeros e incontáveis - provavelmente em vias de extinção - mas a vida vai torta, jamais se endireita e não consigo mesmo actualizar este tasco...

6/20/2008

Chuias

Que existe um bófia frustrado em inúmeros portugas, eu já sabia. Tipos que deviam ter aproveitado quando bastava ter "mais de 18 anos e a 4ª classe" para fazer parte "do corpo da GNR". Ou da PSP. Ou da Guarda Fiscal. Ou do raio que os parta. Não são suficientemente velhos para terem sido chibos no tempo da outra senhora ou foram-no e não conseguem habituar-se a viver na era pós-25 de Abril porque precisam como de pão para boca de controlar a vida dos outros, sobretudo com o intuito doentio de os apanharem em falso, seja lá o que isso possa querer significar na sua mente torcida. Até há algum tempo, julgava eu que a categoria 'polícia de trânsito' era exclusiva dos homens de meia-idade. Constato esta semana que me enganava. Também as há mulheres. E piores que eles, pois se os primeiros gostam de se colocar 'a jeito' a verificar se sabemos mesmo fazer uma manobra como eles - ou melhor, na esperança mal disfarçada de que deixemos o carro ir abaixo ou que demos uma porrada bem assente nos automóveis vizinhos - mas raramente nos abordam a não ser para se armarem em arrumadores/instrutores de condução ("destroce, destroce, destroce, vira tudo!!!"), já elas ficam a ver e se temos o desplante de nos aproximar demasiado do carro da frente - que, por sinal, e pelo que me apercebo, é sempre delas - rosnam, ladram, ameaçam e só falta virem bater-nos muito embora nada, rigorosamente nada tenha acontecido ao seu(?) mui precioso veículo. Mulherzinhas feias, frustradas e desocupadas, não perdem uma ocasião para destilarem veneno há (decerto) muito acumulado. Como bófia já é feminino, a designação que lhes atribuo é chuias. Pobres chuias. Da telenovela do indefectível Aguinaldo, tiro a resposta para elas: "Fazendo o favor de se retirar, sua desinfeliz!!!"

A parte 2 do cap. I segue já, já a seguir...

6/08/2008

Capítulo 1 - S. Paulo

Eu ia avisada. De que S. Paulo não era a mais bonita das cidades brasileiras. Que era grande de mais, confusa de mais, poluída. Quente de mais quando está calor, fria de mais quando está frio. Como se alguém pudesse acreditar que pudesse alguma vez estar frio nalgum canto do Brasil.

(Tem uma certa piada, esta expressão: "canto do Brasil": um país tão gigantesco terá lá cantos, para além dos musicais? E lembrou-me logo aquela música de uma telenovela dos velhos tempos, em que elas, as telenovelas, davam a horas em que as conseguíamos ver, a horas certas em que as conseguíamos gravar se porventura não estivéssemos em casa, do modo que as conseguíamos seguir... mas a música, a tal, rezava assim: "Isto aqui ohoh é um cantinho de Brasil yaya, desse Brasil que canta e é feliz - feliz - FELIZ!!!"... e por aí afora. Por acaso acho que até não era 'cantinho', mas sim 'pouquinho', mas como diz a outra "isso agora não interessa nada, menina!". Bom, adiante)
Então eu ia avisada mas as 36 horas passadas em S. Paulo foram, como vos dizia há dias, enormes e deliciosas. O que comprova a existência da metonímia na vida real. Ou será a sinédoque? Enfim, todos sabem que não há maior repositório de figuras de estilo do que a própria existência itself. Está bem, pronto, eu explico: enormes, pois a cidade é das maiores do mundo, certo? Deliciosas, já que S. Paulo tem fama de ser dos locais onde existem os melhores restaurantes. Infelizmente, não tive ocasião de comprovar este segundo aspecto, embora também não me possa, de maneira nenhuma, queixar. Aliás, se passasse mais algum tempo no Brasil, desconfio que viria de lá uma lontra. Voltemos, pois, a S. Paulo.
Enorme, mas não maravilhosa. Do aeroporto para o hotel pudemos avistar um bom número de favelas, mas também, e sobretudo, uma paisagem constante de subúrbios sem graça, prédios e mais prédios, casas e mais casas, nada que se destacasse porém, nem pela extrema miséria, nem pela opulência, nem mesmo por qualquer tipo de homogeneidade. Trânsito muito, mas nada de extraordinário.
Estávamos sediados nos Jardins, tidos como o bairro mais chique de tão grandiloquente cidade. Aqui também não me apercebi de nenhum edifício que realmente me impressionasse. Nem mesmo o hotel dito de luxo onde ficámos hospedados. Grande e confortável, mas, francamente, pouco surpreendente.

O dia terminou muito depressa após a nossa chegada, embora esta tivesse ocorrido a meio da tarde. O sol põe-se cedo em terras de Vera Cruz...

Acordámos cedo. Não foi difícil, tendo em conta as quatro horas que ganháramos sobre Portugal. Comecei por tomar um pequeno-almoço (ou melhor, "café da manhã") de hora e meia, entre pãezinhos, brioches e croissants, queijos, manteiga, um outro doce, frutas e sumos mas nada de ovos nem muito menos bacons ou outras carnes - que a vossa Calamity é muito tradicional no que ao pequeno-almoço diz respeito. Abundante, sim, mas continental.
Devo aproveitar para alertar os meus inúmeros e incontáveis mais susceptíveis de se melindrarem com questões alimentares para o facto de que deverão abter-se de ler as minhas postas das próximas semanas, uma vez que este será indubitavelmente um dos grandes temas - se não O Assunto Principal - das mesmas. Brasil é efectivamente sinónimo de comida. Haja estômago!
Haja intestinos, também, que, por mais que vários anos de prática mais ou menos regular de yoga tenham tornado os meus mais amiguinhos da da minha pessoa (ainda recordo com dor os sete dias - sete! inaugurais do meu desembarque na Cidade da Praia em que a ingestão quotidiana e insistente de papaia, abacate e outras iguarias supostamente estimulantes da tripa em nada contribuíram para desbloquear o nó que se foi formando no meu baixo-ventre, chegando ao ponto de temer explodir se passasse mais um dia ao largo da sanita), ainda assim a lei da proporcionalidade esteve longe de ser respeitada na relação ingestão/evacuação.

Mas deixemo-nos de conversas de merda.
Além disso, se, ao fim de quatrocentas e oitenta e nove linhas de texto ainda não consegui passar do pequeno-almoço, aliás, café da manhã do primeiro dia, quando, ó deus meu, quando, perguntais-me vós, inúmeros e incontáveis, voltarei eu a terras lusas? Provavelmente por alturas de ir de férias. Se férias houver.
Regressemos então, mais uma vez, a S. Paulo, por assim dizer.
A etapa seguinte levou-nos aos arredores da dita. A uma charmosíssima pequena vila chamada Embu. De visita a um formosíssimo mercado de artesanato que dá pela graça de Embu das Artes. Um deslumbramento. Ali gastei metade do orçamento para toda a semana. E se soubesse o que sei hoje teria gasto todo o dinheiro já que poucas mais compras me foram dadas fazer durante o resto da estadia e muito me arrependi de não as ter feito todas naquele fim-de-manhã, princípio de tarde passado entre os maravilhosos artefactos a preços da uva-mijona que me acenavam de tudo o que era banca.
Foi também no Embu das Artes que, após ter-me espontaneamente juntado a três dos meus companheiros de viagem - de quem, aliás, não desgrudei mais ao longo dos oito dias - travei conhecimento com a Dona Bete (Betty?) ...

(continua... ah pois é!..)

PS: Estrelinha de mi corazón! Privatizastis? E não mi convidastis? Ou andas com isso outra vez pra trás e pra frente, a bêm dizêri?

6/02/2008

Sim, sim! Eu disse que voltava e volto!

E eis se não quando os meus inúmeros e incontáveis já acham que me pirei de novo ou quiçá me tenha perdido pelas ruas do Rio enquanto me armava em garota de Ipanema... Pois bem, infelizmente, não. Pior ainda, estou de volta ao bulício alfacinha. Mas o prometido é devido e irei compartilhar os melhores momentos desta viagem inesquecível. Não consegui fazê-lo enquanto lá estava, pois trabalhei como uma condenada e dormir foi quase mentira.
Estou, pois, de volta, mas ainda em estado de choque atacada por jet-lag, trabalhos para entregar e, last but not the least, duas criancinhas sedentas da presença de sua mãe.
Contudo, não quis deixar de dar aqui uma saltada para reforçar a promessa. I'll be back. Mais cedo do que esperais, inúmeros e incontáveis, a vossa Calamity voltará à carga com a reportagem completa do périplo, incluindo entrevistas com celebridades, eventos sociais, visita ao Projac, mercados e feiras de artesanato, hotéis de luxo, ônibus cariocas, tour alucinante de táxi, parada gay, aviões da tam e da tap e variadíssimos apontamentos de análise, crónica e crítica com o bem conhecido de vossas excelências espírito de síntese que me caracteriza. Mi aguardem!!!

5/27/2008

Quem é vivo... ou A Calamitosa está de volta!

Saudosos inúmeros e incontáveis

Há já algum tempo que tenho vontade de escrever esta posta e quero antes de mais dizer-vos o quanto sinto a vossa falta pois nem sequer tenho conseguido visitar as vossas tascas. Desde que entrei neste mundo mágico que é a blogosfera e que é tão precioso para mim que nunca tinha estado ausente por um período tão longo. Mesmo quando passo uns dias sem escrever, arranjo sempre maneira de dar um saltinho a saber das novidades já que vocês se tornaram parte da minha vida e esta experiência um aspecto fundamental de quem sou hoje. A blogosfera tem-me proporcionado um crescimento pessoal enorme, abriu-me horizontes insuspeitados, ajudou-me a desenvolver uma faceta da minha existência que estivera até então bloqueada, por assim dizer. Devo dizer que consegui, através deste meio poderoso, ultrapassar certas limitações que sempre me tinham impedido de atingir alguma plenitude, aquela realização como ser humano que só poderia alcançar pela palavra escrita mas que, por motivos que até agora não pude desvendar, ficava eternamente latente. Tem sido muito importante poder abrir-me como só aqui soube fazê-lo, obter o vosso feedback que, em certos casos é tão completo que se tornou também, e sobretudo, amizade, ouso até dizer, Amor. Pois só o amor é susceptível de transformar as pessoas e fazê-las ultrapassar-se a si próprias. E posso dizer hoje, ao fim destes dois anos e tal de bloguice militante, que foi isso que a blogosfera fez comigo. A Calamity que vos escreve não é a mesma Calamity que iniciou este tasco e muito menos aquela que seria caso não tivesse penetrado esta rede única. Sinto agora que fui iniciada, como só os que participam de elos especiais o são. Refiro-me à sensação de pertença que vocês me proporcionaram,
à possibilidade de me sentir 'fazer parte de' algo, algo que é maior do que a soma das partes e que tem existência para além das existências somadas de cada um de nós. E também à aprendizagem de um código, que se situa num outro plano que a própria linguagem, por mais grandiosa que esta seja e por mais que ela faça parte, e, em última instância, seja ela própria fundadora dessa mesma forma de comunicação global. (Para além de que, como dizia o outro, "The mean is the message", mas esse assunto levar-nos ia longe, e noutra direcção daquela que pretendo aqui e agora.)
Durante estas semanas, e mesmo antes de ter começado esta 'cura' de silêncio - pois penso que talvez assim possa definir o motivo da minha ausência, apesar de eu própria não conseguir explicar muito bem o que se está a passar - coloquei muitos aspectos da minha vida em questão e o blog não podia ficar de fora, até porque, como entenderam pelas linhas acima, ele é hoje uma das peças fundamentais da minha existência a vários níveis. Por ser assim é que uma crise pessoal teria sempre que implicar uma crise aqui do tasco. Não pensem porém os inúmeros e incontáveis que a vossa Calamity esteja deprimida. Antes pelo contrário. Sinto-me em fase acelerada de crescimento, de mudança, de transformação e os dias têm-se sucedido uns aos outros a um ritmo avassalador. Comecei, é verdade, este período por um momento de abatimento e tristeza, mas actualmente não é de nada disso que se trata. Contudo, interroguei-me muito sobre este tasco, chegando mesmo a pôr em dúvida a sua continuidade, já que senti a determinado passo que ele perdera o seu sentido. A leitura de postas antigas e seus comentários e a sensação de que chegara a um impasse, a uma 'crise de inspiração' fizeram-me confrontar com questões difíceis e desconfortáveis. O que quero eu da blogosfera? Porque continuo com isto? Fará isto ainda sentido? Será aquilo que se perdeu aqui irreversível? (Sim, porque é para mim hoje evidente que desde que me iniciei pela tascolândia, algo se perdeu, e confesso que ainda não digeri bem essa perda). Por que escrevo? Para quem escrevo?
Depois, tenho alguns - graves - defeitos. Um deles é o querer escrever tanto, sobre tantas coisas, que acabo por não escrever nada. Tal como, quando chego a uma gigantesca feira de artesanato, cheia de coisas maravilhosas, quero tanto levar tudo que acabo por sair de mãos vazias. Cheguei à conclusão de que sou uma pessoa com imensa dificuldade em tomar decisões. Escolher algo implica sempre desistir de outras coisas e eu não tenho grande capacidade de despojamento. Lido mal com a perda. Em relação à escrita, compreendo-o agora, é o mesmo. Escrevo tanto interiormente, sobre tantas coisas diferentes, que acabo por não o fazer de facto, por não passar ao acto, para não ter de optar. Para não ter de deixar questões por abordar. Assuntos por desenvolver. Aspectos por explorar. Serei louca? Certamente. Mas não só.
Agora, por exemplo, neste próprio momento em que vos escrevo. Se vocês sonhassem, se pudesse tão só passar-vos pela cabeça tudo aquilo que quero partilhar convosco! A posta de hoje levaria dias inteiros a escrever. Já estaria na posta da semana que vem e ainda estaria a escrever e vocês, inúmeros e incontáveis, banir-me-iam para todo o sempre da vossa blogosférica convivência. Mas as 'regras' implícitas (e que até já vi escritas por aí) deste clube são bem claras, e implacáveis: posts curtos. Este meio existe aqui e agora, em tempos de imediatismo, em que os mais lentos são implacavelmente excluídos, já que o mundo exige aceleração. Tenho que admitir que é algo que me assusta. Não é do nosso envelhecimento individual que o tempo passa a uma velocidade cada vez mais vertiginosa. Ouvir uma criança de 8 anos, como eu ouvi, afirmar que o ano passou a correr confirma as minhas suspeitas. Quando nós éramos crianças, o ano NÃO PASSAVA A CORRER.
Adiante. Não sei, pois, como lidar com este dilema. Vocês, inúmeros e incontáveis, sabem-no bem: não sei escrever pouco. E abuso. Mas a prosseguir com este tasco, o mais provável é que continue assim. Pois a sua razão de ser é mesmo essa, e de outra forma não faria sentido.

Bom, mas, parafraseando a personagem da novela (e lembrem-se disto porque lá para a frente vai fazer ainda mais sentido), deixemo-nos de entretantos e passemos aos finalmente. Imaginam os inúmeros e incontáveis onde se encontra a vossa Calamity enquanto vos dedica estas singelas linhas? Estou certa que não! Pois bem, inúmeros e incontáveis, são sete da tarde e a vossa Calamity está sentada no quarto de um hotel dando as costas para uma varanda que abraça o oceano atlântico... em plena Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Para muitos de vós será talvez algo absolutamente normal, mas para mim é a realização de um sonho muito antigo e escusado será dizer que estou exultante. Fui presenteada com uma viagem profissional totalmente inesperada nesta altura do campeonato e, desde que cheguei ao Brasil, há três dias atrás, as experiências que me têm sido proporcionadas são absolutamente descomunais. Apesar de mal ter dormido desde 5ª-feira da semana passada - já que foi preciso preparar milhões de coisas antes de partir, desde aspectos de trabalho a questões logísticas relacionadas com a viagem mas também com a minha vida familiar - , e de ainda não ter conseguido ir à praia nem curtir algo de verdadeiramente carioca, estou em estado de graça.

A viagem começou em S. Paulo onde vivi um dia enorme. Coube tanta coisa nesse dia que ainda me parece que não pode ter sido só um, sobretudo quando o comparo com os que antecederam e os que vieram depois. Domingo terá sido certamente um dos maiores que já tive. Como conseguir transmitir-vos tudo o que ele foi? Como passar-vos, num simples relato, todas as emoções, descobertas, e gargalhadas desse dia? A sigla P.D.L - que me perdoem os inúmeros e incontáveis mais sensíveis - diz-vos alguma coisa?

continua (a sério!)

4/15/2008

Waiting for the sun

Há alturas assim. Em que nem apetece escrever. Em que nos apetecia recolher ao mais profundo e recôndito lugar e ali permanecer até que o sol resolva rasgar as nuvens. Sim, os ciclos sucedem-se e a seguir à tempestade vem a bonança, pois vem. Mas até lá vou retornar ao casulo que a minha primavera ainda não começou

4/09/2008

Ainda a respeito do tasco novo

Para os inúmeros e incontáveis autores e clientes do novo tasco
Uma das grandes canções de sempre
Um video fabuloso

Caetano Veloso - Livros

4/08/2008

O novo tasco

Há 'novo' tasco na tascolândia, que é como quem diz, 'novo' blog na blogosfera. E digo 'novo' entre aspas porque as suas inúmeras e incontáveis autoras têm-no alimentado bem e com a regularidade de que um recém-nascido precisa e merece e já conta com bom número de postas saborosas e (ainda) fresquinhas. Espero que a qualidade e a quantidade se mantenha, até porque o objecto é transcendente. Vão até lá ver porquê

aproveito para agradecer à menina que gentilmente me convidou a participar...

4/02/2008

Breves desabafos e/ou algumas medidas de higiene mental

1 - Às vezes sinto que, das duas, três: ou sou atrasada mental, ou somos todos, ou então devo ter vindo de outro planeta.

2 - Descobri recentemente que há pessoas mais perigosas que as que são simultaneamente más e inteligentes. Curiosamente são as que acumulam maldade com burrice. Por estranho que pareça, conseguem fazer mais estragos.

3 - A minha vontade de emigrar aumenta a cada dia que passa e só muita praia, calor e banhos de água fresca em mar chão a poderão atenuar. Preciso urgentemente de uma sessão de reiki. Ou qualquer coisa que o valha.

4 - Como diria José Mário Branco: "Quero ser feliz, porra! quero ser feliz agora!"

5 - Ou então: "Vou mudar de vida ai isso é que vou!"

3/28/2008

Apesar de você

Dedicado a quem servir a carapuça

atentem na letra, é de 1970...

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

(do lindíssimo Chico)

3/20/2008

Anónimos, abutres e quejandos ou 'Eles andem aí'

Não estou a fugir ao desenvolvimento abaixo prometido. Fá-lo-ei o quanto antes. Mas como entretanto fui brindada com o gentil comentário que se segue, não consegui evitar partilhá-lo convosco e simultaneamente responder ao 'ajustado' anónimo que se deu ao trabalho de o escrever, tendo o cuidado de o deixar 4 ou 5 postas abaixo da actual, provavelmente de forma a não ser confrontado com os inúmeros e incontáveis e apenas me atingir a mim.
Caro anónimo: o facto de V/ Exª não me achar piada nenhuma em nada me afecta tendo em conta que V/ Exª não passa disso mesmo: um anónimo. A mim preocupar-me-ia o facto de alguém a quem eu achasse piada não me achasse a mim piada. Para mais, desde já lhe vou adiantando que dispenso os seus conselhos e que a sua opinião sobre os meus pensamentos e escritos é recíproca. Um grande bem-haja para si também e espero que consiga um espaço onde lhe dêem atenção e no qual consiga descarregar as suas frustrações. Que tal um blog?

anónimo disse
"não te acho piada nenhuma. Mas como há gostos para tudo, aproveita que a vida são dois dias e quando mal geridos...menos são. Mas isso é lá contigo. Aquilo que tu pensas e escreves não passam de balelas e derrotas. Faz uma instropecção à tua vida REAL e deixa-te dessa treta da vida VIRTUAL que não te leva a lado nenhum. Desajustada é o que me pareces. "
fim de (ex)citação


Agora outro assunto, bem mais importante, e que merece toda a nossa atenção e preocupação: No próprio dia do pai, a minha amiga Estrelinha e o seu marido, pai dos meus sobrinhos virtuais e simultaneamente bem reais (percebe, ó anónimo?! É possível ser os dois ao mesmo tempo, a não a ser quando se é um desses abutres de que precisamente fala a minha amiga Estrelinha que eu nunca vi mas que amo de paixão, coisa que um anónimo invejoso não pode compreender), foram privados de um direito consagrado por lei. Inúmeros e Incontáveis: mais uma vez o meu apelo é 'Bora lá fazer a puta da revolução...