Revi ontem à noite esse magnífico yet angustiante filme que dá pelo nome de Mississipi Burning. Os acontecimentos relatados datam de 1964 - ou seja, já lá vão 42 anitos. A coisa passa-se no tal país que se auto-intitula a maior democracia do mundo mas que nem sabe o que é um sufrágio directo e universal e até tem um palhaço chamado Bush na presidência embora não tenha sido eleito pelo povo. Eu sei que é muito tempo e muito quilómetro de distância. Mas não sei porquê (a ler com tom irónico, não sei como se imprime graficamente) dei comigo a pensar o quanto aquilo é tragicamente actual. E tuga.
E nem de propósito. Hoje ao pequeno-almoço, como leitora compulsiva que sou agarrei no primeiro pedaço de papel de jornal que apanhei à mão pra me entreter. Era mesmo um reles pedaço de papel chamado destak (espero não ofender nenhum dos meus inúmeros e incontáveis leitores com esta consideração) e nem sequer era de hoje. Mas ao pequeno-almoço a malta ainda está sonolenta e qualquer bacalhauzito de terceira basta. E lá estava, preto no branco, uma carta de leitor, de um tal Ricardo de Cascais, se a memória não me falha. O discurso era o bem conhecido "eu cá não sou racista, mas...". Normalmente é o suficiente para eu desligar, zappar, virar as costas, desligar o telefone, virar a página, mas o filme estava tão fresquinho ainda... Deixa cá ver o que este gajo tem aqui para dizer. A história era sobre um tal de um "conhecido meu"que foi "assaltado à mão armada" por dois tais de "indivíduos de cor" (que também é uma expressão que me faz logo ir aos arames: o que é uma pessoa de cor? Quer dizer, eu não tenho cor? Sou transparente? e o chinês da loja em frente? Tem cor ou também não tem, como eu? Aliás, quando não havia TV a cores, ela era a preto e branco; sendo assim, os brancos deixam de ser brancos e os negros de ser negros, para, uns deixarem de ter cor, e outros passarem a ser "de cor"... bom, adiante) então dizia o tal leitor, com a tal ressalva de que sabia bem o desprezo com que certas pessoas tratavam os africanos em Portugal, mas que realmente só graças a um "português" é que o tal do "conhecido" se tinha safado e que angolanos, moçambicanos e caboverdianos sim, mas calminhos e bem comportadinhos. Como é que eles queriam ser bem aceites pelos portugueses se se portavam assim? Lembrou-me outro que dizia qualquer coisa do género: "se os pretos querem viver entre nós, tudo bem, desde que sejam ordeiros". "Ordeiros"??!!! Faz-me pensar que os franceses têm um insulto óptimo para quem usa este tipo de discurso: "Ordure!" Significa "lixo!". Oh Ricardo de Cascais ó lá coméquetechamas. Vê se te mancas, ó lixo da nossa vergonha! A minha irmã foi assaltada à mão armada por dois filhasdaputa brancos e, claro, ninguém referiu que eram brancos. Talvez não tivessem cor. É que o lixo, sabes, ó Ricardo de Cascais, não tem cor. É como tu.
3/17/2006
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2 comentários:
Boa!! Que belo texto!
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