10/25/2006

28 de Setembro de 2006

Este já está escrito há uns dias largos. Hesitei bastante entre postá-lo ou não postá-lo. Mas tendo em conta isto e agora também isto, desbloqueei. Hoje é então outro dia

Faz hoje dez anos que te foste, como uma sereia por entre as ondas. Sem fazer barulho e sem te despedir. Não sei se sabes, mas deixaste a conversa a meio. Já não me lembro do que falávamos, confesso. Nem sei mesmo se na altura me lembrei. Mas sei que durante muito, muito tempo, foi esta sensação bizarra que me ficou, a da conversa interrompida. Tipo: “onde é que nós íamos, mesmo?” Isso e um par de olhos esbugalhados, aquelas imagens presas na retina, como uma objectiva que tivesse ficado para sempre bloqueada no acto de fotografar... o horror.
Faz hoje dez anos que te foste, mas não penses que só hoje te escrevo à boa tradição portuguesa, de só recordar quem partiu nos dias dos aniversários. O Pessoa descrevia muito bem esse fenómeno naquele poema “Se te queres matar...”. Assim:

“Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.”

Não, não penses isso. Nestes dez anos não deve ter havido um único dos três mil seiscentos e cinquenta e tal dias em que não me tenha lembrado de ti.
E no entanto, a tua passagem pela minha vida foi pouco mais que meteórica. Durante muito tempo também, me interroguei sobre os motivos dessa passagem: porquê? Porque é que os deuses insistiam em colocar estas pessoas no meu caminho para logo depois as levarem? Qual o significado? Qual a razão? Depois veio aquele anúncio. Aquela menina não teria mais que quatro anos. Mas eu sei que eras tu.E logo a seguir, aquela música, que ainda hoje me custa ouvir. E que, eu sei, foi escrita para ti, pelo menos aquela parte:

Frio,
o mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar.
Quente,
O chão
Onde te estendo
E te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nu, fiel
E este vento
Que te navega na pele.

Eu sei. Esta canção de amor, o Abrunhosa não deve ter pensado que a alguém pudesse ter soado como a banda sonora de um filme de terror. Mas soou.

E de repente, cinco anos passaram. E foi a vez dele*. Outro anjo efémero. Outra passagem súbita. Sem sentido. Cheguei a interrogar-me se teriam sido reais, vocês dois. Ou apenas figuras oníricas de um sonho tão intenso. Ambos existiram para mim durante apenas cinco semanas. Cinco semanas que foram toda uma vida. E que ainda doem. E eu sei que não vieram para magoar, mas então, vieram para quê???

Depois veio aquele dia: 26 de Dezembro de 2004. De repente, milhões de retinas ficavam também elas assim, esbugalhadas, incrédulas. E eu, que não estava lá, eu, que nunca viajara a leste de Estrasburgo, vi-me ali, em Phuket, em Phi Phi, em Samatra, em Meulaboh, em Jaffna, em Muttur, em Aceh, a reviver aquela tarde. O mesmo pesadelo elevado à potência n...
Tinhas vinte anos. Hoje terias trinta. Terias terminado o curso de psicologia ou talvez não. Terias aproveitado bem o tempo ou talvez não. Ter-te ias mantido bonita ou talvez não. Talvez estivesses mais bonita ainda ou talvez te tivesses estragado. Quem te conhecia desde sempre diria que terias ido de qualquer modo. Que não eras feita para este mundo. Que não lhe pertencias.

Não sei. Só sei que dez anos passaram. E que te foste com tanta pressa que deixaste uma conversa a meio. Não me lembro do que falávamos. Mas devia ser importante. Todas as nossas conversas eram importantes. Só podia ser algo inadiável. Se ainda te lembrares, diz-me. Eu ia gostar de retomar esse diálogo, tão fluido, como sempre o foi contigo. E logo nesse dia, estávamos TÃO felizes, lembras-te? Tudo parecia TÃO perfeito!
Se te lembrares, faz-me um sinal, dá-me uma pista. Talvez isso desate um pouquinho deste nó.
E... amiga?... Gostei de te conhecer!

*Mas com ele em breve falarei

10/21/2006

Intervalo 2 ou Está bem, pronto!!!

Olhos? castanhos
Cabelos? castanhos
Altura? 1,62
Peso? deve andar nos 52
Ascendência? franco-portuguesa - mas acho que noutra encarnação fui índia das américas
Signo? Sagitário (ascendente Caranguejo, signo Lunar Touro e muita água no mapa) (é q acho q o signo sozinho não diz nada)
Sapatos que está a usar? chinelas de verão - apesar de estar a chover
Fraqueza? são tantas!
Medo? bué deles
Objectivo que gostaria de alcançar: para já, a tranquilidade material e mental que tinha há 10 anos, quando ganhava a vida a fazer o que gosto e conseguia de vez em quando ir passar o fim-de-semana fora e viajar de tempos a tempos~
Frase que mais uso no messenger: "faz-de-conta que não me viram"
Melhor parte do corpo: os abdomináveis ;-)
Pepsi ou Cola? coca-cola (pode ser guaraná?)
MacDonalds ou Bobs? bobs, embora não faça ideia do que se trata
Fuma? em quantidades homeopáticas
Palavrões? todas as palavras do dicionário e alguns neologismos
Perfume? por vezes e nem sempre o mesmo
Canta? e nem sempre meus males espanto
Toma banho todos os dias? em geral, sim
Gostava da escola? hoje mais do que ontem
Acredita em si mesmo? tem de ser
Tem fixação com a Saúde? tenho que admitir que tenho alguma, sim
Dá-se bem com os seus pais? melhor com a minha mãe embora "saia" mais ao pai. Talvez por sermos demasiado parecidos chocamos à brava
Gosta de tempestades? adoro

No último mês
Bebeu álcool? em quantidades homeopáticas
Fumou? em quantidades homeopáticas
Usou drogas? acho que já respondi. Mas se for preciso, vou ali buscar a definição da OMS
Fez compras? que remédio
Comeu um pacote inteiro de bolachas? e também de outras coisas
Comeu sushi? não
Chorou? rios de lágrimas
Fez biscoitos caseiros? não, mas comia-os de bom grado
Pintou o cabelo? não, mas que precisava, oh, se precisava!
Roubou? canetas e isqueiros onde os haja, 2 cigarros ao meu pai, um a um colega, e variadas frutas pequenas no supermercado/mercearia: tâmaras frescas, umas laranjas miscroscópicas, que já não me lembra o nome, uvas... Tenho que provar a fruta, certo?
Número de filhos? dois
Como gostaria de morrer? não gostaria de morrer e ainda tenho a ilusão da imortalidade
Piercings? vários furos nas orelhas (no lóbulo e não na cartilagem)
Tatuagens? n'a pas
Quantas vezes o seu nome apareceu nos jornais? no último mês? 3 ou 4. Em revistas mais umas quantas
Cicatrizes no corpo? tantas que lhes perdi a conta. Mas as piores não se vêem...
De que se arrepende de ter feito? tanta coisa...
Cor Favorita? todas
Disciplina favorita na Escola? dependia dos anos
Um lugar onde nunca esteve e gostaria de estar? Na Bahia, entre outros
Matutina ou nocturna? cada vez mais matutina
O que tem nos bolsos? um telemóvel de um lado e uma pen do outro
Daqui a dez anos imagina-se? é melhor não fazer projecções

Desafiadas: as que quiserem... Já não sei quem cá vem...

10/13/2006

Intervalo

... Como ainda me lembro daquela noite no verão de 1980 (pois é, sou meeesmo muuuito cota) em que rebentou um cano na Festa do Avante, ainda no tempo em que a Festa decorria no Alto da Ajuda, e milhares de pessoas atravessaram o imenso pantanal que se formou, até porque tinha chovido a cântaros... só para o ver e ouvir

... Como este senhor que eu simplesmente AMO vai finalmente visitar-nos, ao fim de quase 20 anos...

... Como há vários dias (e noites) que não consigo pensar noutra coisa... partilho convosco uma das canções que habita o meu ser desde que me lembro de ser quem sou - seja lá o que isso for

Rosa-dos-ventos

E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima
Pra socorrer

E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr

Mas, sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão

E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão

Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito dos rios fartou-se
E inundou de água-doce
A amargura do mar

Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar

Chico Buarque 1969

PS: Tenho andado a "cozinhar" dois posts que ficaram em suspenso desde a semana passada. Eles não são propriamente para vocês, meus inúmeros e incontáveis mais "palpáveis", mas, como dizia no outro dia, para duas estrelas que já se encontram em constelações mais distantes...
Anyway, como ultimamente ando com os pés "demasiado" na terra, não me sinto no estado necessário para estas andanças mais... transcendentes, digamos. Isto, só para dizer que se um dia destes depararem com um post ostentando uma data totalmente absurda, não é engano: é um dos tais dois.

PS2: Sim, CK, tenho a intenção de vos usar como cobaias para o meu estudo. Meter-vos em tubos de ensaio. Misturar-vos com substâncias esquisitas e potencialmente explosivas. Agitar-vos sem piedade. Virar-vos do avesso. Despejar-vos na bancada. E devolver-vos à estratosfera não sem antes vos ter tornado irreconhecíveis. Mas está descansada que, quando eu fizer isso, arranjo umas autorizações forjadas que não te darei para assinares.
Até jazzzzz

10/05/2006

Um longo e entediante post a não ser que estejam para intermináveis considerações vagamente filosóficas

Sou uma mecinha simples, a bem dizer.
Gosto de dormir e de brincar, de passear e de cantar. Gosto de ir à praia, de ver um bom filme, de me arrepiar num concerto e de me alambazar com uma comezaina valente. E de também de parvejar horas perdidas frente à televisão a zappar na imensidão do nada, de, como dizia o outro, ter um livro para ler e não o fazer...
Mas também tenho um lado intelectual, um lado mais reflexivo, discursivo, logico-analítico. Um lado que aprecia o pensamento complexo, que admira e tenta seguir as mentes brilhantes dos cientistas e outros filósofos, que tenta compreender o mundo físico e também o que está para lá.
Sim, as questões metafísicas também me inquietam e desde pequenina que me lembro de me sentir 'diferente'. Algo em mim sempre vibrou que ia para além da normalidade aparente das pessoas - novas e velhas - que me rodeavam e a quem, aliás, eu tinha um enorme pudor em falar "dessas coisas". Hoje sei que não estou (nem estava) só; muitas e muitas "almas gémeas", ou pelo menos "irmãs" se revelaram ao longo dos anos, muitas estrelinhas (;-)) brilharam em uníssono, - umas vieram devagar (;-)) e outras caíram-me literalmente em cima - e por vezes consigo entrever no meio do muito lixo que nos rodeia resquícios de um desígnio grandioso.
Curiosamente, a descoberta da blogosfera, com todos os seus aspectos aparentemente muito terra-a-terra, inscreve-se completamente no âmbito maior desta revelação. É estranho como seres que cintilam à distância - uma distância que chega a atingir milhares (?) de kms - e que nunca vi, de quem nunca senti o cheiro nem ouvi a voz, de quem dificilmente avaliarei a limpidez do olhar ou a frontidão da postura, me conseguem por vezes atingir no que eu tenho de mais íntimo, de mais recôndito, de mais (m)eu.
Talvez por isso, o meu lado intelectual, que sempre teve tendência a misturar-se inextricavelmente com a minha dimensão... chamemos-lhe espiritual, levou-me a querer explorar mais a fundo a questão das "ligações cibernéticas" (sim, sim, horitas, é verdade!.. não gozes comigo, tá?!) e a sua faceta metafísica. "Será o ciberespaço uma experiência mística?" é o tema que irei desenvolver em breve (espero!) num trabalho para um dos seminários do mestrado que frequento (pouco) e que talvez venha a levar mais longe, na tese, a tal que já deveria há muito ter começado a esboçar.
Mas toda esta longa introdução (ai, que já estou a ver os meus inúmeros e incontáveis a colocar os ratos na coluna do lado direito, dirigindo o cursor para baixo à procura do fim, exclamando de si para si: "o quê???!!! Introdução???!!!! Esta gaija deve estar louca!!! Desvairada!!Transviada! Tenho mais que fazer. Ela que se meta num psi e deixe a malta sossegada. Anda uma pessoa a vir aqui todos os dias durante mais de uma semana a ver se a gaija diz algumas bujardas prá gente se rir um bocado e vem ela com esta lengalenga que nunca mais acaba e ainda por cima é tudo introdução??!! Tá-se a passar??!!!), toda esta introdução, dizia eu, para lançar alguma luz sobre certas "atitudes", digamos, que talvez possam parecer algo misteriosas a mais do que um dos meus inúmeros e incontáveis leitores.
Espero não parecer pomposa - ou melhor, na verdade estou-me nas tintas para o que possa parecer, e como estou a um passo de ser metida numa camisa de forças posso dizer o que quiser, que todos os que me conhecem já sabem do que a casa gasta e os outros passam a saber - dizia eu portanto que ... ainda estão aí? Ou melhor, ainda está aí alguém?
Pronto lá vai:
Se o ciberespaço, e logo a blogosfera, são esperiências místicas - e lamento desiludir os inúmeros e incontáveis mais cépticos (se é que ainda resta algum a esta hora), mas também aqui não estou só e já houve autores muito respeitados no meio universitário que o pensaram, disseram e desenvolveram em estudos publicados - , então as dimensões que podemos através dele, ciberespaço, e logo dela, blogosfera, atingir, são ou podem ser transcendentes. Pelo que, quem sabe, alguns dos meus inúmeros e incontáveis poderão até nem estar neste planeta (dimensão espaço) (by the way, acusem-se, por favor!) - pois é, malta, julgavam que eu estava brincar, quando no outro dia referi que esta a escrever aquele post straight from Jupiter e sob a forma de holograma?! - ou até "já não estar entre nós" , como se costuma dizer (dimensão tempo). Atrevo-me até a pensar na possibilidade de alguns deles ainda não terem nascido.
Todo este longo divagar (se vai ao longe) tinha por objectivo introduzir (ainda, pois é! Desculpem lá qualquer coisinha...) os meus inúmeros e incontáveis nos motivos profundos e superficiais que me levam, ou melhor, irão levar a usar este blog como meio - e o bold serve para sublinhar o aspecto etimológico da palavra utilizada - para chegar a alguns seres que já estão noutra dimensão da existência. Que apenas em sonhos me visitam e de quem tantas saudades sinto. Eu sei que não havia nexexidadejeje de me lançar nesta interminável explicação e que já outros(as) o fizeram antes de mim. Mas cada um é como cada qual e como há muito que não vinha aqui "ouvir-me pensar", foi para o que me deu. E se, por algum motivo também ele do domínio do transcendente, algum dos meus inúmeros e incontáveis chegou até aqui, vou desde já tranquilizá-lo(a). Para já vou ficar por aqui, até porque ambos (eu e e Vós, que a esta hora já mereceis uma segunda pessoa do plural à séria e com a respectiva maiúscula) precisamos de digerir, certo? Às duas pessoas a quem tencionava dirigir-me neste post, digo, embora elas, no tempo/lugar onde/quando se encontram o saibam certamente, I'll be back. Aos inúmeros e incontáveis que ainda me restam - se é que restam! - , digo o mesmo.
Vou ali e já venho.

PS: À senhora que resolveu criar "mais um blog da tanga" (estou a citar) para chatear os outros e porque nada mais tem para fazer, aviso desde já que excusa de se dar ao trabalho de me comentar com as suas "atuardas" (estou a citar de novo), que não estou com pachorra nenhuma para aturar gente parva, que ainda por cima deve ter interesses na CML (sempre me causou uma certa comichão a proximidade com o poder). Tive a educação de não apagar o seu desinteressante comentário mas passarei a fazer como outras e a colocar o lixo no respectivo contentor onde ele pertence.

PS2: às meninas que tive vontade de linkar nas passagens em que lhes pisquei o olho e que sabem quem são, quero que saibam que hesitei mas acabei por não o fazer para não excluir algumas outras que seria injusto não adicionar nessa linkagem. Todas as estrelas brilham mas algumas brilham com mais intensidade. E isso não retira de forma alguma o encanto aos (aparentemente) menos cintilantes corpos celestes.
Nem o seu carácter eminentemente especial.

PS3: QUEM FOI???
O visitante 2000 que não se acusou. Hein???