
9/28/2007
9/26/2007
E mais retrocessos
(aviso à navegação: esta posta contém expressões eventualmente chocantes)
Há muitos, muitos anos, andava eu no liceu e tinha um professor de uma disciplina chamada "Ciências Económicas e Sociais" que me ensinou muito do que eu sei hoje. Entre outras coisas, que aquilo a que chamamos actualmente "Economia" não é uma ciência exacta, mas antes faz parte das chamadas ciências sociais e humanas. Mas isso, para não variar do meu hábito de estar sempre a desviar do assunto, não é o que me traz aqui agora, embora desse certamente um muito bom tema para uma posta.
O meu prof, que me iniciou, assim como a muitos dos meus colegas da altura, às bases do pensamento contemporâneo, às raízes do sistema capitalista e, por assim dizer, ao hábito que ainda hoje tenho de tudo relacionar, que me permite, acho eu, ter uma visão mais ou menos lúcida e global do mundo, falava com frequência nos filósofos John Locke e Thomas Hobbes, contrapondo o pensamento deste último com o de Rousseau - o Jean-Jacques - , que era de opinião que o Homem é naturalmente bom. À época, com a ingenuidade própria dos meus 14 ou 15 anos, eu alinhava pelo pensamento deste último e achava que o Hobbes devia ser um tipo muito pessimista e até algo cínico ao afirmar com tanta frieza que "Homo homini lupus", ou seja, que o homem é um lobo para si próprio. Isto, no sentido da maldade do ser humano, do facto de este se constituir em predador da sua própria espécie - e não para responder a necessidades imediatas e vitais como a alimentação.
Pois hoje vejo-me forçada a aceitar que Hobbes não se enganou, o que é deveras preocupante, uma vez que passaram cerca de quinhentos anos sobre os escritos de tal personagem, o qual desenvolvia a teoria de vivermos num estado de "guerra de todos contra todos".
Foda-se. Eu sei, inúmeros e incontáveis. Estou cada vez pior. Só digo ordinarices e com frequência crescente, mas nem sequer me apetece controlar esta minha ânsia de escrever palavrões por extenso, saboreando cada sílaba, cada letrinha, e só tenho pena que a nossa língua, noutra áreas tão rica, seja tão parca nestas palavritas - pois, além do mais, elas são pequenitas: deviam ter todas pelo menos quatro ou cinco sílabas, que era para permitirem alguma satisfação, que é, afinal do contas, o objectivo da sua existência. Foda-se, portanto. Fo-da-se. F-O-D-A-S-EEEEEEEE. - Foda-se, dizia eu. Que merda de país este. Que merda de mundo este. É melhor ficar com raiva. Com ódio. Com nojo. Berrar. Mijar. Vomitar. Porque a alternativa é chorar. A dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor. Um dia quis começar a escrever um livro. O livro que ia revelar uma grande escritora ao mundo. A grande obra. Aquela que trago há tanto tempo guardada dentro de mim. E então comecei (Pois não é isto que custa sempre tanto: começar?..). E foi isto que escrevi:
A dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor. Parecia o lunático representado por Jack Nicholson naquele filme, "The Shining".
Não, inúmeros e incontáveis. A vossa Calamity ainda não se passou. Por completo, digo. Foi só de ver o noticiário à hora do almoço. A Esmeralda. A Sara. A Maddie. Foda-se, que não dá. Não dá, não dá pra aguentar mais esta merda do caralho da porra de asco nojento de bosta de cagalhão de esgoto podre javardo e obnóxio (esta última porque, de tão feia, parece um palavrão). Vêem? Não há palavrões que nos aliviem. Não há. Uma pessoa vê-se obrigada a usar vocábulos esquisitos e mesmo assim não funciona.
A Esmeralda. A Sara. A Maddie. E a Joana. E o Daniel. E a Vanessa. O que é esta merda?????!!!!! O que é isto????!!!! Eu sou mãe, porra!!!! Devo deixar de ligar a televisão? Devo emigrar? Mudar de profissão? Será que alguma destas soluções o seria? Será que iria deixar de doer? Doer um pouco menos? Aligeirar o medo que sinto por mim, pelos meus filhos, pelos filhos que eles terão um dia? E será que eles vão querer tê-los? Ou irão eles renunciar ao desígnio da paternidade por terror, por pavor deste mundo que herdámos e lhes deixamos de herança. Do qual não temos culpa, talvez, mas pelo qual somos todos responsáveis. O que havemos de fazer??? O que hei de fazer???
Há quase um século, um poeta português (Augusto Gil, acho eu) exprimia assim o desalento: (Praticamente cem anos volvidos continua tudo na mesma. Na mesma?)
(...)
Mas as crianças, Senhor
Porque lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim?
E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação,
Entra em mim, fica em mim presa...
Há muitos, muitos anos, andava eu no liceu e tinha um professor de uma disciplina chamada "Ciências Económicas e Sociais" que me ensinou muito do que eu sei hoje. Entre outras coisas, que aquilo a que chamamos actualmente "Economia" não é uma ciência exacta, mas antes faz parte das chamadas ciências sociais e humanas. Mas isso, para não variar do meu hábito de estar sempre a desviar do assunto, não é o que me traz aqui agora, embora desse certamente um muito bom tema para uma posta.
O meu prof, que me iniciou, assim como a muitos dos meus colegas da altura, às bases do pensamento contemporâneo, às raízes do sistema capitalista e, por assim dizer, ao hábito que ainda hoje tenho de tudo relacionar, que me permite, acho eu, ter uma visão mais ou menos lúcida e global do mundo, falava com frequência nos filósofos John Locke e Thomas Hobbes, contrapondo o pensamento deste último com o de Rousseau - o Jean-Jacques - , que era de opinião que o Homem é naturalmente bom. À época, com a ingenuidade própria dos meus 14 ou 15 anos, eu alinhava pelo pensamento deste último e achava que o Hobbes devia ser um tipo muito pessimista e até algo cínico ao afirmar com tanta frieza que "Homo homini lupus", ou seja, que o homem é um lobo para si próprio. Isto, no sentido da maldade do ser humano, do facto de este se constituir em predador da sua própria espécie - e não para responder a necessidades imediatas e vitais como a alimentação.
Pois hoje vejo-me forçada a aceitar que Hobbes não se enganou, o que é deveras preocupante, uma vez que passaram cerca de quinhentos anos sobre os escritos de tal personagem, o qual desenvolvia a teoria de vivermos num estado de "guerra de todos contra todos".
Foda-se. Eu sei, inúmeros e incontáveis. Estou cada vez pior. Só digo ordinarices e com frequência crescente, mas nem sequer me apetece controlar esta minha ânsia de escrever palavrões por extenso, saboreando cada sílaba, cada letrinha, e só tenho pena que a nossa língua, noutra áreas tão rica, seja tão parca nestas palavritas - pois, além do mais, elas são pequenitas: deviam ter todas pelo menos quatro ou cinco sílabas, que era para permitirem alguma satisfação, que é, afinal do contas, o objectivo da sua existência. Foda-se, portanto. Fo-da-se. F-O-D-A-S-EEEEEEEE. - Foda-se, dizia eu. Que merda de país este. Que merda de mundo este. É melhor ficar com raiva. Com ódio. Com nojo. Berrar. Mijar. Vomitar. Porque a alternativa é chorar. A dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor. Um dia quis começar a escrever um livro. O livro que ia revelar uma grande escritora ao mundo. A grande obra. Aquela que trago há tanto tempo guardada dentro de mim. E então comecei (Pois não é isto que custa sempre tanto: começar?..). E foi isto que escrevi:
A dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor. A dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor a dor. Parecia o lunático representado por Jack Nicholson naquele filme, "The Shining".
Não, inúmeros e incontáveis. A vossa Calamity ainda não se passou. Por completo, digo. Foi só de ver o noticiário à hora do almoço. A Esmeralda. A Sara. A Maddie. Foda-se, que não dá. Não dá, não dá pra aguentar mais esta merda do caralho da porra de asco nojento de bosta de cagalhão de esgoto podre javardo e obnóxio (esta última porque, de tão feia, parece um palavrão). Vêem? Não há palavrões que nos aliviem. Não há. Uma pessoa vê-se obrigada a usar vocábulos esquisitos e mesmo assim não funciona.
A Esmeralda. A Sara. A Maddie. E a Joana. E o Daniel. E a Vanessa. O que é esta merda?????!!!!! O que é isto????!!!! Eu sou mãe, porra!!!! Devo deixar de ligar a televisão? Devo emigrar? Mudar de profissão? Será que alguma destas soluções o seria? Será que iria deixar de doer? Doer um pouco menos? Aligeirar o medo que sinto por mim, pelos meus filhos, pelos filhos que eles terão um dia? E será que eles vão querer tê-los? Ou irão eles renunciar ao desígnio da paternidade por terror, por pavor deste mundo que herdámos e lhes deixamos de herança. Do qual não temos culpa, talvez, mas pelo qual somos todos responsáveis. O que havemos de fazer??? O que hei de fazer???
Há quase um século, um poeta português (Augusto Gil, acho eu) exprimia assim o desalento: (Praticamente cem anos volvidos continua tudo na mesma. Na mesma?)
(...)
Mas as crianças, Senhor
Porque lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim?
E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação,
Entra em mim, fica em mim presa...
9/25/2007
Retrocessos
Olha que giro! Esta é a posta nº 100! Que títalo mais sugestivo... nada como realmente, não é, ó Inúmeros e Incontáveis?!...
Porque será que, cada vez mais, tenho a sensação de que o país está a andar para trás e não para a frente?
Os exemplos são inúmeros e variados. Cobrem as mais diversas áreas de actividade e, mesmo em termos culturais, é muito discutível que o nível geral esteja mais elevado. Sim, o analfabetismo baixou desde 1974. É um facto. Mas será que não foi à custa de um iletrismo crescente? É que, pelo que vejo, ouço e leio...
Mas dizia eu que vejo esta coisa a que chamamos Portugal a retroceder dia após dia, e isto, perante a complacência impávida e serena das várias gerações que deveriam berrar e estrabuchar, cada vez mais alto, e impedir o caminhar lento mas inexorável desta tanga pró cadafalso. Alguns dados soltos para ilustrar este meu pensamento:
- Simplex? Sim quê? Onde? Como? Excuso de desenvolver, não excuso?
- O novo Estatuto do Jornalista. Uma lei bacoca e fascizante, que o próprio Cavaco vetou. Será preciso explicar mais? Já só falta mesmo vir a comissão do lápis lazuli tratar-nos da saúde aos textos, conteúdos e - horror dos horrores! - opiniões que possam estar manifestas ou implícitas, já que - toda a gente sabe - , se há coisa absolutamente proíbida a um jornalista, seja ele assalariado ou, sobretudo, "independente" (este também um conceito deveras sui generis nos dias que correm e no país que temos), é ter e manifestar uma opinião, sobretudo se esta for contra a corrente - leia-se, contra quem manda nela, ou seja os grandes grupos económicos donos das empresas "jornalísticas", que é como quem diz o governo, que é como quem diz esta merda vai toda dar ao mesmo e como diziam uns gaijos que em tempos tiveram alguma piada mas depois foram para o parlamento, "só mudam as moscas", isto é quando o senhor Marques Mendes ou o seu concorrente Menezes se tornarem primeiros-ministros a malta vai continuar a rir-se a bom rir, mas adiante, ou onde é que eu ia, que já tou com as ideias trocadas, ai, balha-me deuj noxenhore...
- E já que falamos em "novo", falemos então no tal "Novo Código de Processo Penal" - é assim que se diz, não é?
Quer-se dizer. Esta gente, em vez de trabalhar comàs pessoas, e fazer com que os processos decorram um bocadichinho mais depressa, que é pró bacanos que enchem as nossas cadeias serem julgados em tempo útil e para que não passem anos esquecidos a apodrecer em prisão preventiva, não!, vá de alterar a lei e sacar cá pra fora figuras de filme de terror como o padrasto do Daniel, que, francamente, e apesar de eu ser rigorosamente CONTRA os julgamentos populares - e linchamentos e outros que tais terminados em mentos, à excepção talvez dos jumentos, uns gajos porreiros nos dias que correm -, só merecia que lhe tivessem enfiado UMA VASSOURA DE PREGOS pelo ânus acima até que lhe saísse pela boca.
Isto, enfim, para não mencionar outros que deviam lá estar mas, não só não estão, como ocupam lugares de relevo na nossa sociedade e passeiam-se nos seus carros de luxo, deitam-se nas camas dos hotéis de luxo que licenciaram a troco de sabe-se lá que favores em paisagens que outrora foram protegidas e agora estão fodidas, desculpem lá os inúmeros e incontáveis a frieza do verbo mas a bem dizer esta cena já viu melhores dias ou então é da minha vista que me entrou um cisco pró olho, a bem dizer...
- E só porque esta posta já vai longa e não me pagam pra publicar mensagens subversivas na internet, aliás, não me pagam pra muitas outras coisas e o que pagam mal dá pró gasto, mas isso são outros assuntos e a posta já vai longa e eu já me estou a repetir (não liguem, ó inúmeros e incontáveis, está a dar-me um daqueles meus ataques ou achaques ou lá o que é), só porque não dá agora pra continuar, que eu, a bem dizer, era capaz de continuar a achar exemplos de como esta merda vai de mal a pior até pelo menos ao próximo dia 17 de outubro, isto se continuasse a escrever non-stop, e só porque depois ia precisar de comer qualquer coisinha, tomar um duche e mudar de roupa, dizia eu então que só pra terminar esta posta ia agora falar de um assunto assim a modos que mai levezinho mas não menos ilustrativo do quão para trás isto anda e não prà frente como seria normal, expectável e, quiçá?, desejável.
Quiseram o destino e os meandros desta insondável existência que eu mandasse umas larachas a troco de uns miserentos trocos numa universidade privada cujo nome não mencionarei mas que se gaba de ter um corpo docente valioso embora não seja capaz de o pagar a tempo e horas, aliás, capaz será, mas encaixam-se muitos milhares de euros por mês retendo os salários de várias centenas de professores durante cerca de doze dias por mês (e os respectivos subsídios de férias e Natal ao longo de seis meses - seis!) e lá estou eu outra vez com o meu mau feitio e sempre a desviar-me do assunto, ora desculpem lá os inúmeros e incontáveis mas isto é a minha incorrigível língua de trapos...
Dizia eu pois que a dita-cuja universidade me faz o favor de pagar tardiamente uns tustos a troco de eu partilhar algum do meu parco saber com umas criaturas por quem os respectivos pais desembolsam fortunas consideráveis a fim de lhes garantir um futuro deveras incerto enquanto elas - as criaturas - se passeiam em jeeps de luxo que nem nos meus sonhos mais atrevidos eu conduzirei um dia e emborcam cervejas e fumam cigarros no bar da faculdade e depois não sabem que "dever" é um verbo transitivo e também não percebem que um trabalho universitário se redige em Português e não se assemelha a nenhuma sms nem a um conjunto das ditas. As referidas criaturas também têm uma certa dificuldade em distinguir um trabalho de pesquisa de um mero plágio e algumas delas nem deveriam ter alguma vez passado da quarta classe, mas isto sou eu novamente a deixar-me levar pela maldade, pois o país carece de licenciados a fim de engrossar a lista dos disponíveis da função pública, e também para poderem ser eles os que, por sua vez, ensinarão aos nossos filhos (salvo seja!!!) aquilo que aprenderam nos quatro anos passados a beber cerveja e a fumar cigarros num bar repleto de avisos reaccionários e circulares com cigarros atravessados obliquamente por um traço vermelho. Adiante.
Pois se há coisa que me irrita, para além dos "eu devo de" e dos testes e trabalhos recheados de pérolas da nossa literatura - e da nossa argúcia! - como "Câmara subjectiva é aquela k está lá mas não se vê", se há coisa, pois, que me enerve e até, ouso dizer, que me entedie, é ver as referidas criaturas fardadas - perdão, trajadas - com aquelas fatiotas pretas a que dão o pomposo nome de "capa e batina". É aquilo, não é? Aqueles fatos pretos, 'bleizer' e saia pelo joelho prà menina e 'bleizer' e calça clássica pró menino, ambos com gravata preta presa com colher (com colher???!!!! No meu tempo passear-se com uma colher significava andar a dar na fruta... e não era na salada de), camisa branca de poliester e meia preta (collant) no caso ainda das meninas, que envergam tão brilhante vestimenta combinando-a com um calçado a preceito digno de ter sido usado pelas senhoras suas avós no tempo em que não havia duas marcas distintas em Portugal e os sapatos eram todos fabricados em Santa Maria da Feira. Eh pá, desculpem lá, mas há que dizê-lo com frontalidade: há lá coisa mai feia do que um estudante com aquela roupa esquisita que mais parece estarem todos de luto no ano da graça de 1947? E o pior é que cada vez são mais a andar com aquilo vestido! São às resmas, aos magotes. Eh pá, até no tempo da outra senhora, os estudantes se vestiam melhor. E foram capazes de mexer um bocado com as coisas. Agora com uma geração de universitários que usa aquilo, e ainda por cima com orgulho, embora não façam a mais pequena ideia do que significa 'paradigma' e julguem que Levi-Strauss é um famoso designer de calças de ganga, digam lá, ó inúmeros e incontáveis: Como é que esta merda há de andar prà frente??? Hein??!!!
Porque será que, cada vez mais, tenho a sensação de que o país está a andar para trás e não para a frente?
Os exemplos são inúmeros e variados. Cobrem as mais diversas áreas de actividade e, mesmo em termos culturais, é muito discutível que o nível geral esteja mais elevado. Sim, o analfabetismo baixou desde 1974. É um facto. Mas será que não foi à custa de um iletrismo crescente? É que, pelo que vejo, ouço e leio...
Mas dizia eu que vejo esta coisa a que chamamos Portugal a retroceder dia após dia, e isto, perante a complacência impávida e serena das várias gerações que deveriam berrar e estrabuchar, cada vez mais alto, e impedir o caminhar lento mas inexorável desta tanga pró cadafalso. Alguns dados soltos para ilustrar este meu pensamento:
- Simplex? Sim quê? Onde? Como? Excuso de desenvolver, não excuso?
- O novo Estatuto do Jornalista. Uma lei bacoca e fascizante, que o próprio Cavaco vetou. Será preciso explicar mais? Já só falta mesmo vir a comissão do lápis lazuli tratar-nos da saúde aos textos, conteúdos e - horror dos horrores! - opiniões que possam estar manifestas ou implícitas, já que - toda a gente sabe - , se há coisa absolutamente proíbida a um jornalista, seja ele assalariado ou, sobretudo, "independente" (este também um conceito deveras sui generis nos dias que correm e no país que temos), é ter e manifestar uma opinião, sobretudo se esta for contra a corrente - leia-se, contra quem manda nela, ou seja os grandes grupos económicos donos das empresas "jornalísticas", que é como quem diz o governo, que é como quem diz esta merda vai toda dar ao mesmo e como diziam uns gaijos que em tempos tiveram alguma piada mas depois foram para o parlamento, "só mudam as moscas", isto é quando o senhor Marques Mendes ou o seu concorrente Menezes se tornarem primeiros-ministros a malta vai continuar a rir-se a bom rir, mas adiante, ou onde é que eu ia, que já tou com as ideias trocadas, ai, balha-me deuj noxenhore...
- E já que falamos em "novo", falemos então no tal "Novo Código de Processo Penal" - é assim que se diz, não é?
Quer-se dizer. Esta gente, em vez de trabalhar comàs pessoas, e fazer com que os processos decorram um bocadichinho mais depressa, que é pró bacanos que enchem as nossas cadeias serem julgados em tempo útil e para que não passem anos esquecidos a apodrecer em prisão preventiva, não!, vá de alterar a lei e sacar cá pra fora figuras de filme de terror como o padrasto do Daniel, que, francamente, e apesar de eu ser rigorosamente CONTRA os julgamentos populares - e linchamentos e outros que tais terminados em mentos, à excepção talvez dos jumentos, uns gajos porreiros nos dias que correm -, só merecia que lhe tivessem enfiado UMA VASSOURA DE PREGOS pelo ânus acima até que lhe saísse pela boca.
Isto, enfim, para não mencionar outros que deviam lá estar mas, não só não estão, como ocupam lugares de relevo na nossa sociedade e passeiam-se nos seus carros de luxo, deitam-se nas camas dos hotéis de luxo que licenciaram a troco de sabe-se lá que favores em paisagens que outrora foram protegidas e agora estão fodidas, desculpem lá os inúmeros e incontáveis a frieza do verbo mas a bem dizer esta cena já viu melhores dias ou então é da minha vista que me entrou um cisco pró olho, a bem dizer...
- E só porque esta posta já vai longa e não me pagam pra publicar mensagens subversivas na internet, aliás, não me pagam pra muitas outras coisas e o que pagam mal dá pró gasto, mas isso são outros assuntos e a posta já vai longa e eu já me estou a repetir (não liguem, ó inúmeros e incontáveis, está a dar-me um daqueles meus ataques ou achaques ou lá o que é), só porque não dá agora pra continuar, que eu, a bem dizer, era capaz de continuar a achar exemplos de como esta merda vai de mal a pior até pelo menos ao próximo dia 17 de outubro, isto se continuasse a escrever non-stop, e só porque depois ia precisar de comer qualquer coisinha, tomar um duche e mudar de roupa, dizia eu então que só pra terminar esta posta ia agora falar de um assunto assim a modos que mai levezinho mas não menos ilustrativo do quão para trás isto anda e não prà frente como seria normal, expectável e, quiçá?, desejável.
Quiseram o destino e os meandros desta insondável existência que eu mandasse umas larachas a troco de uns miserentos trocos numa universidade privada cujo nome não mencionarei mas que se gaba de ter um corpo docente valioso embora não seja capaz de o pagar a tempo e horas, aliás, capaz será, mas encaixam-se muitos milhares de euros por mês retendo os salários de várias centenas de professores durante cerca de doze dias por mês (e os respectivos subsídios de férias e Natal ao longo de seis meses - seis!) e lá estou eu outra vez com o meu mau feitio e sempre a desviar-me do assunto, ora desculpem lá os inúmeros e incontáveis mas isto é a minha incorrigível língua de trapos...
Dizia eu pois que a dita-cuja universidade me faz o favor de pagar tardiamente uns tustos a troco de eu partilhar algum do meu parco saber com umas criaturas por quem os respectivos pais desembolsam fortunas consideráveis a fim de lhes garantir um futuro deveras incerto enquanto elas - as criaturas - se passeiam em jeeps de luxo que nem nos meus sonhos mais atrevidos eu conduzirei um dia e emborcam cervejas e fumam cigarros no bar da faculdade e depois não sabem que "dever" é um verbo transitivo e também não percebem que um trabalho universitário se redige em Português e não se assemelha a nenhuma sms nem a um conjunto das ditas. As referidas criaturas também têm uma certa dificuldade em distinguir um trabalho de pesquisa de um mero plágio e algumas delas nem deveriam ter alguma vez passado da quarta classe, mas isto sou eu novamente a deixar-me levar pela maldade, pois o país carece de licenciados a fim de engrossar a lista dos disponíveis da função pública, e também para poderem ser eles os que, por sua vez, ensinarão aos nossos filhos (salvo seja!!!) aquilo que aprenderam nos quatro anos passados a beber cerveja e a fumar cigarros num bar repleto de avisos reaccionários e circulares com cigarros atravessados obliquamente por um traço vermelho. Adiante.
Pois se há coisa que me irrita, para além dos "eu devo de" e dos testes e trabalhos recheados de pérolas da nossa literatura - e da nossa argúcia! - como "Câmara subjectiva é aquela k está lá mas não se vê", se há coisa, pois, que me enerve e até, ouso dizer, que me entedie, é ver as referidas criaturas fardadas - perdão, trajadas - com aquelas fatiotas pretas a que dão o pomposo nome de "capa e batina". É aquilo, não é? Aqueles fatos pretos, 'bleizer' e saia pelo joelho prà menina e 'bleizer' e calça clássica pró menino, ambos com gravata preta presa com colher (com colher???!!!! No meu tempo passear-se com uma colher significava andar a dar na fruta... e não era na salada de), camisa branca de poliester e meia preta (collant) no caso ainda das meninas, que envergam tão brilhante vestimenta combinando-a com um calçado a preceito digno de ter sido usado pelas senhoras suas avós no tempo em que não havia duas marcas distintas em Portugal e os sapatos eram todos fabricados em Santa Maria da Feira. Eh pá, desculpem lá, mas há que dizê-lo com frontalidade: há lá coisa mai feia do que um estudante com aquela roupa esquisita que mais parece estarem todos de luto no ano da graça de 1947? E o pior é que cada vez são mais a andar com aquilo vestido! São às resmas, aos magotes. Eh pá, até no tempo da outra senhora, os estudantes se vestiam melhor. E foram capazes de mexer um bocado com as coisas. Agora com uma geração de universitários que usa aquilo, e ainda por cima com orgulho, embora não façam a mais pequena ideia do que significa 'paradigma' e julguem que Levi-Strauss é um famoso designer de calças de ganga, digam lá, ó inúmeros e incontáveis: Como é que esta merda há de andar prà frente??? Hein??!!!
9/14/2007
742 da Carris ou Contos de uma Outra Vida
A cara era-me familiar. O autocarro, agora pomposamente reno(u)me(r)ado pela Carris de 742 - vulgo, para os conhecedores, 42 - é dos mais propícios a encontros com personagens que trazem reminiscências de outra encarnação.
(Sim, porque a vossa Calamity transitou para a blogosfera - com incursões a milhentos outros locais entretanto, claro está - de vidas anteriores. No meu passado lastimoso, conheci realidades que fariam corar de vergonha, embaraço e mal-estar qualquer pedra da nossa orgulhosamente única no mundo calçada portuguesa. Mundos que outros apenas vislumbram em filmes mais ou menos realistas como o premiado "Quarto da Vanda" ou dos quais ouvem ecos aparentemente surreais nalgumas das mais cruas canções dos Da Weasel. Desses anos de contacto íntimo com o mais sórdido e assustador bas-fond, trouxe para a existência actual memórias dolorosas, perdas e um recorrente nó na garganta. Pelos que vi partir, pelos que nem vi partir, mas partiram, em casas-de-banho públicas de um café do bairro, irremediavelmente irreconhecíveis em camas de hospital, em recantos obscuros e nauseabundos da encosta sobrepovoada que dava para a Avenida de Ceuta. Pelos que iniciaram então as estadias prolongadas aos diversos estabelecimentos prisionais. Pelos que ainda vagueiam por aí, tantos deles sem saberem que há muito, muito tempo se foram e nem se lembram de quando a vida era uma promessa ensolarada e sorridente. Pelos que nunca saberei se foram ou não e hoje recordo com a incómoda sensação de que não tenho bem a certeza se alguma vez existiram ou se serão apenas personagens de um qualquer sonho bizarro).
A personagem, dizia, fazia-me recuar muitos, muitos anos. Teria mais ou menos a minha idade e, para dizer a verdade verdadinha, nunca fora do meu círculo mais próximo. Nem o nome recordava. Talvez o amigo de um amigo de um amigo. Talvez sim, amigo em terceiro ou quarto grau. Estava a pouco mais de três metros, eu ainda ao pé do obliterador, ele ao pé do vidro grande, em frente à porta do meio. Parecia olhar na minha direcção. Nunca fingi não reconhecer alguém, por mais andrajoso, por mais decadente. Posso não falar com quem me tenha feito mal, mas mesmo neste caso tenho uma tendência autoirritante para deixar que o tempo retire o peso a acções que por vezes mereceriam um virar de cara para todo o resto da eternidade. Mas isso é outra história e nada tem a ver com o caso.Talvez um dia destes escreva sobre o assunto que já ocupou, aliás, outras companheiras de escrita por paragens próximas. Anyway. Olhei de volta e murmurei um "Olá, estás bem?". Não caloroso, nem sequer simpático, mas educado. A personagem continuou a fixar-me mas não reagiu. Estranhei. Não sou mais do que ninguém, mas também não sou menos e sei, de experiência própria, que estes figurantes da tal vida anterior costumam ficar gratos quando são reconhecidos por pessoas que há muito deixaram de ter qualquer contacto com o Twilight Zone. Estranhei e continuei a fitá-lo por instantes. Depois, sem lhe vislumbrar sinais de mudança na atitude, virei costas e sentei-me naquele lugar de corpo e meio atrás do condutor. Talvez estivesse envergonhado, pensei. Talvez fosse efectivamente um fantasma. De repente senti uma presença ao meu lado: "Desculpa, tu não és a Calamity?", perguntava. Sorri. "Pensei que não me querias falar", respondi. "É que estou cego".
Apenas conseguia vislumbrar algo por um curto ângulo algures no canto de um dos olhos e tinha-me reconhecido com alguma dificuldade após ter sentido que eu olhava fixamente para ele. Trocámos umas palavras, educadamente. Deve ter a minha idade mas foi "reformado há quase vinte anos", disse. Provavelmente antes mesmo de ele próprio completar as duas décadas de existência.
Minutos antes, apenas, reflectia eu sobre o facto de a minha geração ser, de facto e apesar de o epíteto ter sido atribuído àquela que veio imediatamente a seguir, a verdadeira "Geração à Rasca". Não pelo trabalho precário, de que já tenho falado profusamente, não pela vida delirante que levamos entre o excesso de actividades e o tempo que insiste em escoar-se à velocidade da luz. Mas pelo estado psicológico em que muitos de nós se (nos) encontram(os). Deprimidos, esquizofrénicos, bipolares, borderlines. Ansiosos, angustiados, preocupados, desesperados. Ao ponto de umas e outros matarem os próprios filhos e suidarem-se em seguida como lemos e ouvimos dia sim, dia não.
A personagem da outra encarnação despediu-se e saíu. Ia para uma consulta no Curry Cabral. Resumiu a sua situação sem ponta de autopiedade, com dignidade, até. Segui-o com os olhos enquanto descia a rua frente ao Corte Inglês sem que nada no seu andar deixasse adivinhar a visão quase inexistente. Não pude evitar que um afluxo de líquido me turvasse a vista. Desci na paragem seguinte.
(Sim, porque a vossa Calamity transitou para a blogosfera - com incursões a milhentos outros locais entretanto, claro está - de vidas anteriores. No meu passado lastimoso, conheci realidades que fariam corar de vergonha, embaraço e mal-estar qualquer pedra da nossa orgulhosamente única no mundo calçada portuguesa. Mundos que outros apenas vislumbram em filmes mais ou menos realistas como o premiado "Quarto da Vanda" ou dos quais ouvem ecos aparentemente surreais nalgumas das mais cruas canções dos Da Weasel. Desses anos de contacto íntimo com o mais sórdido e assustador bas-fond, trouxe para a existência actual memórias dolorosas, perdas e um recorrente nó na garganta. Pelos que vi partir, pelos que nem vi partir, mas partiram, em casas-de-banho públicas de um café do bairro, irremediavelmente irreconhecíveis em camas de hospital, em recantos obscuros e nauseabundos da encosta sobrepovoada que dava para a Avenida de Ceuta. Pelos que iniciaram então as estadias prolongadas aos diversos estabelecimentos prisionais. Pelos que ainda vagueiam por aí, tantos deles sem saberem que há muito, muito tempo se foram e nem se lembram de quando a vida era uma promessa ensolarada e sorridente. Pelos que nunca saberei se foram ou não e hoje recordo com a incómoda sensação de que não tenho bem a certeza se alguma vez existiram ou se serão apenas personagens de um qualquer sonho bizarro).
A personagem, dizia, fazia-me recuar muitos, muitos anos. Teria mais ou menos a minha idade e, para dizer a verdade verdadinha, nunca fora do meu círculo mais próximo. Nem o nome recordava. Talvez o amigo de um amigo de um amigo. Talvez sim, amigo em terceiro ou quarto grau. Estava a pouco mais de três metros, eu ainda ao pé do obliterador, ele ao pé do vidro grande, em frente à porta do meio. Parecia olhar na minha direcção. Nunca fingi não reconhecer alguém, por mais andrajoso, por mais decadente. Posso não falar com quem me tenha feito mal, mas mesmo neste caso tenho uma tendência autoirritante para deixar que o tempo retire o peso a acções que por vezes mereceriam um virar de cara para todo o resto da eternidade. Mas isso é outra história e nada tem a ver com o caso.Talvez um dia destes escreva sobre o assunto que já ocupou, aliás, outras companheiras de escrita por paragens próximas. Anyway. Olhei de volta e murmurei um "Olá, estás bem?". Não caloroso, nem sequer simpático, mas educado. A personagem continuou a fixar-me mas não reagiu. Estranhei. Não sou mais do que ninguém, mas também não sou menos e sei, de experiência própria, que estes figurantes da tal vida anterior costumam ficar gratos quando são reconhecidos por pessoas que há muito deixaram de ter qualquer contacto com o Twilight Zone. Estranhei e continuei a fitá-lo por instantes. Depois, sem lhe vislumbrar sinais de mudança na atitude, virei costas e sentei-me naquele lugar de corpo e meio atrás do condutor. Talvez estivesse envergonhado, pensei. Talvez fosse efectivamente um fantasma. De repente senti uma presença ao meu lado: "Desculpa, tu não és a Calamity?", perguntava. Sorri. "Pensei que não me querias falar", respondi. "É que estou cego".
Apenas conseguia vislumbrar algo por um curto ângulo algures no canto de um dos olhos e tinha-me reconhecido com alguma dificuldade após ter sentido que eu olhava fixamente para ele. Trocámos umas palavras, educadamente. Deve ter a minha idade mas foi "reformado há quase vinte anos", disse. Provavelmente antes mesmo de ele próprio completar as duas décadas de existência.
Minutos antes, apenas, reflectia eu sobre o facto de a minha geração ser, de facto e apesar de o epíteto ter sido atribuído àquela que veio imediatamente a seguir, a verdadeira "Geração à Rasca". Não pelo trabalho precário, de que já tenho falado profusamente, não pela vida delirante que levamos entre o excesso de actividades e o tempo que insiste em escoar-se à velocidade da luz. Mas pelo estado psicológico em que muitos de nós se (nos) encontram(os). Deprimidos, esquizofrénicos, bipolares, borderlines. Ansiosos, angustiados, preocupados, desesperados. Ao ponto de umas e outros matarem os próprios filhos e suidarem-se em seguida como lemos e ouvimos dia sim, dia não.
A personagem da outra encarnação despediu-se e saíu. Ia para uma consulta no Curry Cabral. Resumiu a sua situação sem ponta de autopiedade, com dignidade, até. Segui-o com os olhos enquanto descia a rua frente ao Corte Inglês sem que nada no seu andar deixasse adivinhar a visão quase inexistente. Não pude evitar que um afluxo de líquido me turvasse a vista. Desci na paragem seguinte.
9/12/2007
Hoje não é 11 de Setembro
É 12. Mesmo assim não consigo deixar de me espantar com a forma como os media funcionam e condicionam a nossa agenda, as conversas e, pelos vistos até a blogosfera. Bem sei que 5 é um nº mais redondo que 6 (será?). Pelo menos para a comunicação social, que gosta de assinalar os aniversários, sobretudo quando terminam em 0 e 5. Mas espantou-me o facto de ter passado quase em branco o 11 de Setembro quando no ano passado a semana inteira foi preenchida em todos os canais de televisão com filmes e documentários, debates e especiais. Quando a blogosfera, pelo menos os tascos amigos e vizinhos, tinha em peso um post reservado sobre o assunto, directa ou indirectamente ligado. Até a vossa Calamity, apesar da sua proverbial intermitência, não deixou de dar o seu lamiré. E este ano, nada. Ou quase nada. A memória é curta? Esperaremos agora por 2011, quando se soprarem dez velas sobre as torres desmoronadas? Será que os McCann (Mc Caine, como diria "aquele jornalista sem pescoço", citado pela minha querida Estrelinha), e já que da menina, quase toda a gente se esqueceu, conseguiram fazer desvanecer do nosso espírito as imagens que no ano passado ainda nos viciavam/atormentavam? Será que daqui a 5 anos, por alturas do início de Maio teremos "especiais" informativos sobre a Praia da Luz, com directos à igreja da dita, entrevistas aos cães pisteiros e ao boneco de peluche cor-de-rosa? Será que Gerry conseguirá ser eleito o primeiro Presidente - e Kate a primeira Primeira Dama - do velhinho reino de Inglaterra?
9/06/2007
126 dias depois
Os jornalistas da SIC (sim, eu sei que há excepções, mas são raras...) ainda não aprenderam a pronunciar o nome do pai da Madeleine. Ó meus grandes cretinos: Gerry não é Gary! Será que não andaram na escola primária? Um 'G' e um 'e' lê-se 'je', mesmo em inglês. Haja paciência!
9/05/2007
Bora lá
Bora lá fazer a puta da revolução
Dar a volta a esta merda de uma vez por todas
Eu não consigo pactuar com este estado de coisas
Tá na hora de pegarmos no assunto com as nossas mãos
in Da Weasel - 'Amor, Escárnio e Maldizer'
Tentei pôr aqui o video, mas estava a bloquear constantemente; além disso, parece que os meus inúmeros e incontáveis não apreciam lá muito a postagem de vídeos , pela reacção à posta anterior. Aproveito para explicar que a mesma consistia numa espécie de alegoria. Sempre me identifiquei brutalmente - na verdadeira acepção do termo brutalmente - com a personagem do Nova York Fora de Horas. Na vida real também é assim: quando elas se dão, são umas atrás das outras. A diferença é que no filme, a malta ri-se...
Mas ainda assim, quero continuar a acreditar que podemos pegar "no assunto com as nossas mão". Bora lá
Dar a volta a esta merda de uma vez por todas
Eu não consigo pactuar com este estado de coisas
Tá na hora de pegarmos no assunto com as nossas mãos
in Da Weasel - 'Amor, Escárnio e Maldizer'
Tentei pôr aqui o video, mas estava a bloquear constantemente; além disso, parece que os meus inúmeros e incontáveis não apreciam lá muito a postagem de vídeos , pela reacção à posta anterior. Aproveito para explicar que a mesma consistia numa espécie de alegoria. Sempre me identifiquei brutalmente - na verdadeira acepção do termo brutalmente - com a personagem do Nova York Fora de Horas. Na vida real também é assim: quando elas se dão, são umas atrás das outras. A diferença é que no filme, a malta ri-se...
Mas ainda assim, quero continuar a acreditar que podemos pegar "no assunto com as nossas mão". Bora lá
8/20/2007
8/10/2007
Adeus
Símbolo familiar da resistência, orgulho desmedido do meu pai. Tu, o homem que viveu a revolta de Beja. Tu, que aguentaste, sem trair os teus camaradas, a tortura pidesca que te levou um dos pulmões antes mesmo de os meus se abrirem para o mundo. Tu, cuja imagem me acompanha desde que me lembro de mim, naquela memorável foto comigo aos ombros. Eras tu que mal te continhas de felicidade por conhecer a filha do teu irmão? Ou eu, que não cabia em mim por desfilar aos ombros do meu glamoroso tio?
Sabes que era por ti, para disputar a tua aprovação que eles - os dois putos! - se digladiavam nas intermináveis consoadas, em que o H bebia demais e fazia questão de se mostrar reaccionário só para ser do contra, ele que nunca soube arcar com o vosso brilhantismo. Todos discutiam, o meu pai passava-se, o H passava das marcas e tu batias com os punhos em cima da mesa, dizendo que não estavas disposto a aturar aquilo na tua casa. Talvez por isso não tenhas recebido a malta prá consoada no ano passado. Porque não estavas para levar com os números infantis dos teus dois irmãos mais novos que, ironicamente, o faziam para merecer a tua atenção - por que outro motivo o fariam? - mesmo que isso acabasse por estragar a noite de todos.
Mas era nessas noites que a família - pouco dada a grandes reuniões - estava junta, se ria das desgraças passadas e "recuperava" um ano inteiro sem se pôr a vista em cima. Minto: também havia o aniversário da F, a fechar o verão, num restaurante de Sesimbra ou do Meco, toda a malta a alambazar-se a tarde inteira de camarões e outras iguarias oceânicas. Sempre gostaste de te tratar bem - e a nós. Nos natais, nunca faltou o belo ananás dos Açores, o queijo da Serra a esvair-se, o tinto de reserva, tudo do bom e do melhor. Tudo tuga, que sempre foste adepto de que "o que é nacional é bom". À excepção do bacalhau, claro, de primeiríssima, cada posta com meio palmo de altura.
Todos os que passaram por ti de ti gostaram, porque sempre foste gentil e generoso, convicto das tuas convicções. Deve ter sido por isso - por que outra razão seria? - que sempre tiveste a casa cheínha de presentes. Nos tais natais, os da família eram apenas uma pálida amostra no meio dos outros todos, que submergiam por completo a carpete, no espaço exíguo que ia do pinheirito à mesa de vidro, cujo tampo mal se via debaixo das caixas e caixinhas. Devia ser, só podia ser por seres um bom homem, que nunca ouvi quem quer que fosse apontar-te o mínimo defeito. Nunca tiveste papas na língua e sempre te ouvi dizer o que pensavas - doesse a quem doesse. Sem violência, mas também sem rodeios. És também, para mim, um exemplo de amor conjugal: quantas décadas durou o teu casamento? Quantas viagens fizeram vocês juntos, sempre juntos? Sempre queridos um com o outro, sempre com presentes e mimos um para o outro, sempre moreníssimos dos verões passados na praia. Que vai ela fazer agora sem ti, ela que desde sempre viveu por ti? Sempre tão bonita, tão arranjada. Como devias amá-la... Como ela te ama... Como tentou despertar-te desse teu sono profundo, agora eterno. Por mais que feche os olhos, dentro das pálpebras fechadas continuo a ver-te, trinta e tal anos atrás, naquela fotografia a preto e branco, com a tua pequena sobrinha aos ombros. O teu bigode de esquerda. A tua pele morena. O teu sorriso.
Até sempre meu querido, querido tio
Sabes que era por ti, para disputar a tua aprovação que eles - os dois putos! - se digladiavam nas intermináveis consoadas, em que o H bebia demais e fazia questão de se mostrar reaccionário só para ser do contra, ele que nunca soube arcar com o vosso brilhantismo. Todos discutiam, o meu pai passava-se, o H passava das marcas e tu batias com os punhos em cima da mesa, dizendo que não estavas disposto a aturar aquilo na tua casa. Talvez por isso não tenhas recebido a malta prá consoada no ano passado. Porque não estavas para levar com os números infantis dos teus dois irmãos mais novos que, ironicamente, o faziam para merecer a tua atenção - por que outro motivo o fariam? - mesmo que isso acabasse por estragar a noite de todos.
Mas era nessas noites que a família - pouco dada a grandes reuniões - estava junta, se ria das desgraças passadas e "recuperava" um ano inteiro sem se pôr a vista em cima. Minto: também havia o aniversário da F, a fechar o verão, num restaurante de Sesimbra ou do Meco, toda a malta a alambazar-se a tarde inteira de camarões e outras iguarias oceânicas. Sempre gostaste de te tratar bem - e a nós. Nos natais, nunca faltou o belo ananás dos Açores, o queijo da Serra a esvair-se, o tinto de reserva, tudo do bom e do melhor. Tudo tuga, que sempre foste adepto de que "o que é nacional é bom". À excepção do bacalhau, claro, de primeiríssima, cada posta com meio palmo de altura.
Todos os que passaram por ti de ti gostaram, porque sempre foste gentil e generoso, convicto das tuas convicções. Deve ter sido por isso - por que outra razão seria? - que sempre tiveste a casa cheínha de presentes. Nos tais natais, os da família eram apenas uma pálida amostra no meio dos outros todos, que submergiam por completo a carpete, no espaço exíguo que ia do pinheirito à mesa de vidro, cujo tampo mal se via debaixo das caixas e caixinhas. Devia ser, só podia ser por seres um bom homem, que nunca ouvi quem quer que fosse apontar-te o mínimo defeito. Nunca tiveste papas na língua e sempre te ouvi dizer o que pensavas - doesse a quem doesse. Sem violência, mas também sem rodeios. És também, para mim, um exemplo de amor conjugal: quantas décadas durou o teu casamento? Quantas viagens fizeram vocês juntos, sempre juntos? Sempre queridos um com o outro, sempre com presentes e mimos um para o outro, sempre moreníssimos dos verões passados na praia. Que vai ela fazer agora sem ti, ela que desde sempre viveu por ti? Sempre tão bonita, tão arranjada. Como devias amá-la... Como ela te ama... Como tentou despertar-te desse teu sono profundo, agora eterno. Por mais que feche os olhos, dentro das pálpebras fechadas continuo a ver-te, trinta e tal anos atrás, naquela fotografia a preto e branco, com a tua pequena sobrinha aos ombros. O teu bigode de esquerda. A tua pele morena. O teu sorriso.
Até sempre meu querido, querido tio
8/06/2007
Farta de mim
é o que é. Estou mesmo fartinha de me aturar e às minhas merdas. De ser assim como sou. De não haver meio de mudar naquilo que tenho de pior. De perder tempo com tangas que não interessam nem ao menino jesus. De não fazer o que tenho de fazer e fazer o que não tenho. De estar há horas a olhar para o mesmo texto e não o terminar por "bloqueios" que na verdade não passam de preguiça. De não ter feito os trabalhos para fechar a parte curricular do mestrado e estar em risco de ter deitado o dito-cujo fora, assim como ao dinheiro investido. De não tomar as decisões que se impõem por falta de frontalidade, cansaço ou lá o que é. De não ter vontade suficiente de mudar e de andar para a frente. De me preocupar constantemente com aquilo que escapa ao meu controlo mas de inventar desculpas para não mudar aquilo que posso. De atirar areia para os meus próprios olhos enquanto a vida vai passando
Foda-se, que hoje estou farta de mim
e nem a merda do post consigo publicar
nota: ontem escrevi esta posta; hoje já não me sinto taaaanto assim, mas só agora consegui publicar. E como é verdade e ainda não passou por completo, aqui fica. Se deixar por completo de me sentir assim, despublico - depois pode ser que não consiga. É bem feita!!!
Foda-se, que hoje estou farta de mim
e nem a merda do post consigo publicar
nota: ontem escrevi esta posta; hoje já não me sinto taaaanto assim, mas só agora consegui publicar. E como é verdade e ainda não passou por completo, aqui fica. Se deixar por completo de me sentir assim, despublico - depois pode ser que não consiga. É bem feita!!!
8/02/2007
... e eu não penso senão nele - no poema
Pronto, eu confesso: vejo a Vingança. Diariamente. E quando não posso ver gravo. Há anos que não via uma novela e nunca tinha estado agarrada a uma portuguesa. Antes da Vingança segui a Senhora do Destino, e antes da Senhora do Destino, o Clone. Como podem constatar os inúmeros e incontáveis que sabem do assunto, é uma média de uma de 3 em 3 anos. Mas quando me dá, dá-me a sério e a Vingança conquistou-me. Foi um dia por acaso, calhou ser um momento crucial, a cena era empolgante, estava muitíssimo bem filmada e editada, o som poderosos e até os actores eram convincentes. O episódio era dos primeiros, e prontos: fiquei a modos que viciada na coisa. Isto para dizer que há uns dias fui surpreendida por uma cena que me comoveu. Envolvia a leitura, por uma personagem feminina, deste poema, ao personagem masculino que está apaixonado por ela. E eu, que não me lembrava dele - do poema (até porque sempre fui muito mais Álvaro de Campos que Alberto Caeiro...) - dei por mim a pensar nele. Aliás, a não pensar senão nele - no poema. Tive de o procurar e hoje venho partilhá-lo convosco.
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
(Meu príncipe: aos 9 anos, ainda é muito cedo para sofrer por amor...)
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
(Meu príncipe: aos 9 anos, ainda é muito cedo para sofrer por amor...)
7/18/2007
Freudices
Na redacção. A I e eu conversamos sobre o facto de adorarmos ambas espremer borbulhas e pontos negros.
I: - Porque é que será? Freud deve explicar isso, não é?
A M. intervém: - Deve explicar, mas acho que não ias gostar da explicação...
I: - Bah, deve ter a ver ou com merda ou com sexo ou com os pais!
I: - Porque é que será? Freud deve explicar isso, não é?
A M. intervém: - Deve explicar, mas acho que não ias gostar da explicação...
I: - Bah, deve ter a ver ou com merda ou com sexo ou com os pais!
7/09/2007
Só mesmo tu, minha Estrelinha
... para me pôres a fazer estas figuras, mesmo que virtuais. Aqui está a quinta frase da página 161 do livro que se encontrava mais próximo de mim quando li o teu post: "Os pés de Marigold são só ligeiramente maiores que os pés da boneca Tiny Tears, pelo que ela usou os sapatos de palhaço de tamanho único para ir até ao parque de estacionamento". O livro é "Adrian Mole e as Armas de Destruição Maciça", de Sue Townsend. Alguém se lembra do "Diário de Adrian Mole ao 13 anos e três quartos"? Além da minha contemporânea Cool Mum? Pois bem, este é o 3º da trilogia. "Adrian Mole tem agora 34 anos e 3/4, está quase oficialmente na meia-idade(...)". se quiserem saber mais, o livro foi editado pela Difel. Os anteriores, julgo tê-los algures, datam da minha anterior encarnação.
A alternativa, não resisto, encontrava-se no livro colocado logo ao lado, na prateleira atrás de mim. A obra chama-se "Memórias de um Espermatozóide Esquecido". A página 161 - pasmem os inúmeros e incontáveis! - , abri-a à primeira. A 5ª frase completa reza assim: "Quisera meter-me na tua cabeça e descobrir que queres tu de ti próprio?". Convém esclarecer - desculpem os inúmeros e incontáveis a quebra do romantismo da coisa - que a autora, Maria Guinot, não se dirige a qualquer espermatozóide esquecido. Pelo menos directamente. Portugal é o interlocutor, o destinatário da pergunta. Interessante, o desafio.
Quanto ao outro - e partindo do princípio que eu era uma "das meninas lá de cima" (quando lemos o blog é "lá de baixo", sua grávida desmiolada! ;-)) - faço mais tarde, minha linda. Fiquei psicologicamente exausta.
Adenda: o rachtaparta do blogger hoje está a embirrar. Não consigo pôr título nesta posta. Bardatrampa
Adenda 2: já consigo pôr título. Pronto. Por isso, já sabem, a adenda anterior não é para ligar
A alternativa, não resisto, encontrava-se no livro colocado logo ao lado, na prateleira atrás de mim. A obra chama-se "Memórias de um Espermatozóide Esquecido". A página 161 - pasmem os inúmeros e incontáveis! - , abri-a à primeira. A 5ª frase completa reza assim: "Quisera meter-me na tua cabeça e descobrir que queres tu de ti próprio?". Convém esclarecer - desculpem os inúmeros e incontáveis a quebra do romantismo da coisa - que a autora, Maria Guinot, não se dirige a qualquer espermatozóide esquecido. Pelo menos directamente. Portugal é o interlocutor, o destinatário da pergunta. Interessante, o desafio.
Quanto ao outro - e partindo do princípio que eu era uma "das meninas lá de cima" (quando lemos o blog é "lá de baixo", sua grávida desmiolada! ;-)) - faço mais tarde, minha linda. Fiquei psicologicamente exausta.
Adenda: o rachtaparta do blogger hoje está a embirrar. Não consigo pôr título nesta posta. Bardatrampa
Adenda 2: já consigo pôr título. Pronto. Por isso, já sabem, a adenda anterior não é para ligar
7/03/2007
Ao senhor do Volvo azul claro metalizado
o meu mais sincero e humilde pedido de desculpas por ter saído de casa ensonada e ter demorado mais de dez segundos a atravessar a rua. Fi-lo perder cerca de oito segundos do seu precioso tempo, já que, em situação normal, e, não fosse ter-me distraído a olhar para o ontem - ou para o amanhã, confesso que não sei bem - , teria atravessado em dois segundos e ter-lhe ia poupado o imenso dissabor de se deter na passadeira por tão longo e insubstituível instante. Saiba que me penalizarei pelo seu imenso prejuízo todos os dias da minha existência ou pelo menos enquanto me lembrar do seu esgar de profundo enfado.
6/15/2007
Même (ou seja, palavras à mesma...)
Há uns tempos fiquei de publicar aqui uns mêmes. De modos que aqui vai o primeiro. Assim que puder outros seguirão. Aproveito para explicar que "um 'même' é um 'gen ou gene cultural' que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os mêmes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente é propagada pela Web, usualmente por meio de blogues. O neologismo 'mêmes' foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo 'genes'". E como não sou de furtar texto alheio sem dizer água vai, especifico que retirei esta explicação, palavra por palavra, do post da Amélia sobre o assunto, no qual a própria me encomendou o mesmo (même, está claro). Dito isto, convém também referir que a minha Estrelinha também me endereçou a mesma encomenda - ou, como diriam os franceses, même commande. Ah, pois é! E por falar em franceses, acrescento ainda que acrescentei (haha, um pleonasmo calha sempre bem, sobretudo quando é propositado, não acham, inúmeros e incontáveis?) um acentozito circunflexo à palavra même, que me tinha sido servida sem o mesmo (acento, pois), mas cuja nudez me causou desconforto. De modos que tive de meter pitada. É que eu sou da geração pré-sms e aprendi francês, além de piano. A vossa Calamity é uma mecita prendada, a bem dizer...
E pronto, sem mais demoras, aqui vai, pois, o primeiro dos meus mêmes

As Crianças
(...) Os vossos filhos não são vossos filhos...
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma
Vêm através de vós, mas não de vós
E embora vivam convosco, não vos pertencem
Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não as vossas ideias
Pois eles possuem as suas próprias ideias
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas
Pois as suas almas habitam nas moradas do amanhã
que nem nos vossos sonhos podeis visitar
Podeis esforçar-vos para vos tornardes como eles
mas não procureis torná-los como vós
Pois a vida não anda para trás nem no ontem se detém.
Vós sois os arcos dos quais, como flechas vivas, os vossos filhos serão lançados
O Arqueiro vê a presa no percurso do infinito e empresta-vos o seu poder para que as vossas flechas partam ligeiras e cheguem longe
Que a vossa inflexão pela mão do arqueiro se destine à alegria
Pois assim como ele ama a flecha que voa
Ama também o arco que se mantém estável.
Claro que este même não é meu. Usurpei-o. Foi escrito pelo fabulástico poeta Khalil Gibran, que no século XIX viveu no Líbano, se não estou em erro, e deu à luz, entre outros, um livro pleno de senso comum transformado em hino à vida chamado O Profeta, de onde este "As Crianças" foi retirado. Tomei a liberdade de alterar ligeiramente as traduções que encontrei na net que não correspondiam totalmente ao texto que conheço originalmente noutras línguas
E pronto, sem mais demoras, aqui vai, pois, o primeiro dos meus mêmes

As Crianças
(...) Os vossos filhos não são vossos filhos...
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma
Vêm através de vós, mas não de vós
E embora vivam convosco, não vos pertencem
Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não as vossas ideias
Pois eles possuem as suas próprias ideias
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas
Pois as suas almas habitam nas moradas do amanhã
que nem nos vossos sonhos podeis visitar
Podeis esforçar-vos para vos tornardes como eles
mas não procureis torná-los como vós
Pois a vida não anda para trás nem no ontem se detém.
Vós sois os arcos dos quais, como flechas vivas, os vossos filhos serão lançados
O Arqueiro vê a presa no percurso do infinito e empresta-vos o seu poder para que as vossas flechas partam ligeiras e cheguem longe
Que a vossa inflexão pela mão do arqueiro se destine à alegria
Pois assim como ele ama a flecha que voa
Ama também o arco que se mantém estável.
Claro que este même não é meu. Usurpei-o. Foi escrito pelo fabulástico poeta Khalil Gibran, que no século XIX viveu no Líbano, se não estou em erro, e deu à luz, entre outros, um livro pleno de senso comum transformado em hino à vida chamado O Profeta, de onde este "As Crianças" foi retirado. Tomei a liberdade de alterar ligeiramente as traduções que encontrei na net que não correspondiam totalmente ao texto que conheço originalmente noutras línguas
Mais palavras
Palavra que gostava de escrever mais palavras.
Palavras que me aliviassem do peso com que as palavras armazenadas me esmagam.
Palavras que desatassem o nó com que as palavras engasgadas me sufocam.
Palavras que fluíssem como o rio de palavras no qual ora me banho, ora me afogo.
Palavras que suavizassem a aspereza das palavras que por vezes me assaltam.
Palavras que jorrassem como a torrente de palavras que nunca alcanço, que desmoronassem da cordilheira de palavras que se amontoaram, uma a uma, na interminável torre de babel que fui construindo em mim, palavras que lutam corpo a corpo, se enroscam, se estrangulam, se matam e se criam numa dança infinita que me consome os neurónios.
Como podem tantas palavras caber num espaço tão diminuto? Como posso eu vertê-las diariamente e elas teimarem em brotar a cada minuto que passa? Como posso eu dar-lhes uso, forma e sentido se elas têm vida própria? Se fizeram da minha mente um labirinto no qual procuro uma saída desde a origem dos tempos até ao fim da eternidade? Se me invadem o cérebro e se recusam a seguir o caminho que lhes aponto? Se surgem por geração espontânea como uma praga incontrolável? Se teimam em comportar-se como ervas daninhas e ainda por cima vestem pétalas e cores das mais sedutoras e mortíferas plantas carnívoras disfarçadas de flores?
Palavra que gostava de escrever mais palavras. Palavra...
Palavras que me aliviassem do peso com que as palavras armazenadas me esmagam.
Palavras que desatassem o nó com que as palavras engasgadas me sufocam.
Palavras que fluíssem como o rio de palavras no qual ora me banho, ora me afogo.
Palavras que suavizassem a aspereza das palavras que por vezes me assaltam.
Palavras que jorrassem como a torrente de palavras que nunca alcanço, que desmoronassem da cordilheira de palavras que se amontoaram, uma a uma, na interminável torre de babel que fui construindo em mim, palavras que lutam corpo a corpo, se enroscam, se estrangulam, se matam e se criam numa dança infinita que me consome os neurónios.
Como podem tantas palavras caber num espaço tão diminuto? Como posso eu vertê-las diariamente e elas teimarem em brotar a cada minuto que passa? Como posso eu dar-lhes uso, forma e sentido se elas têm vida própria? Se fizeram da minha mente um labirinto no qual procuro uma saída desde a origem dos tempos até ao fim da eternidade? Se me invadem o cérebro e se recusam a seguir o caminho que lhes aponto? Se surgem por geração espontânea como uma praga incontrolável? Se teimam em comportar-se como ervas daninhas e ainda por cima vestem pétalas e cores das mais sedutoras e mortíferas plantas carnívoras disfarçadas de flores?
Palavra que gostava de escrever mais palavras. Palavra...
6/05/2007
Palavras
Todos os dias escrevo. Todos os dias escrevo para viver, para sobreviver.
Escrevo por prazer, por dever, por necessidade.
Escrevo porque escrever é a minha profissão, o meu ofício, o meu vício, a minha perdição.
Escrevo depressa ou devagar, com gosto ou para despachar.
Escrevo porque é preciso e porque tem de ser.
Gosto das palavras e elas retribuem-me o gosto. E, no entanto, odeiam-me, matam-me, maltratam-me.
Torturam-me.
Chegam-me em catadupa e desertam-me subitamente. Amantes inconstantes.
Escrevo-as e elas escrevem-me. Descrevem-me.
Eu cubro-as e descubro-as.
Distribuo-as, espalho-as e espalho-me. E elas tapam-me e destapam-me.
Escondo-me por detrás delas e elas... elas despem-me e expõem-me. Escancaram-me.
Gosto de brincar com as palavras e elas conhecem os jogos todos. E deixam-me pensar que sou eu que jogo com elas, quando na verdade são elas que me têm na mão. Cativa.
Claro, elas é que brincam comigo. Às escondidas, à cabra-cega. E eu pingue pongue, matraquilhos: vai para ali, foge para aqui. Ah, estás aí?! Então não podes estar acolá. Anda, mexe-te. Salta, dá uma cambalhota, transforma-te, transfigura-te.
Advérbios, adjectivos. Verbos transitivos, intransitivos. Intransigentes. Proximidade proibitiva, rima inconveniente. Sinonimiza, pá, relativiza-te. Encontra alternativa. Descobre, procura, reflecte, dá a volta, muda o tom.
Descritivo? Interrogativo.
Discurso. Diz?
Directo, indirecto. Livre. Livre? Liberdade de expressão, ilusão. A palavra é uma prisão. Uma paixão.
Escrevo por gosto, por obrigação. Todos os dias, cada vez mais, por tudo por nada. Gasto as palavras e elas sobram-me. Paradoxo? Sacerdócio.
Por isso, arranjei este blog, para despejar mais palavras. As que não uso, que desperdiço. As que não sei onde pôr. Quando resolvi criá-lo, ao blog, foi porque me dei conta que precisava de arrumar as palavras espalhadas aos molhos na minha mente, no meu íntimo. As que repito, incessantemente para mim própria, à exaustão. As que me atravessam o espírito. As que surgem, fugidias. Esquivas. Ariscas.
Fazem de mim gato-sapato e eu a pensar que as ponho na ordem. Qual ordem?
E dou por mim a precisar de andar com o blog no bolso. Os melhores posts, escrevo-os dentro da cabeça. Na paragem de autocarro, na casa-de-banho. Ao pequeno-almoço, dentro da caneca de café com leite. Brainstorming inconsequente.
Passo os dias a escrever e o que quero escrever não escrevo. Todos os dias posto, mas vocês não lêem. São posts perdidos, desperdiçados, lost in space. Palavras que nunca escreverei. Será que não?
Para que me servem os caderninhos?
Sou preguiçosa, demasiado preguiçosa. Tempus fugit. Os romanos eram loucos, mas eles é que sabiam. Em latim, língua morta, exprimiram uma das grandes verdades da vida.
O que andas tu a fazer da tua, Calamity?
Escrevo por prazer, por dever, por necessidade.
Escrevo porque escrever é a minha profissão, o meu ofício, o meu vício, a minha perdição.
Escrevo depressa ou devagar, com gosto ou para despachar.
Escrevo porque é preciso e porque tem de ser.
Gosto das palavras e elas retribuem-me o gosto. E, no entanto, odeiam-me, matam-me, maltratam-me.
Torturam-me.
Chegam-me em catadupa e desertam-me subitamente. Amantes inconstantes.
Escrevo-as e elas escrevem-me. Descrevem-me.
Eu cubro-as e descubro-as.
Distribuo-as, espalho-as e espalho-me. E elas tapam-me e destapam-me.
Escondo-me por detrás delas e elas... elas despem-me e expõem-me. Escancaram-me.
Gosto de brincar com as palavras e elas conhecem os jogos todos. E deixam-me pensar que sou eu que jogo com elas, quando na verdade são elas que me têm na mão. Cativa.
Claro, elas é que brincam comigo. Às escondidas, à cabra-cega. E eu pingue pongue, matraquilhos: vai para ali, foge para aqui. Ah, estás aí?! Então não podes estar acolá. Anda, mexe-te. Salta, dá uma cambalhota, transforma-te, transfigura-te.
Advérbios, adjectivos. Verbos transitivos, intransitivos. Intransigentes. Proximidade proibitiva, rima inconveniente. Sinonimiza, pá, relativiza-te. Encontra alternativa. Descobre, procura, reflecte, dá a volta, muda o tom.
Descritivo? Interrogativo.
Discurso. Diz?
Directo, indirecto. Livre. Livre? Liberdade de expressão, ilusão. A palavra é uma prisão. Uma paixão.
Escrevo por gosto, por obrigação. Todos os dias, cada vez mais, por tudo por nada. Gasto as palavras e elas sobram-me. Paradoxo? Sacerdócio.
Por isso, arranjei este blog, para despejar mais palavras. As que não uso, que desperdiço. As que não sei onde pôr. Quando resolvi criá-lo, ao blog, foi porque me dei conta que precisava de arrumar as palavras espalhadas aos molhos na minha mente, no meu íntimo. As que repito, incessantemente para mim própria, à exaustão. As que me atravessam o espírito. As que surgem, fugidias. Esquivas. Ariscas.
Fazem de mim gato-sapato e eu a pensar que as ponho na ordem. Qual ordem?
E dou por mim a precisar de andar com o blog no bolso. Os melhores posts, escrevo-os dentro da cabeça. Na paragem de autocarro, na casa-de-banho. Ao pequeno-almoço, dentro da caneca de café com leite. Brainstorming inconsequente.
Passo os dias a escrever e o que quero escrever não escrevo. Todos os dias posto, mas vocês não lêem. São posts perdidos, desperdiçados, lost in space. Palavras que nunca escreverei. Será que não?
Para que me servem os caderninhos?
Sou preguiçosa, demasiado preguiçosa. Tempus fugit. Os romanos eram loucos, mas eles é que sabiam. Em latim, língua morta, exprimiram uma das grandes verdades da vida.
O que andas tu a fazer da tua, Calamity?
6/01/2007
O grande salto epistemológico provocado pela leitora de nome Ana Paula (Olá, Ana Paula!)
Que estranho é pensar que há pessoas que nos lêem e que a gente não conhece! Pronto! - pensam os meus inúmeros e incontáveis - passou-se! E não é da própria essência da blogosfera sermos lidos(as) por pessoas que não conhecemos? Que não nos conhecem? Aliás, coisa bizarra para se pensar quando se faz profissão da palavra escrita e se é inevitavelmente lida por numerosos (aqui sim, inúmeros e incontáveis) leitores- passe a redundância.
Mas o ser pensante é por vezes assaltado por ideias esquisitas e aqui a vossa Calamity não prima pela normalidade. E foi precisamente o que me aconteceu quando me apercebi que era lida por uma blogueira de tasco privativo, de seu nome Ana Paula, que para mais foi brindada por alvíssaras dado ter sido a leitora nº 5 mil deste estabelecimento. Dei por mim a pensar: "Olha, uma blogogaija que não conheço! E que não está aqui pela primeira vez, já que confessa gostar de me ler. Xa-me cá ver o estaminé dela...". Pois. "A ligação html que acaba de digitar pertence a um tasco cibernético de carácter privativo, pelo que só com internáutico convite poderá aceder aos seus mui particulares interstícios e meandros"...
E eis senão quando a vossa Calamity dá por si tendo este brilhante pensamento: "Olha, olha, a gaija lê-me, e eu não a conheço!"
Claro que logo a seguir um dos meus alteregos, um dos grilinhos que com frequência irregular me chama à razão vira-se para mim e diz-me: "Oublá oh minha grandecíssimima desmiolada! Atão tu não bês que a maior parte das pessoas que te lêem são de ti totalmente desconhecidas?! Para que queres tu os neuroniozitos? Não sabes tu que os respectivos têm por função estabelecer sinapses? Que parte das ligações cerebrais te terá, porventura, escapado?"
E de imediato a vossa Calamity contrapõe ao censurante mecanismo do seu superego argumentando: "Pois". Assim só: pois. Mas logo de seguida, e não contente com a pobreza intelectual de tal argumento, a brilhante pensadora que por vezes toma o lugar da vossa Calamity ultrapassou o momento de bloqueio epistemológico e rebateu: "Pois. Mas julgava eu que todos os meus inúmeros e incontáveis leitores desse lugar de troca que é a blogosfera deixavam, num momento ou noutro, o seu rasto sob a forma de um comentário, a não ser que não passassem de meros viantantes cibernéticos, daqueles que cá vêm parar por aleatória ligação e, não encontrando neste tasco qualquer motivo de permanência, se eclipsam para não mais voltar". Ou seja, ao deixarem inevitavelmente assinatura blogosférica, permitiriam sempre, mais tarde ou mais cedo, que eu os CONHECESSE (Sim, inúmeros e incontáveis, admito que este conceito de CONHECIMENTO seja discutível estou pronta para argumentá-lo convosco se assim o entenderem...) "Julgava eu que assim era", pensou a vossa humilde Calamity, num daqueles raros momentos de discernimento. E afinal, eles existem. Os inúmeros e incontáveis silenciosos, digo. Que por cá passaram mais de uma vez. Que até gostaram do que leram. Mas, por algum motivo, não se pronunciaram. Até que uma posta de delirante apelo à participação popular, tal referendo blogosférico os (a, neste caso) levou a deixar pegada.
Espanto. Afinal, eles existem. Haverá outros? Pensava que os leitores silenciosos se limitavam às páginas físicas dos jornais, revistas e livros. Que se moviam tão sómente pelos registos escritos próprios da antiquíssima galáxia de Guttenberg. E confesso que esta descoberta me deixou introspectiva. Reflexiva. Pronta para um salto paradigmático. E agora? Que revelações ainda me reservará este mundo fascinante da blogosfera? Hein????
Mas o ser pensante é por vezes assaltado por ideias esquisitas e aqui a vossa Calamity não prima pela normalidade. E foi precisamente o que me aconteceu quando me apercebi que era lida por uma blogueira de tasco privativo, de seu nome Ana Paula, que para mais foi brindada por alvíssaras dado ter sido a leitora nº 5 mil deste estabelecimento. Dei por mim a pensar: "Olha, uma blogogaija que não conheço! E que não está aqui pela primeira vez, já que confessa gostar de me ler. Xa-me cá ver o estaminé dela...". Pois. "A ligação html que acaba de digitar pertence a um tasco cibernético de carácter privativo, pelo que só com internáutico convite poderá aceder aos seus mui particulares interstícios e meandros"...
E eis senão quando a vossa Calamity dá por si tendo este brilhante pensamento: "Olha, olha, a gaija lê-me, e eu não a conheço!"
Claro que logo a seguir um dos meus alteregos, um dos grilinhos que com frequência irregular me chama à razão vira-se para mim e diz-me: "Oublá oh minha grandecíssimima desmiolada! Atão tu não bês que a maior parte das pessoas que te lêem são de ti totalmente desconhecidas?! Para que queres tu os neuroniozitos? Não sabes tu que os respectivos têm por função estabelecer sinapses? Que parte das ligações cerebrais te terá, porventura, escapado?"
E de imediato a vossa Calamity contrapõe ao censurante mecanismo do seu superego argumentando: "Pois". Assim só: pois. Mas logo de seguida, e não contente com a pobreza intelectual de tal argumento, a brilhante pensadora que por vezes toma o lugar da vossa Calamity ultrapassou o momento de bloqueio epistemológico e rebateu: "Pois. Mas julgava eu que todos os meus inúmeros e incontáveis leitores desse lugar de troca que é a blogosfera deixavam, num momento ou noutro, o seu rasto sob a forma de um comentário, a não ser que não passassem de meros viantantes cibernéticos, daqueles que cá vêm parar por aleatória ligação e, não encontrando neste tasco qualquer motivo de permanência, se eclipsam para não mais voltar". Ou seja, ao deixarem inevitavelmente assinatura blogosférica, permitiriam sempre, mais tarde ou mais cedo, que eu os CONHECESSE (Sim, inúmeros e incontáveis, admito que este conceito de CONHECIMENTO seja discutível estou pronta para argumentá-lo convosco se assim o entenderem...) "Julgava eu que assim era", pensou a vossa humilde Calamity, num daqueles raros momentos de discernimento. E afinal, eles existem. Os inúmeros e incontáveis silenciosos, digo. Que por cá passaram mais de uma vez. Que até gostaram do que leram. Mas, por algum motivo, não se pronunciaram. Até que uma posta de delirante apelo à participação popular, tal referendo blogosférico os (a, neste caso) levou a deixar pegada.
Espanto. Afinal, eles existem. Haverá outros? Pensava que os leitores silenciosos se limitavam às páginas físicas dos jornais, revistas e livros. Que se moviam tão sómente pelos registos escritos próprios da antiquíssima galáxia de Guttenberg. E confesso que esta descoberta me deixou introspectiva. Reflexiva. Pronta para um salto paradigmático. E agora? Que revelações ainda me reservará este mundo fascinante da blogosfera? Hein????
5/28/2007
A correr
Não, inúmeros e incontáveis, não adormeci sobre os louros. Estou à rasca de trabalho e há vários dias que não páro. Ana Paula, não pude ir dar-te um olá ao teu blog, já que é privado. As alvíssaras são tuas! Na próxima posta falarei sobre um assunto que me suscitaste. A todos, uma abraço e até jaaaaaazzzzzzz
5/24/2007
É desta, é desta!
Agora é que é. Estamos a chegar ao marco histórico das 5 mil visitas. Sim, (i)números e (in)contáveis, eu sei. O que é isso para vocêses, que afixam nos vossos egrégios contadores estatísticas que atingem as dezenas, quiçá, as centenas de milhar de visitas?! Ah, pois é!
Mas acontece, (i)números e (in)contáveis, que, para mim, se trata de um momento a assinalar, uma efeméride inenarrável, uma placa giratória que marca a entrada da vossa Calamity no elevador da glória, a chegada à longa escadaria que leva à fama e ao estrelato, o dealbar da imortalidade, enfim... O passo seguinte é a estrelita no passeio da fama. Mas estejam descansados, (i)números e (in)contáveis: a vossa Calamity é magnânima e leal. Ou seja, quando estiver à beira da minha piscina olímpica de água salgada em Beverly Hills, dignarei receber-vos desde que me sirvam caipirinhas com duas palhinhas e gelo picado - não esquecer este último pormenor. Ah, e o açúcar mascavado, claro. Prometo deixar-vos dar um mergulhinho para aferirem da temperatura da água...
Bom, delírios à parte, arroto esta humilde posta só para dizer que é desta: estamos a chegar ao marco histórico das 5000 visitas - cinco mil! - daí que, agora sim, dão-se alvíssaras ao portador do bilhetinho com o número certo. Portanto, (i)números e (in)contáveis, já sabem. É fazer filinha, ordeiramente, à porta deste estabelecimento, respeitando mulheres grávidas, idosos e acompanhantes de crianças de colo. Nada de empurrar quem chegou primeiro, que isto aqui é uma casa de boas tradições. E o último a entrar que feche a porta, sim?...
PS DO TAMANHO DAQUI ATÉ AO CÉU - E desculpa lá, Estrelinha do meu coração, não te dedicar uma posta, mas também ficas aqui bem, nesta posta que até já falava em ti sem saber da boa nova - Como dizia o meu adorado Chico na Grand Finale da maravilhosa Ópera do Malandro:
"Ai, meu deus do céu, me sinto tão fe-liz!!!!"
Mas acontece, (i)números e (in)contáveis, que, para mim, se trata de um momento a assinalar, uma efeméride inenarrável, uma placa giratória que marca a entrada da vossa Calamity no elevador da glória, a chegada à longa escadaria que leva à fama e ao estrelato, o dealbar da imortalidade, enfim... O passo seguinte é a estrelita no passeio da fama. Mas estejam descansados, (i)números e (in)contáveis: a vossa Calamity é magnânima e leal. Ou seja, quando estiver à beira da minha piscina olímpica de água salgada em Beverly Hills, dignarei receber-vos desde que me sirvam caipirinhas com duas palhinhas e gelo picado - não esquecer este último pormenor. Ah, e o açúcar mascavado, claro. Prometo deixar-vos dar um mergulhinho para aferirem da temperatura da água...
Bom, delírios à parte, arroto esta humilde posta só para dizer que é desta: estamos a chegar ao marco histórico das 5000 visitas - cinco mil! - daí que, agora sim, dão-se alvíssaras ao portador do bilhetinho com o número certo. Portanto, (i)números e (in)contáveis, já sabem. É fazer filinha, ordeiramente, à porta deste estabelecimento, respeitando mulheres grávidas, idosos e acompanhantes de crianças de colo. Nada de empurrar quem chegou primeiro, que isto aqui é uma casa de boas tradições. E o último a entrar que feche a porta, sim?...
PS DO TAMANHO DAQUI ATÉ AO CÉU - E desculpa lá, Estrelinha do meu coração, não te dedicar uma posta, mas também ficas aqui bem, nesta posta que até já falava em ti sem saber da boa nova - Como dizia o meu adorado Chico na Grand Finale da maravilhosa Ópera do Malandro:
"Ai, meu deus do céu, me sinto tão fe-liz!!!!"
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