E pronto, sem mais demoras, aqui vai, pois, o primeiro dos meus mêmes
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As Crianças
(...) Os vossos filhos não são vossos filhos...
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma
Vêm através de vós, mas não de vós
E embora vivam convosco, não vos pertencem
Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não as vossas ideias
Pois eles possuem as suas próprias ideias
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas
Pois as suas almas habitam nas moradas do amanhã
que nem nos vossos sonhos podeis visitar
Podeis esforçar-vos para vos tornardes como eles
mas não procureis torná-los como vós
Pois a vida não anda para trás nem no ontem se detém.
Vós sois os arcos dos quais, como flechas vivas, os vossos filhos serão lançados
O Arqueiro vê a presa no percurso do infinito e empresta-vos o seu poder para que as vossas flechas partam ligeiras e cheguem longe
Que a vossa inflexão pela mão do arqueiro se destine à alegria
Pois assim como ele ama a flecha que voa
Ama também o arco que se mantém estável.
Claro que este même não é meu. Usurpei-o. Foi escrito pelo fabulástico poeta Khalil Gibran, que no século XIX viveu no Líbano, se não estou em erro, e deu à luz, entre outros, um livro pleno de senso comum transformado em hino à vida chamado O Profeta, de onde este "As Crianças" foi retirado. Tomei a liberdade de alterar ligeiramente as traduções que encontrei na net que não correspondiam totalmente ao texto que conheço originalmente noutras línguas