É de tal forma alucinante a vida de todos os dias que este tasco fez anos há uma semana e só ontem me toquei. Quatro anos de blogosfera. Passaram à velocidade de uma ligação em banda larga. Refiro-me às que funcionam, claro.
Não vou fazer aqui um balanço de tudo o que significaram estes quatro anos em termos de ligações que vão muito para além de um enigmático código html. Já muito escrevi sobre isso e quem eventualmente queira recordar ou saber o que pensei - ou melhor, o que consegui apanhar desses pensamentos e depois escarrapachei aqui para poder partilhar com os inúmeros e incontáveis - pode sempre espreitar estas postas (entre outras).
Sempre ouvi dizer que na internet andava muita gente sem escrúpulos, pedófilos e violadores que coleccionavam dados da nossa vida privada até lograrem apanharem-nos numa viela escura e deserta e fazer-nos a folha, assim como aos nossos filhos, sobrinhos, pais e avós. Que da rede, como de Espanha, nem bons ventos, nem (muito menos!) bons casamentos. Dei por mim muitas vezes a pensar que ou era muito sortuda ou muito ingénua e, dados os antecedentes, achei que a segunda hipótese era de longe a mais verosímil. Mas, como o coração é casmurro, continuei a comportar-me como uma criança crédula. Expus-me aqui como raramente o tinha feito na vida real. Deambulei de link em link e descobri mundos. Pressenti serem muitos deles reais, feitos de gente de carne e osso, gente autêntica cuja essência me tocou como se lhes lesse limpidez nas pupilas que não via. Cruzei-me com algumas e confirmei a sua existência de facto, para lá dos nicks que vestiam. E verifiquei que os alteregos não lhes serviam de máscara, apenas de roupagem que, aliás, nem sempre lhes permitia escapar a um ou outro resfriado.
Claro, estaria a mentir se dissesse que isto é (apenas) um admirável mundo novo. Na blogosfera, como na vida (quantas e quantas vezes escrevi aqui que aquela constitui hoje em dia uma das mais perfeitas metáforas desta), prolifera também uma horda de gente medíocre, invejosa, mesquinha, interesseira, mentirosa, baça, desprovida de escrúpulos, de interesse e de talento. Mas, curiosamente, tenho vindo a aperceber-me que o meu desconfiómetro funciona melhor na leitura do que ao vivo e a cores. Pode parecer estranho mas é assim mesmo. Talvez por ter levado a minha infância a devorar livros mais do que a jogar à apanhada, desenvolvi esta capacidade que até há instantes nem sequer tinha verbalizado interiormente: há qualquer coisa na forma como as pessoas se exprimem por escrito que me faz apreendê-las melhor. Grasp, dir-se-ia em inglês. E a tascosfera permite ignorá-las com mais facilidade do que se nos tocassem à campaínha numa manhã de domingo querendo impingir-nos revistas chamadas sentinela ou se nos fizessem a vida negra num escritório a três dimensões.
Tudo isto (já sabeis que para ir de A a B, tenho de ir dar uma voltinha ao abecedário completo! ) para dizer que ontem recebi O Presente que coroa estes quatro anos de crescimento interior e na relação com o outro. Não posso qualificá-lo como inesperado. Estaria a mentir se dissesse que nunca me tinha passado pela cabeça recebê-lo. Mas, à semelhança de um bom thriller, o susto não foi menor, porque desconhecia por completo o momento em que tal poderia suceder. Ou se não passaria de uma fantasia. De forma que o embrulho me caiu nos braços como se um desconhecido de repente me oferecesse flores.
Há meses que frequento o tasco e que me sinto ali como em casa. De tal forma que foi crescendo em mim um sentimento de pertença. Não acredito em amores não correspondidos. Quando a afinidade é real, ela só pode ser recíproca. Há na relação humana qualquer coisa de transcendente que tem a ver com a inteligência, no sentido filosófico do verbo inteligir. O que quero dizer é que, mesmo que não me oferecessem sociedade, eu sentia-me parte da pandilha. E é muito boa esta sensação. Que culmina com um email: (...) Caso, para grande pena nossa, prefiram continuar só nas caixinhas fiquem a saber que o epíteto de Cabras já ninguém vos tira!... (sim, porque convite não foi só para mim! Atingiu em cheio a carola da peixa mais desmiolada da blogosfera!).
De modos que, inúmeros e incontáveis, vem a vossa Calamitosa anunciar-vos, da única forma que sabe, ou seja, num lençol a preceito, que, daqui para a frente, podeis chamar-me cabra. De serviço, num blog perto de si.
3/29/2009
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18 comentários:
Pois a mim atingiu-me mesmo na carola!!!!
Mas lá está, tu és a gémea atenta e esperta!!! Eu sou a loira desmiolada!
;o)
Já te disse que tu e a peixa são como as pescadas - antes de serem cabras já o eram...
Parabéns, CêJane. Ainda bem que está aqui escrito o que eu penso sobre estas virtualidades. Também tenho tido sorte e às vezes ponho-me a pensar que não é só sorte é mais cada um ter aquilo que procura nestas coisas de relações.
Há por aqui gente muito cheia de coisas boas e tu és uma delas. Ainda bem que andas por aqui há quatro anos!
Vou lá espreitar as cabrices :)
E claro que estás incluida no dia 18 :))
eu, q n te acompanho há 4 anos [mas q ja os li a todos] só espero q aqui fiques, n menos q pela eternidade ;)
já das cabrices, é só [mais] um bom motivo, p continuar a lá ir ;)
bj meu
e PARABÉNS! :)
acabei de ver :D e adorei o parto!! :)
duplamente parabéns!
nada a acrescentar ao teu textoaoquilómetro :) a blogosfera é um mundo onde há de tudo um pouco bom e menos bom.
aquele é um dos espaços que pertence ao bom e que tu contribuirás para ser ainda melhor.
Obrigada, meninas!
Monikyta, leste o meu blog TODO???
(claro que fico por aqui tb!!!)
Parabéns a dobrar então:)
Continuarei a ler aqui e lá:)
Bjkas
Parabéns, CJ! Por tudo.
Existem amores não correspondidos, existem. Mas tb há as twin souls e as similar souls. Parece-me que, na tascosfera, além da mediocridade, tb tens encontrado destas duas categorias raras. Por tudo isso, parabéns, minha cabra gira.
Mais um post daqueles... :)
Parabéns pelos 4 anos. E continua por quantos quiseres.
Agora, vou cuscar o outro blog!
Cristina
Parabéns (a dobrar). Gosto do cabra, mas o consigo acompanhar. :) Aquilo é mta posta, mto conteúdo, mto q digerir (e pocuo tempo).
Uma cabra que eu gosto(gostava) muito de conhecer... gosto tanto de te ler pá!!!
Beijinho grande de parabéns e que venham muitos x4.
CABRA! Mas vê lá não descuides este tasco. E vou tendo oportunidade de te ler em mais alguns sítios.
Oube lá... telefonaste para que tlf e mandaste mensagem para onde que não ouvi/vi nada?
já lá vou, já lá vou...
e parabéns!
Claro que na tascolandia, ha gente boa e ma como em todo o lado da vida. A coisa boa, eh que eh tao mais facil ignorar quem nao nos interessa aqui... tao mais! :D Quem dera fosse assim com o vizinho horrivel e o colega que tirou a vida para nos humilhar.
Já costumo espreitar o Cabra, mas agora contigo lá vai ser muito mais emocionante. E com a Peixa.
Parabéns.
Para este blog e para o outro.
li...sim, eu sei....o feitiço vira-se contra o feiticeiro :P
bj meu
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