3/28/2007

Olá minha querida Mãe

Cá estou eu nos Pirinéus. A viagem foi "uma treta": estava pouco confortável no autocarro*. Está a nevar "a potes"! Ontem fomos andar de raquetes, 12 kms, ou seja 3 horas. O gelo é gigante. Apanhei um bocado praí com um metro! Fiz um boneco de neve.

Tenho IMENSSAS (sic) saudades tuas.

muitos beijinhos


(a coisa era mais ou menos assim - foi o melhor que se pôde arranjar. E no sítio onde diz Clipartbláblá dizia: I LOVE YOU).

PS: BEIJOS PARA TODA A FAMÍLIA

* a viagem foi de comboio, mas o último troço - cerca de 3 horas - foi feito de autocarro... (n. da e.)


Desculpa, Príncipe, o abuso de publicar sem autorização tua e também se não está igualzinho ao que escreveste: estou a citar de memória. Não tenho aqui a(s) carta(s) que li trezentas vezes e que o carteiro deixou por cima das caixas do correio porque não me conhece e tu esqueceste-te de pôr o andar... mas acertaste na morada e, mesmo sem código postal, chegaram bem. Agora só faltas tu! Até amanhã. Tou morrendo di saudadi!

3/22/2007

O meu menino ou A grande aventura

O meu menino é o mais lindo e também o melhor filho do mundo.
O meu menino diz que sou a melhor mãe do mundo e faz-me sentir como a melhor mãe do mundo.
O meu menino é o homem da minha vida e costumo dizer que, se não fosse meu filho, casava com ele - isto se ele aceitasse casar com uma velha como eu, claro!
O meu menino é meigo e calmo e inteligente. E bonito, claro.
O meu menino tem mais juízo e discernimento que eu, o pai, ou a maior parte dos adultos que conheço.
O meu menino é generoso e justo.
O meu menino trata bem os outros meninos e também os adultos. Às vezes até melhor do que uns e outros mereceriam.
O meu menino é d'oiro, é d'oiro fino. E também de prata, diamante, esmeraldas e rubis.
O meu menino é o meu tesouro, a maior preciosidade que eu tenho na minha vida, tirando a minha menina, é claro.
O meu menino tem nove anos e acorda às oito da manhã, mesmo aos fins-de-semana; e quando a mana, de 15 meses, acorda, ele vai buscá-la ao quarto para que eu possa dormir mais um bocadinho. E chega a dar-lhe o bibas, para que eu possa dormir mais um bocadinho. Só não lhe muda a fralda, mas estamos a falar de um menino, não de um semideus!
O meu menino por vezes faz disparates, como qualquer menino e eu, como qualquer mãe, ralho com ele. Mas por vezes exagero e ele fica sentido, e com razão. Porque eu sou apenas humana e ele compreende - aliás, o meu menino compreende tudo - mas eu exijo demasiado dele. Afinal, ele é um menino. Mesmo assim, o meu menino continua a dizer que sou a melhor mãe do mundo e a fazer-me sentir como a melhor mãe do mundo.
O meu menino é óptimo aluno e muito exigente consigo próprio. Mas também gosta de brincar, , ler os livros do Harry Potter e jogar playstation e futebol; aliás, o meu menino é fanático por futebol e está constantemente aos chutos nas milhentas bolas que insiste em coleccionar. Este é um dos pontos de fricção entre o meu menino e eu e uma das razões pelas quais eu às vezes passo das marcas na minha irritação, mesmo que ele passe das marcas na sua excitação de menino.
Mas o meu menino é o melhor do mundo.
O meu menino foi ontem para a grande aventura dos seus nove anos ( e eu fiquei na grande aventura dos meus nove anos de mãe: sozinha com a Calamityzinha pecanina na casa nova). Foi com outras três turmas para os Pirinéus. E eu fui levá-lo à estação, com um gigantesco saco cheio de roupa para que ele possa enfrentar os 10 graus negativos que o esperam. E, na estação de Santa Apolónia, chorei. Sei que não fui a única e também que chorarei muitas mais vezes. Já estive noutras ocasiões longe do meu menino durante uns dias. Na primeira vez que passei uma semana longe do meu menino chorei todos os dias. Ele tinha apenas 2 anos, ou melhor, ainda não os tinha feito. Mas nessa ocasião fui eu que viajei e o meu menino ficou com o pai e avós. Desta vez o meu menino foi com a escola e nós, pais, não falaremos com eles até ao seu regresso. Apenas vamos ter notícias através do email (espero que) diário que receberemos da professora. E o meu coração de mãe não consegue deixar de estar apertadinho. Será que ele está bem? Será que não tem frio? Será que não lhe vão fazer falta as pantufas que ficaram esquecidas no chão da sala? Será que vai conseguir fazer caber tudo no gigantesco saco na hora do regresso? O que irá ele fazer se acordar de noite com um pesadelo? Quem lhe irá lembrar que tem de assoar o nariz e lavar as mãos e puxar o autoclismo quando suja a sanita? Quem lhe irá dar mil beijos de boa-noite e mil abraços de bom dia? QUEM VAI CUIDAR DO MEU MENINO?
Eu sei que os meninos crescem e que um dia a pele deliciosamente macia do meu menino irá transformar-se numa epiderme coberta de acne juvenil e depois pelinhos irão crescer e transfigurar o meu menino num homem de barba rija. Eu sei que estas experiências são maravilhosas e importantes e fundamentais para a vida e para o crescimento. Eu sei que devemos deixar voar os nossos meninos. Mas o meu menino é o meu menino. Já o era antes de nascer. Antes sequer de ser concebido. O meu menino. E assim será todos os dias da minha vida. Desde a origem dos tempos e até ao fim da eternidade. E para lá.
Amo-te desmesuradamente, meu menino. Amo-te daqui até ao infinito. E para lá. Meu menino.

PS: Este texto foi escrito ontem mas só hoje o consegui publicar

3/19/2007

Não sei que título dar a isto

Tenho a mania de olhar para o outro lado. De querer saber o que está para lá. Na imagem refllectida pelo espelho, tudo está invertido. A esquerda passa a ser direita e esta vira canhota. Cortar o próprio cabelo é de loucos: a tesoura teima em ir na direcção contrária à pretendida e, se tentarmos aparar a franja, por pouco não furamos o olho. Falo por mim, claro.
Mas eu tenho a mania de querer saber o que está do outro lado. E, neste caso que ficou conhecido como sendo "da bebé de Penafiel", tenho-me fartado de pensar e o meu coração fica apertadinho a cada vez que me lembro desta miúda com poucas semanas menos que a minha canuca. Não está em causa a gravidade da acção que aquela senhora cometeu. Sempre me interroguei sobre que tipo de loucura poderá levar uma mulher a entrar numa maternidade e levar um bebé que não pariu. Que não carregou, que não sentiu crescer em si. Deixar uma outra mulher num desespero inigualável, inimaginável.
Mas neste caso, algumas variáveis entram em linha de conta, desde o primeiro instante em que se soube que uma recém-nascida tinha desaparecido do hospital. E eu lembro-me muito bem, até porque tinha uma nos braços, com escassas seis semanas. A estória mexeu comigo, como não podia deixar de ser. Só quem já foi mãe sabe como estas coisas mexem connosco quando temos as hormonas aos saltos, em total desassossego. Lembro-me de ter achado estranhíssimo que uma mulher acabadinha de dar à luz largasse o seu bebé no quarto para ir jantar ao refeitório. Claro que só posso falar por mim, mas, das duas vezes em que tive um bebé, não os largava sozinhos no quarto nem para ir à casa de banho. Ou, se fosse, deixava a porta aberta e mijava na beirinha da sanita, pronta a saltar que nem uma leoa sobre qualquer intruso que se atrevesse a aproximar da minha cria. Bem sei que não somos todos iguais e eu talvez não seja o melhor exemplo. Admito que sou algo paranóica. Não me apanham à espera do metro na beirinha do cais. Eu sei lá, há tanta gente louca! Mas voltando à bebé de Penafiel, desde o princípio achei os contornos da estória no mínimo bizarros. Uma mãe muito pouco desesperada. Dois filhos já retirados à família. O tal jantar no refeitório. E depois, bom, depois lá foi passando o tempo e nada. De vez em quando lembrava-me do assunto, mas confesso que na minha cabeça nunca mais encontrariam a miúda. Mas enganava-me. A miúda apareceu. Estava viva, de boa saúde e bem cuidada, ao que parece. Tinha duas irmãs e um irmão. Um pai e uma mãe. Sim, eu sei que aquela mulher a retirou do hospital e não poderia ficar com ela, até porque cometeu um crime terrível. Mas, e a miúda? Para já não falar daquele homem, que viveu durante pelo menos um ano com quatro filhos e de repente se vê só com um. Para não falar daquelas crianças que viveram todas juntas durante pelo menos uma ano. Mas, e a miúda? Tudo o que ela sempre conheceu estava ali, naquela família. Por mais que fosse um embuste. Olho para a minha menina e só me dá vontade de chorar. Como iria ela reagir se algum dia a tirassem bruscamente do ambiente que ela sempre teve como seu? Se a afastassem de uma vez só de todos os seres que formam o seu pequeno mundo? Toda a gente se lembrou de falar de vinculação em relação à Esmeralda, mas não ouvi ninguém pronunciar-se sobre a menina de Penafiel. É assim tão diferente? Porquê, alguém me explica? Ou aqui já não é o "superior interesse da criança que está em jogo"? Porque não se falou sequer em transição gradual? Porque não se permitiu à criança que fizesse um afastamento progressivo da restante família afectiva (uma expressão tão em voga), já que a mãe raptora (mas igualmente afectiva, para todos os efeitos, e choque isto quem chocar) teria obrigatoriamente de ser afastada na hora? E uma aproximação progressiva à família biológica? Que, diga-se de passagem, e desculpem-me a franqueza, não me parecia assim tão desesperada por reaver a sua criança. E, por falar nisso, o que é feito das outras duas, aquelas que lhes tinham sido retiradas? Demonstraram eles vontade de as ter com eles?
Estarei a delirar? Ou haveria outra maneira de fazer? Estará este caso a tantos anos-luz assim do de Torres Novas? Ou será a distância mais pequena ainda do que a quilométrica? Por que não ouço ninguém falar das consequências terríveis que o "regresso" (não é regresso nenhum, uma vez que ela nunca lá esteve, por assim dizer) à família biológica poderão acarretar para esta menina?

PS: À Aenima, CK, Rute e talvez mais uma ou duas das minhas queridas companheiras (mas agora não me lembro quais são) deste tasco que é a blogosfera que não consigo comentar, uma beijoca saudosa. Aenima, escreveste um post com o qual não poderia identificar-me mais. Acho que não preciso de te dizer qual foi...
CK, babe, como vai essa anca?

3/16/2007

Bom, agora fui eu!

Andava eu a gozar com os meus inúmeros e incontáveis e eis senão quando sou, também eu, obrigada a migrar para o rachtaparta do beta. Vamos lá ver o resultado... Aparentemente está tudo na mesma, pelo menos aqui no dashboard, olá ukié.
Tenho vários assuntos para falar convosco, mas já volto. Quero ver primeiro como ficou esta coisa.

3/09/2007

Geração Rasca

É a primeira vez que estou a fazer isto, mas "nécessité oblige" e eu sei que os meus inúmeros e incontáveis (cada vez em menor número, por minha causa, eu sei, que a falta de comparência paga-se caro) vão compreender.

Procuro jovens que tenham pertencido à chamada "Geração Rasca". O motivo é um trabalho sobre lutas estudantis. Se não forem desta geração mas tiverem participado em lutas estudantis, também servem. Se estiverem nesta situação ou conhecerem pessoas que me possam ajudar, por favor apitem. Também podem mandar um email para calamityjanerealmente@gmail.com. Preciso de testemunhos até meio da semana que vem.

Conto convosco, inúmeros e incontáveis.

Beijos e prometo em breve voltar ao vosso convívo com mais regularidade. Balé??