... Como ainda me lembro daquela noite no verão de 1980 (pois é, sou meeesmo muuuito cota) em que rebentou um cano na Festa do Avante, ainda no tempo em que a Festa decorria no Alto da Ajuda, e milhares de pessoas atravessaram o imenso pantanal que se formou, até porque tinha chovido a cântaros... só para o ver e ouvir
... Como este senhor que eu simplesmente AMO vai finalmente visitar-nos, ao fim de quase 20 anos...
... Como há vários dias (e noites) que não consigo pensar noutra coisa... partilho convosco uma das canções que habita o meu ser desde que me lembro de ser quem sou - seja lá o que isso for
Rosa-dos-ventos
E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima
Pra socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas, sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito dos rios fartou-se
E inundou de água-doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar
Chico Buarque 1969
PS: Tenho andado a "cozinhar" dois posts que ficaram em suspenso desde a semana passada. Eles não são propriamente para vocês, meus inúmeros e incontáveis mais "palpáveis", mas, como dizia no outro dia, para duas estrelas que já se encontram em constelações mais distantes...
Anyway, como ultimamente ando com os pés "demasiado" na terra, não me sinto no estado necessário para estas andanças mais... transcendentes, digamos. Isto, só para dizer que se um dia destes depararem com um post ostentando uma data totalmente absurda, não é engano: é um dos tais dois.
PS2: Sim, CK, tenho a intenção de vos usar como cobaias para o meu estudo. Meter-vos em tubos de ensaio. Misturar-vos com substâncias esquisitas e potencialmente explosivas. Agitar-vos sem piedade. Virar-vos do avesso. Despejar-vos na bancada. E devolver-vos à estratosfera não sem antes vos ter tornado irreconhecíveis. Mas está descansada que, quando eu fizer isso, arranjo umas autorizações forjadas que não te darei para assinares.
Até jazzzzz
10/13/2006
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10 comentários:
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii tb quero ir!!!!
Gosto imensíssimo. Tb me fizeste lembrar a música Rosa de Hiroshima, do Ney, que fui ver ao Porto e desatei num pranto tal que quase fazia também um pântano de bases e rímeis à minha volta, das senhorecas que ali se deleitavam com aquela figura araparigada.
Estopu ansiosa pelos teus posts para as tuas duas estrelinhas que brilham noutra dimensão. Só fiquei com um bocado de medo dessas experiências que vais fazer connosco. Mas, pronto, eu aguento o shake e tudo. Um abraço com os dois braços, à volta do teu pescoço, de bochechinha encostada e beijinhos pelo meio. Aprendi com o meu Bi e já não quero outra coisa.
E se nos pusesses a todas na máquina de lavar?
Ansiosamente esperando...
Não li o post! Não tenho tempo!
Eu respondia-te ao comentário mas não acho boa ideia pôr aqui a minha morada :P
Mandas-me um e-mail?
Olá!
É tão bom poder ir ouvir cantar quem tanto gostamos.
Fiquei lisongeada por fazer parte da tua constelação de estrelinhas "palpáveis" e fico à espera do post sobre as não palpáveis.
E até acho que não me importo nada de ser enfiada virtualmente nesses tubos de ensaio e chocalhada eh eh eh.
Ah, e um zero não vale nada, por isso está correcto eh eh eh.
Bjs
Chico Buarque...
A ópera do Bom Malandro tem uma das musicas mais lindas de MBP:
Um dia ele chegou tao diferente
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito mto mais quente
Do q sempre costumava olhar
E nao maldisse a vida tanto
Qto era seu jeito de sempre falar
E nao deixou-a so num canto
Pra seu grande espanto
Convidou-a pra Dançar...
E então ela se fez bonita
como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
cheirando a guardado de tanto esperar
Depois o dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça
foram para a praça
e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança
que a vizinhanca toda despertou
E foi tanta felicidade
que toda cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos
como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz
...
Desculpa o abuso, mas é q eu gosto tanto desta musica.
Qto às análises, ve lá com quem me misturas no tubo de ensaio!! LOLOL
Talvez já nos tenhas tornado "irreconhecíveis".
Realmente umas asas celestes fazem mta falta quando se trata de levantar vôo, ou como eu gosto mto de dizer: "-Arrancar."
Misturas só se for com Elas.
De resto não há limites.
O Anjo abençoa e apadrinha a causa da ciência.
ai que saudade que deste da festa do avante...
Dos anos que lá passei com o meu pai...
Tanto que lá vivi...
Que inveja boa do concerto do chico de holanda...
ai como gosto de ti!!!!!!!!!!!!!!!!!!
um beijo
Ahhhhhhhhhhhhhh este senhor! É só um dos maiores poetas contemporâneos e ainda tinha que ter este par de olhos azuis!!!
Beijinhos, semana feliz
Fui mencionada!!!! Ah carago, q bem que sabe!!!!
sou doida pelo Chico. Ja o vi ao vivo diversas vezes....
Qto a festa do avante o q me lembro melhor e q uma vez q lq fomos assaltaram o carro do meu pai e partiram a janela de tras. La vim eu a passar um frio do caneco no caminho pro Porto,....
Ola menina,
Vi o teu comentario sobre bipolaridade no blog da 125 azul e ja vi que percebes do problema. Mas tenho muito medo de muita coisa nisso sabes, ha pessoas que nao sao bipolares mas o mau diagnostico de outro problema pode leva-la a episodios de mania e levar a um novo tratamento muito a desproposito e com serias repercussoes permanentes. Nao faco ideia quem es, mas se o assunto te interessar posso dar-te muita literatura.
Sobre o Chico... ahhhhhhhhhh... o Chico... amo de paixao... ja o referir muita vez no meu blog tambem. Sabes, dar uma de emigra faz-me saudosa da minha infancia, que engloba ouvir o chico e outros todos os dias da minha vida.
Beijinhos
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