11/27/2009

Este país não é para... quase ninguém!

"Trabalhei a recibo verde durante dois anos, claro que não conseguia pagar a segurança social, ganhava 450 euros. Horario: 8 horas por dia e ao fim de semana trabalhava 13 horas por dia, para que a minha colega tivesse 1 dia de folga (assim como ela fazia tambem). Trabalhavamos numa loja num Centro Comercial. Entretanto fiquei gravida, tive a minha filha e não recebi nada( evidente que não trabalhava). Quando tentei regressar ao trabalho procurei uma cresche pra bebé. Espanto meu: Na Santa Casa da MIsericórdia (????) pediram para eu levar o papel do IRS para calcularem a mensalidade. Quando lá cheguei com o IRS a senhora informou-me que como trabalhava por conta propria teria de pagar o valor máximo ... 325,00 euros. Como ganhava 450 ... ficaria com 125 euros .... ao mesmo tempo acumulava uma divida de 150,00 por mês á Segurança Social. Claro que fiquei em casa, é velhinha mas é minha, faço umas limpezas aqui e acolá.... e vou-me remediando graças a meus familiares. Futuro ??? Peço ao menos saúde."

comentário de uma das signatárias da petição Antes da Dívida Temos Direitos

11/20/2009

Recibos Verdes: Antes da Dívida Temos Direitos, 1ª parte

Há mais de 10 anos que me bato por isto. Finalmente, o povo começa a acordar. Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas

11/05/2009

Não há volta a dar

Às vezes há quem consiga dizer exactamente o que sentimos e muito mais. Não li na altura mas depois do que vivi ontem no concerto Megafone 5 voltou tudo ao de cima. Não há volta a dar.

11/01/2009

Chove no Eter

Calou-se a voz inconfundível do lobo. Aquele que nos ensinou também um pouco do que era grande música. É a terceira vez este ano que morre um pedaço da minha inocência...

10/15/2009

Verborreia

Escrever.

Tudo vai sempre dar ao mesmo. Hamlet estava profundamente enganado, ou por outra: Shakespeare não sabia o que estava a dizer. A questão não tem nada a ver com ser ou não ser. Essa cena existencial é uma questiúncula de cacáracá. Qualquer criancinha precoce se depara com angústias dessas, coisitas que estão para a essência do sofrimento humano como a tesão do mijo para o sexo tântrico. Não. A única questão que realmente importa, a única que se põe é outra: Escrever ou não escrever. Isso sim, releva do mais profundo que há em nós, ou em mim, e desculpem-me os inúmeros e incontáveis, que eu sei bem que a esta hora já andam todos a cirandar por outras blogoparagens ou até mesmo quem sabe em webgaláxias distantes, desculpem-me, dizia eu, a presunção que a água benta acabou há que tempos e até mesmo a mineral está a rondar o fundo do garrafão, mas desculpem lá que nestas coisas sou muito autocentrada e se vocês não têm qualquer problema com a vossa escrita, ainda bem para vocês, pois já eu não posso dizer o mesmo, se é que me estão a acompanhar e se não estão paciência que eu agora também não tenho vagar para verificar se ainda estão aí ou se já clicaram para outra ligação mais amiga do utilizador.

Pois é. Admito que não seja fácil ser inúmero e incontável de uma calamitosa como eu. Aceito até que muitos de vós possais (há que respeitar a pessoa gramatical escolhida, ah pois é!) pensar a esta hora que eu já não voltava e até que tenhais (ah pois é, outra vez, isto tem que ir depressa senão não vai mas não quer dizer que me falhem as conjugações, que eu sou mecita muito bem ensinada e ainda me vai restando algo dos tempos do liceu graças a deus nosso senhor ou pelo menos à minha memória proverbial ) cagado de alto em mim, o que seria compreensível e até eu já teria feito o mesmo por muito menos e essa é que é essa.

Ah, ela voltou, dizem vocês, e talvez estejam certos (desculpem qualquer coisinha, mas aquilo da segunda pessoa do plural dá muito trabalho e eu que estou praqui há mais de não sei quantas semanas sem conseguir escrever uma linha que seja, quando me dá estes ataques tenho de aproveitar mesmo que para não dizer nada, quanto mais não seja para provar a mim própria que ainda sei dar porrada num teclado que nem bem um ano passou nas minhas mãozitas delicadas e já tem letras apagadas), sim talvez estejam certos (isto dos parêntesis dá um jeito do caraças, o Lobo Antunes é que a sabe toda e até os destaca noutros parágrafos que é pra a malta não se perder, que isto dos parágrafos dá um jeito do caraças e longe de indicar um mente hiperactiva ou mesmo algo dispersa é mas é de gajo arrumadinho, ou de gaja arrumadinha neste caso, que eu cá sou também assim muito arrumadinha por dentro, já por fora é que é o caos mas isso agora não interessa nada e isto dos parêntesis dá um jeito do caraças), se bem que eu já não sei bem se sou eu calamitosa que estou de volta e se é só um intervalo deste longo interregno - ou talvez antes um interregno deste longo intervalo, confesso que já estou a ficar algo confusa e bem sei que sou eu que me deixo levar por estes considerandos mas, que querem, é mais forte que eu e não sei se reparam mas agora optei pelos travessões em vez dos parêntesis, que é só para não enjoar - que me tem mantido afastada da blogosfera e não pensem que me esqueci que deixei uma posta pendurada. Não. Não me esqueci nem dessa nem de todas as outras que eu para além de ter um como grilo falante, também tenho memória de paquiderme, de modos que pesos-pesados é comigo mesmo, aliás a esta hora devo estar com 327 kilos, no mínimo.

Mas voltemos à vaca fria que neste caso é a "coisa", que não sei que nome lhe dê, a coisa que me acompanha desde há anos e que jurou dar cabo de mim mas eu é que vou dar cabo dela ou eu não me chame Calamity Jane o que, já que falo nisso, aproveito para esclarecer desde já aos que ainda pudessem andar por aqui ao engano é uma gigantesca fraude, uma falsidade, uma fantasia, vá, para não dizer uma espécie de eufemismo já que, e detesto desiludir os meus inúmeros e incontáveis ainda por cima quando ando há meses sem botar os dedos no teclado, mas a verdade é que eu não me chamo Calamity Jane (e prometo um dia desenvolver este tema, o que poderá acontecer amanhã ou daqui a cinco anos ou, quem sabe, algures entre as duas datas, mas uma coisa é certa, é que o irei desenvolver, e a posta não será decerto muito mais curta do que esta ou outras congéneres do género. Sim, eu reparei na redundância, mas se for propositada, pode ser que passe por um exercício de estilo. Ou não?)

Agora a coisa sim, é real, e anda aqui desde que me lembro de ser gente pois antes mesmo de escrever já escrevia porque nisto de esccrever há algo que convém deixar bem claro: nunca se pára de escrever. Vocês é que não vêem. Pior ainda. Ninguém vê, nem eu. Porque na hora da verdade, não há registo que prove que estive a escrever ininterruptamente durante todo este tempo. Que escrevo incessantemente, não só desde manhã até à noite, não só desde que acordo até que adormeço mas também durante o sono e até, ouso dizê-lo, noutras dimensões, que visito numa para-existência de que só alguns se apercebem mas que não me darei aqui ao trabalho de provar. Só que, lá está não tenho alibi. E refiro-me à primeira afirmação, já que a segunda não tem qualquer interesse científico.

E por isso vos digo, inúmeros e incontáveis, e podeis se assim o quiserdes, ou porventura achardes adequado, iniciar as diligências necessárias ao meu internamento em unidade psiquiátrica, mas a coisa está, por assim dizer, em cima de mim a toda a hora. É algo que os entendidos não hesitariam em chamar encosto. Não me dá descanso, mas também não me dá forçosamente o que fazer, se é que me entendem. Simplesmente, pegou-se a mim, como uma lapa, como um cão, como uma carraça que nem sempre dá febre, mas que se alimenta de mim e que, por vezes, me dá umas borlas. Como agora. E eu vou lá e pimba. Dou-lhe. Com força, com alma, com parcimónia, com delicadeza, com garra, com medo, com hesitações, com censura, com as mãos, com o que for. Porque a coisa só se dá se calha a ser a hora certa, aquela em que me encontro à mão de ela me poder usar como instrumento da sua vontade, pois é apenas isso que eu sou. Um canal. Um joguete, um par de mãos, de dedos que podem ou não estar em medida de transpor para o teclado ou para o papel o que for para ser escrito.E dou por mim a penar, meses e meses a fio, em busca de uma frase, de uma palavra, de uma simples ideia, de um verso ou cor ou momento ou simples frémito que me apeteça partilhar, que faça sentido lançar para o universo. Mas entretanto a dita coisa vai ditando, dita sempre, sem parar, frases e frases e frases e frases, numa ditadura da palavra inesgotável, um rio tortuoso, tormentoso, de águas violentas, cataratas verbais sem fim. Uma velha chata que ninguém consegue calar. Ela mora dentro do meu cérebro e a toda hora dita dita dita dita dita. E eu que sim, que sim, que já lá vou. Que sim, que estou a ouvir e que já lá vou escrever, não claro que não me vou esquecer. Vou escrever tudo direitinho, igualzinho ao que ela disse, tudinho ali, preto no branco, ipsis verbis, pois está claro. Está claro que não vou escrever coisa nenhuma e tudo o vento leva ou se não é o vento outra coisa será, que importa agora saber o que foi, quem foi. Não tenho alibi, lá está.

Ah pois é. Escrever ou não escrever, eis a verdadeira, a única, a derradeira questão. Porque afinal, se eu não escrever, quem sou?
E se eu escrever? Quem serei? Serei outra? Serei a mesma? Voltarei a ser quem era? Transformar-me-ei noutra? Estarei à altura daquilo que escrevi? Conseguirei escrever o que escrevi?

E eis se não quando, pimba, dou por mim a escrever de novo. A escrever. Estarei eu mesmo a escrever? Ou será ela, a coisa, a escrever e eu a ver? De repente, há um enredo, ideias, coisas para dizer. Palavras, sempre as mesmas, nunca suficientes. Palavras, simples casamentos de vogais e consoantes, letrinhas apenas, finitas e incompetentes.
E eu, ingrata, que nunca lhes presto o tributo merecido. Pois que seria eu? Que seria de mim?

E eis se não quando, aqui estou eu, escrevendo, calamitosamente. Escrevendo e duvidando. Escrevendo e questionando. Escrevendo e achando que é sempre o mesmo. Se eu escrever um livro, estarei eu a escrever o meu livro? Serei eu a escrevê-lo? Não estarei eu a escrever o que já outros escreveram antes? Como posso saber? Não estarei eu a escrever sempre o mesmo livro? (E os outros, os que escrevem, alguns deles, os livros que eu escrevi, que eu escrevo? Estarão eles também sempre a escrever o mesmo livro? E, se sim, será o mesmo que o meu? Interrogar-se-ão eles sobre isto? Escreverão eles sobre isto?)

E é por isso que digo, ou melhor, escrevo: ser ou não ser não tem importância nenhuma. Escrever ou não escrever, essa é que é a questão.






10/06/2009

Ao comércio em geral

e aos retalhistas (gostaram?) de roupa interior - vulgo lingerie - em particular.

Eu pensava que tinha sido bem explícita. Mas parece que não. Por isso talvez seja melhor repetir, mais alto e com todas as letras:


EU QUERO SOUTIENS

SEM ENCHUMAÇOS!!!


Será assim tão difícil de entender???

9/10/2009

Jogos da vida real

Há uns anos, quando andava no curso de Formação de Formadores, aprendi um jogo pedagógico que mais tarde vim a repetir várias vezes, tanto como dinamizadora como no lugar de formanda noutros cursos. Não sei como se chama mas consiste em colocar uma série de etiquetas nas testas dos formandos. Toda a gente pode ler o que lá está escrito menos o próprio. E as mensagens nas etiquetas indicam ao resto do grupo qual o comportamento a adoptar com aquela pessoa em particular. Dizem coisas como "riam-se de mim", "admirem-me", "ignorem-me", "fujam de mim", "acarinhem-me", etc, etc. A regra é, claro, não revelar ao portador da mensagem o seu teor - até porque no jogo não se pode falar - mas este deve adivinhar o que traz escrito na testa através do comportamento dos outros perante ele. Nem sempre é tão fácil como parece, embora seja - no jogo, claro - hilariante.
Ultimamente tenho dado comigo a pensar demasiadas vezes o que dirá a minha etiqueta. E a sensação não tem nada de hilariante.

9/07/2009

Da natureza, da memória e do entendimento das coisas

O cheiro a terra molhada desperta no peito memórias de tempos em que ainda nem tinha nascido,
sonhos antigos, ecos remotos, longínquos, lendas de povos já desaparecidos...
Os sentidos sabem muito mais do que nós

Hoje a minha pele entendeu o que a mente quer dizer quando afirma que tudo se transforma.
E só quando o corpo compreende é que o ciclo se fecha.

8/31/2009

Como a Carolina já cansa

recordemos alguns dos melhores momentos do patrão quando era mai novito...

8/18/2009

Se não tivesse visto (e ouvido) não acreditava..

Esta criatura é mandatária do PS para a juventude. Só posso estar velha. Muuuuuuito velha!

8/08/2009

é isto

"(...) E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,

Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,

De haver melhor em mim do que eu."

7/24/2009

Como dizia o poeta

"A vida é arte do encontro
embora haja tanto desencontro pela vida"


Esta frase hoje não me larga. Desde que li uma certa estória que a sacana me tem estado a cutucar o espírito, insistentemente. E se ele o disse tão bem, tão melhor do que eu alguma vez o pensei, vais desculpar-me mas - mais uma vez - vou tomar emprestadas palavras que não alinhei na origem. É esta minha mania de tudo me fazer lembrar uma canção...


E, claro, se ontem por cansaço ou desânimo me passou pela cabeça (e partilhei) que talvez já não fizesse sentido continuar por aqui, hoje sei que não tenho alternativa. Esta coisa da blogosfera é mesmo um bicho que se mete na gente...

(to be continued)

7/06/2009

A Estrela era ela...

Dito assim, até parece que levava flores na mão para lhe dar. Não, aqui a tansa só levava as flores nas calças, demasiado finas para o dia que estava no Norte. No peito, sim, levava três anos de palavras escritas, um carinho tecido fonema e fonema, sílaba a sílaba. E tanta ânsia de não lhe perder pitada que levei um renault clio a 160 non-stop A1 acima. Ela trazia seis estrelas, podia até ter trazido o firmamento inteiro. A Estrela, claro, era ela, acompanhada da estrela Clara. Assim que me avistou, ao longe, no cimo das escadas rolantes, conheceu-me - vá-se lá saber como! - e acenou-me. Verdade seja que o (re)conhecimento foi mútuo...
Como mútua foi a certeza do tanto que ficou por dizer.
E agora o coração dela bate no meu pulso e o som que produz em contacto com o teclado recorda-me a cada momento de quem sou e do que tenho para fazer. Ela guardou o meu junto ao seu peito. Ele piscou-me o olho antes mesmo de se revelar e eu estranhei-o, em jeito de déjà-vu. Depois, como tinha de ser, entranhei-o e deixei-o ir. Sei que ficará nas mãos certas. Oxalá saiba cuidar daquele que me foi entregue, assim como do compromisso que vinha com ele. E foi a segunda vez em poucos dias que me encontrei com esta palavra. Os deuses sabem muito bem o que querem.

E depois

disto, que mais posso eu dizer???

7/02/2009

E como continuo

com os cornos no ar, partilho convosco um texto de autor desconhecido que poderia funcionar para mim como aquele desafio do "eu já" que andolu por aí a circular há uns meses (bai da uéie, tenho de ir à procura do meu, que já estava quase já escrito, por assim dizer...)

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

6/30/2009

Ando

com os cornos no ar, como costuma dizer o meu pai. Quando os poisar passo por aqui com mais vagar, sim?

6/22/2009

O atum


(aviso à navegação: este texto foi escrito em Novembro de 2008, pelo que algumas passagens já se encontram desactualizadas)


Se há coisa com que a maior parte dos seres humanos tem dificuldade em lidar é com a rejeição. Não importa se a rejeição é real ou não, o que importa é que se sente rejeitado. E como se sente rejeitado, reaje, quer essa reacção seja enfiar-se para um canto remoendo todos os complexos da sua vida presente passada e futura, ou espernear alto e bom som mostrando o seu (res)sentimento e expondo assim um dos aspectos mais frágeis mas mais democráticos da condição que todos partilhamos.

E se se sente rejeitado, é porque somos todos protagonistas do nosso próprio filme. Por mais modestos e discretos que possamos ser, o mundo gira à nossa volta, porque somos o centro do nosso mundo. Nada mais óbvio. E quem disser o contrário é porque mente. Agora mesmo, entre os meus inúmeros e incontáveis, haverá certamente (mas é que de certezinha absoluta) quem esteja neste preciso instante a pensar: "Isto é comigo". Não importa o motivo. A verdade é que isto não é contigo. Não, não é. A verdade é que nem me lembrei de ti: outra questão melindrosa para a maior parte de nós. Para alguns será ainda pior. Não existir face ao outro. Os brasucas dizem, com alguma piada: "Falem mal, mas falem de mim!" Outra vez o protagonista a falar. Ser rejeitado implica que os outros combinaram todos qualquer coisa e que deliberadamente me deixaram de fora. Outra coisa é terem-se pura e simplesmente esquecido de mim. Mas não era da sensação de ser ignorado que queria falar aqui hoje. Vinha, sim, falar de rejeição. Algo próximo, sim. Por vezes coincidente até. Mas não igual. Porque na rejeição existe uma carga negativa, enquanto que a sensação de ser ignorado implica uma carga neutra. Digamos que no último caso seríamos um neutrão - o que não deixa de ser uma coisa com algum poder, uma vez que em tempos até fabricaram uma bomba com eles, a bomba de neutrões. Enquanto que no primeiro seríamos um electrão - e como toda a gente sabe não existe nada mais insignificante que um electrão*, deslocando-se aleatoriamente em torno de um núcleo, que invariavelmente é aquela gaja loira, alta e vistosa, que não tem um neurónio em contacto com outro dentro do cérebro e que afirma a pés juntos que a Rússia é visivel a olho nu a partir do Alasca ou wathever. Ela é que é a presidente da junta. Nós somos um simples electrão. Sermos rejeitados, ou acharmos que fomos, o que no nosso próprio filme, que vemos e revemos sentados sozinhos no sofá da sala enquanto toda a gente dorme - ou, pior ainda, enquanto toda a gente vê o outro filme, aquele dos óscares de que todos falam mas que ninguém nos convidou para ver - o que no nosso próprio filme vai dar no mesmo, é, provavelmente, das piores coisinhas que podem acontecer-nos, para além, claro, de sermos apanhados pelo vizinho de cima a pôr o lixo no contentor de pantufas e t-shirt rota. Aquela sensação de termos sido postos de parte. De não termos, para outra pessoa, a importância que esta tem para nós. De termos sido desvalorizados, tipo taxa euribor depois de uma injecção de capital. Existe em cada um de nós um adolescente borbulhento, de cabelo oleoso e óculos de fundo de garrafa. Um Adrian Mole, sentindo-se como "um atum nadando num mar de descontentamento", como tão bem exprimia este anti-herói daqueles de nós que tiveram 13 anos nos anos oitenta (sim, escusam de me lembrar que isso é uma espécie em vias de extinção, até porque 30% estão presos por tráfico e consumo de estupefacientes, um terço anda às voltas a tentar determinar a sua sexualidade, outro ainda não saíu de casa dos pais e os que sobram estão no governo sendo ainda que cerca de 10% reúnem todas as condições acima descritas mas, como diria a Teresa Guilherme, isso agora não interessa nada menina, e aliás para falar verdade já não sei bem aquilo que interessa agora mas também verdade seja que não estou sozinha, sou eu, a bancada parlamentar do PS, o Nuno Santos, o José Manuel Fernandes, o ... ah, espera! Falávamos de rejeição e não de inconsequência, portanto os meninos terão de ficar para outra posta, ok? Sei que me perdoarão e não se sentirão puto rejeitados até porque nem se lembram que eu existo mas, não sei porquê, estou-me rigorosamente a cagar, o que não deixa de ser estranho porque tenho grandes dificuldade em lidar com a sensação de ser ignorada o que, como já expliquei anteriormente, é parecido, mas não igual a ser rejeitado, mas adiante, que o tempo ruge, como dizia o outro, e estes senhores têm de se ir embora, isto se a esta hora não foram já).

E se se sente rejeitado é provavelmente porque não presta. e aqui entra em jogo a outra variável da equação: a insegurança/culpa. Porque, afinal de contas vai tudo dar no mesmo. Ou sou rejeitado porque intrinsecamente não valho nada, ou sou rejeitado porque fiz algo de terrível, embora não me consiga agora assim de repente lembrar o que foi e mais tarde ou mais cedo toda a gente vai descobrir e nunca mais voltarei a sentir-me acolhido, acarinhado e aceite pelos meus pares que por esta hora, diga-se de passagem, já passaram a ímpares e estão todos algures a rir-se de mim nas minhas costas enquanto eu me mortifico sozinho, para todo o sempre isolado e desgraçado, enfrentando os meus fantasmas e e ruminando as minhas culpas com imensa pena de mim próprio.

Imaginemos aquela clássica situação em que gostamos de alguém mas não sabemos se somos correspondidos. Até podemos ter todos os motivos e mais um, reais e palpáveis, para acreditar que o somos. Mas se por algum motivo, a outra pessoa faz alguma coisa que não seja declarar-se a nós de forma inequívoca pedindo-nos em casamento de joelhos no chão e aliança de brilhantes em riste, se porventura a pessoa, por timidez ou desconforto, por obrigação profissional ou qualquer outra contingência da vida, não está LÁ NO MOMENTO ESPERADO, não olha para nós quando imaginávamos que o poderia fazer, não telefona ou não responde imediatamente ao nosso espirituoso sms, ou nos dá um qualquer feedback que para nós soa a inadequado e pimba! Lá está a puta da insegurança a atacar e o nosso atum a vir ao de cima. Vês! Vês! eu bem te dizia! Quem nasceu para atum nunca chegará a tubarão. Ele/ela odeia-te. Não se está mesmo a ver???

A questão é simples: somos atuns, remetidos para uma reles lata de conserva que poderá ficar eternamente esquecida numa prateleira do minipreço até que o repositor se lembre e se aperceba de que a validade foi ultrapassada há meses e nos coloque no sítio onde afinal pertencemos, i.e. o contentor do lixo pois, afinal, se todos os outros peixes do oceano estão numa festa para a qual não fomos convidados é evidentemente porque merecemos a nossa condição de peixe fora do cardume. A metáfora da festa, aliás, é da maior utilidade para ajudar a compreender a diferença entre ser ignorado e ser rejeitado: ignorado é o peixe convidado para a festa mas que passa a festa toda sem se divertir porque não se aproxima de ninguém e, como simplesmente não existe, ninguém dá pela sua presença. Rejeitado, é o atum que deliberadamente não foi convidado para a festa, que sabe que a festa está a decorrer e que fica toda a noite a carpir as suas mágoas, quiçá a encher-se de drogas ou de pornografia, o que na verdade vai dar no mesmo, mas afinal, a vida não passa de uma eterna pescadinha de rabo na boca, o que mesmo assim é melhor do que ser atum, pois a esse falta-lhe a elasticidade necessária e em última análise, até ser sardinha teria vantagens já que essas, ao menos, sempre são ricas em ómega 3, o que lhes vai permitindo mais não seja por agora ser consideradas um dos peixes mais in que há. Terão também elas, tal como o atum, tempo para regressarem à prateleira de espécie chinfrim, para não dizer altamente parola, mas isso ficará para outras postas, passe a redundância da figura de estilo, por esta altura já promovida a alegoria.

Regressando ao peixe frio (já que a vaca ficaria aqui, espero que concordem, inúmeros e incontáveis, totalmente inadequada) - a questão da insegurança e da culpabilidade - , a conclusão resume-se com alguma brevidade - sim, eu sei que vocês não acreditam, inúmeros e incontáveis que porventura possam ter chegado até aqui, o que, admito, é tão provável como eu agora receber um telefonema a dizer que herdei um milhão de euros. A conclusão, dizia eu, é a seguinte:

Um. Fui rejeitado. É inegável. Aliás, foi uma atitude concertada, consciente e propositada.
Dois. Se o fui, é porque o mereço.
Três. Mereço-o porque
a) não presto por natureza: sou feio, burro, velho de mais, novo de mais, loiro de mais, loiro de menos, não tenho dinheiro, não tenho um moleskine, não fui ver a Madonna, não sabia que a Madonna se tinha divorciado, não vi o Portugal-Suécia nem o Portugal-Albânia, não tenho Ipod, nunca fui a Nova Iorque, não sei falar alemão, não tenho cão, não caço com gato, não sei fazer tricot, não sei bordar o nome dos meus filhos nas fraldas de pano, não aspiro o carro desde março de 2006.
b) não presto porque fiz qualquer coisa de muito, muito grave mas não consigo absolutamente lembrar-me do que foi. Mas de certeza que fiz, mesmo que tenha sido inconscientemente. Na verdade eu até consigo imaginar uma série de coisas que possam estar por detrás disto mas não posso de maneira alguma arriscar perguntar se foi isto ou aquilo porque, e estas são cumulativas: primeiro nunca ninguém irá admitir ter-me rejeitado in the first place, mas mesmo que tal pudesse acontecer eu não iria correr o risco de fornecer a quem me está a rejeitar mais um motivo para o fazer, uma vez que existe sempre a possibilidade de o motivo ser outro que não aquele que eu estou a pensar. E agora estou condenado à perene rejeição. Afinal, é como dizem os árabes (ou serão os chineses?):
"Bate-lhes, bate-lhes, porque mesmo que não saibas porque lhes estás a bater, eles (elas) sabem sempre porque estão a levar"...

* este raciocínio é uma total contradição em termos mas mais importante do que fazer sentido é exprimir-nos num determinado momento, e fazê-lo com convicção, mesmo que estejamos a dizer o maior disparate do mundo. Afinal de contas, se ela pode, porque não hei-de eu poder? E se isso lhe dá audiências, quanto mais não seja no youtube talvez mas dê na vida. A vida, afinal, não passa de uma eterna pescadinha de rabo na boca. Quais atum?!

6/18/2009

Sonho de uma tarde de Verão

Ali estava ele a olhar para mim e a sorrir, como se já me estivesse a observar há algum tempo. Senti-me apanhada, frágil, despida. Perguntou-me como estava. Menti que estava tudo bem. Não foi na conversa. E tornou a perguntar, mergulhando o olhar no meu, cutucando as lágrimas que imediatamente saltaram, lestas, obedientes. Admiti o que já sabias. Disse-te a verdade, mas só em parte. Para quê alongar-me sobre o resto? O que não se diz é o que importa, claro. Mas talvez não o queiras saber. Às vezes penso que o sabes tão bem como eu e que tudo o que eu penso, os nós internos dos meus neurónios às turras com as hormonas e os sinais que leio no mundo e me vão dizendo coisas que quero interpretar a meu favor (?) corresponde ao que se passa aí desse lado, nessa cabeça de homem tão crescida dentro de um coração de menino. Adivinho-te transparente, tão igual a mim que optas por evitar o prolongar do instante, por receio do dia em que o silêncio nos embaraçar os sentidos. Logo a seguir admoesto os meus devaneios insensatos e repito a mim própria que devia dar mais uso ao comando que zappa as minhas fantasias. Puff! E sai uma comédia romântica com final feliz.
Pelo sim pelo não, absorvi-te o abraço. Meti-o no carro e levei-o comigo. Mergulhei-o nas ondas cálidas, alimentei-o de luz, de areia fresca e de búzios. Daqueles raros, espirais compridas e rosadas. Intermináveis e belíssimas, como a tarde. Um dia assim só pode ser uma dádiva dos deuses. Agradeci à vida. Abençoei o Sol. Beijei o oceano. Fundi-me com os elementos. Colhi as suas carícias. Entreguei-me. Renasci.

À saída da praia, o António Sérgio presenteou-me com Lloyd Cole, Jimmy Hendrix, Prince, GNR, Clash. Um duo português que não conhecia sagrou o blues como hino universal dos ocasos de verão. No meu coração Billie Holliday arrastava o Tejo, languidamente: "Summer time, and living is easy, fishs are jumping, and the cotton is high...".

Mas agora que acordei, é Sérgio Godinho que me canta baixinho ao ouvido: "Às vezes o amor..."

6/04/2009

Já começa a cheirar mal

a conversa do "é difícil despedir em Portugal" com que nos vêm invariavelmente buzinar aos ouvidos a cada que se fala na praga dos recibos verdes e na precariedade laboral neste triste paraíso à beira-mar plantado. Estes senhores que insistem em justificar o injustificável poderiam ao menos dar-se ao trabalho de rever a matéria e servir-nos outro aperitivo para tentar fazer-nos engolir a maçã envenenada que ainda por cima há tanto perdeu o brilho que até já toda a gente consegue ver que está para lá de podre.
Isto a propósito de alguns comentários no artigo do Público que hoje destaca a reportagem publicada no francês Le Monde na qual os recibos do nosso descontentamento foram designados como "gangrena". Como disse mais acima já não há pachorra para este paleio do "é dificil despedir". Difícil de despedir é esta corja de empresários e o governo que lhes dá cobertura. Difícil de despedir é esta mentalidade tacanha, mesquinha e redutora. Dificil de despedir é esta gente que acha que há pessoas de primeira e outras de segunda. Porque defender a precariedade é defender a desigualdade.
Quanto a mim, despeçam-nos a todos já!

6/01/2009

Vem aí mais uma capicua histórica

e esta vai agradar particularmente à minha querida Estrelinha. Trata-se da visita 22022. Queres tentar agarrá-la, miúda?

5/29/2009

Quem diria?..

MÃE DEDICADA, AMOROSA E COMPANHEIRA

A mãe com o signo lunar em Touro é uma supermãe! Cuida daquilo que ama com uma dedicação total, procurando demonstrar seu amor com gestos práticos. Tem uma personalidade doadora e nutridora. É uma mãe muito apegada aos seus filhos e sempre utiliza a razão para tentar resolver questões emocionais. Alguém com quem você pode sempre contar. Na alegria e na tristeza, lá está ela, cuidando de seus filhos da melhor forma possível.

5/21/2009

Vous avez dit bizarre? ou O Misterioso Caso do Apagão (a saga continua)

A vossa calamitosa anda mesmo sem tempo para vos brindar com as suas proverbiais e intermináveis) postas, de modos que, na impossibilidade de transcrever um artigo que traz novos e inquietantes desenvolvimentos ao já tristemente famoso Caso do Apagão, venho espalhar a má nova e reenviar-vos para o mesmo. Julgai, inúmeros e incontáveis, pelos vossos próprios olhos e contai pelos vossos próprios neurónios. E dizei-me depois se é preciso apagar dados incómodos das estatísticas oficiais e invocar um (em boa-hora surgido) erro informático ou se basta meter (descaradamente) os pés pelas mãos através da publicação das mesmas...

O "apagão" no desemprego registado no IEFP – a nunca explicada eliminação sistemática de desempregados nos ficheiros do IEFP por Eugénio Rosa

Ide. Ide lá ver e não vos deixais assustar pelo fundo algo agressivo da página, pois a agressividade é outra e nunca é demais tomarmos consciência do que se passa...

5/20/2009

Julgais que o Help Desk é um conceito dos nossos dias?

À falta de tempo e disponibilidade mental para postas à minha moda (jogos de cama completos, como diria uma companheira de andanças blogosférica), aqui vos deixo uma pérola do humor norueguês (dois minutos e meio)

5/14/2009

De pequenino se torce o... menino

A Madalena pediu e eu não sou capaz de recusar um pedido da mãe de um filho com um nome tão bonito. E que ainda por cima casou há pouco tempo. Tenho para mim que filhos assim d[ar]ão óptimos maridos (e eu só tenho pena de - ainda - não me ter calhado um assim na rifa...). Eis então a mais fresquinha do Calamitoso Júnior.

"Mãe, quando as raparigas lá da escola deixam cair um livro ou assim, eu vou lá e apanho. E elas dizem: 'Obrigada, és um querido!'.... Fico todo contente..."

5/11/2009

Não me apetece

escrever. O que equivale a dizer que não me apetece fazer nada...

5/05/2009

O grito do Ipiranga

Farta deles até aos cabelos, após anos e anos de andarem a gozar comigo enquanto eu contribuo para aumentar a sua riqueza, hoje tive o gozo supremo.

Por uma vez, poupo-vos aos pormenores da história e vou directa aos finalmente:

CJ: Ah é? Então, por favor, dê-me outra comunicação de cliente. Ou melhor, dê-me o livro de reclamações.
Senhora do banco que por ironia do destino até era até há umas horas a vigésima oitava - ou coisa que o valha - gestora da minha conta e que por um mero acaso daqueles totalmente inexplicáveis eu até nem sequer conhecia: Mas, posso perguntar-lhe o que pretende?
CJ: Pretendo cortar relações convosco mas vocês não deixam e portanto vou informar o Banco de Portugal.
Senhora do banco que por ironia do destino até era até há umas horas a vigésima oitava - ou coisa que o valha - gestora da minha conta e que por um mero acaso daqueles totalmente inexplicáveis eu até nem sequer conhecia: Mas se quiser eu também posso devolver-lhe já a totalidade do seu dinheiro.
CJ: Pois, mas não me apetece dar-vos nem mais um cêntimo.
Senhora do banco que por ironia do destino até era até há umas horas a vigésima oitava - ou coisa que o valha - gestora da minha conta e que por um mero acaso daqueles totalmente inexplicáveis eu até nem sequer conhecia: Se quiser eu nem sequer lhe cobro a comissão de encerramento da conta [Quanta gentileza! Tudo isto para poupar maçadas à entidade máxima!.. Chega a ser comovente!]...
CJ: Ah é? Dá-me o dinheiro todo até ao último cêntimo? É para já.

E a vossa Calamity saiu do estabelecimento bancário carregadinha de notas que, chegando a casa, enfiou de seguida debaixo do colchão sentindo-se rica e sobretudo, LIVRE! Claro que a liberdade e a riqueza só durarão até amanhã, data em que abrirei nova conta noutro estabelecimento bancário que tratará de me extorquir durante a próxima temporada. Mas estas horas de abundância monetária e a maravilhosa sensação de ter feito a coisa certa já ninguém mas tira!

4/30/2009

Não se sentem já que a leitura hoje é ali ao lado

(e desculpem-me desde já os inúmeros e incontáveis mas hoje em dia um contrato é coisa rara e eu tenho de justificar o meu...)

Já andava há algum tempo para a terminar, mas esta manhã, fui 'intimada' a fazê-lo. O registo é totalmente diferente, mas era inevitável que este delicioso naco de vida me remetesse para a série das sopeiras. O segundo capítulo já está disponível. Podeis lê-lo no curral. É um bom pretexto para vos convidar de novo a visitá-lo...

(O anónimo - ou seria anónima? - que esperou longos meses para me vir taxar outra vez de reaccionária é, obviamente, bem-vindo. Aliás, fiz questão de lhe dedicar a posta. E já agora, e porque vem mais do que a propósito, estão todos convocados para o Mayday, amanhã.)

4/28/2009

É grave, Senhor Doutor?

O facto de estar a escrever esta posta é provavelmente a evidência cabal da pertinência da conclusão que os meus inúmeros e incontáveis irão tirar após concluírem a leitura da mesma - se é que tal coisa irá mesmo acontecer - , conclusão essa que posso desde já adiantar, poupando-vos assim à maçada de estabelecerem (mais) este duro, porém, estou certa, definitivo diagnóstico a meu respeito: já tem havido internamentos compulsivos em psiquiatria com motivos bem mais frágeis.

Se contudo os meus inúmeros e incontáveis insistem, por teimosia ou curiosidade, em prosseguir a leitura, só me resta, pois, partilhar convosco o que me traz aqui hoje e orar para que o vosso julgamento sobre o meu caso seja justo, porém brando.

O cenário é um consultório médico em prédio dos anos quarenta, de casas amplas, guichet a meio do corredor, porta pesada de madeira à qual foi adaptado um mecanismo automático sonoro, telefone(s) insistente(s), sala de espera ladeada de sofás e cadeiras, mesa redonda e austera ao centro repleta de revistas.Devem ser umas 16h15. Quatro pessoas distribuem-se por três assentos, todos os lados ocupados menos um, onde pontifica o pequeno ecrã em pleno ataque de hiperactividade estéril de segunda à tarde. Quatro pessoas: um homem de meia idade dando o flanco direito à TV; uma senhora rondando a mesma faixa etária sensivelmente à sua frente; enfrentando a caixinha barulhenta as restantes duas pessoas: um rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas) e uma senhora na casa dos restantes ocupantes da sala. Entro, murmuro o boa tarde da praxe, vou direita à mesa das revistas, escolho uma daquelas que só consigo ler nestas ocasiões - para as cuscas, esclareço que se tratava da Máxima, na qual logrei tresler um texto sobre mentiras e sexo após o qual fiquei exactamente na mesma - e sento-me ao lado da senhora só, ficando o supra-citado televisor do meu lado esquerdo. Começo a ler. Ou melhor, começo a tentar ler. Não é fácil. O(s) telefone(s) toca(m) sem parar. A campaínha da porta também vai dando sinal de vida, que isto ou há moralidade ou comem todos. A Praça da Alegria intervalou e os compromissos comerciais estão apostados em rebentar com o volume do aparelho. Mas tudo isto até é suportável. Afinal, trabalhei tanto tempo em redacções. Com televisões ligadas em quatro canais a fazerem concursos de decibéis. Com a colega do cor-de-rosa a resolver questões difíceis (e quão difíceis, deus meu!) em altas vozes (e quão altas, deus meu!) e um ou dois chefes aos berros com um ou dois subordinados e telefones em trance psicadélico e a coisa até que se vai ultrapassando, umas vezes melhor outras pior, é certo, mas, digam-me os inúmeros e incontáveis, haverá ruído mais irritante, mais insuportavelmente desgastante do sistema nervoso central, periférico e latente (pronto, eu sei que tal coisa só deve existir na minha imaginação delirante, mas é só um efeito de estilo, uma mania de adjectivar ad nauseam), do que um bip bip repetitivo e insinuante??? Eu cá acho que não. Sim, é certo que o meu feitio sagitariano cruzado de neurótico herdado do meu querido pai me confere esta característica particularmente irritadiça que os inúmeros e incontáveis tão bem conhecem. Mas dentro da categoria dos barulhinhos especialmente irritantes, existem dois - assim de repente - que me fazem ir aos arames a uma velocidade próxima dos 300 mil km por segundo (para os mais distraídos trata-se da velocidade da luz e não precisam de me agradecer: afinal, todos temos de cumprir a nossa missão e a minha é ajudar a educar as massas. Ah, e antes que alguém se precipite a taxar-me de esta e mais aquela, vou já esclarecendo que não fui eu que disse, foi o teste de numerologia cujo link irei à procura se conseguir terminar a posta a tempo de não ser despedida). Portanto, dois, se bem se lembram: um é aquele plim plom! estridente e que fica a ecoar por meias-horas inteiras, e que ainda por cima nunca vem só, vem sempre repetido, assim: plim plom!, plim plom!, estridente e que fica a ecoar por meias-horas inteiras a tal ponto que uma pessoa já nem sabe se está ainda a ouvir o plim plom! ou se já se trata do próprio eco, que normalmente existe nas retrosarias, lojas de brindes e outras pérolas do comércio tradicional em vias de extinção nas quais para cúmulo os únicos artigos interessantes costumam estar pendurados precisamente ao lado do detector de presenças - pois é disso que falo, sabem, o tal plim plom! e poupo-vos ao resto da descrição -, o que tem habitualmente como resultado que fujo dali ao fim de oito a dez toques antes que desate a gritar furiosamente e o dono da loja - que normalmente é um velhinho adorável - me mande internar sem me deixar terminar de escrever a posta. O outro - estão a acompanhar-me? - é um bip bip repetitivo e insinuante cuja origem podemos até não estar a detectar mas que tem fortíssimas probabilidades de provir do telemóvel que o rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas) dedilha entusiasmadamente enquanto a senhora a seu lado ronca suavemente, de cabeça levemente inclinada para trás e sem pestanejar.

(Para quem possa eventualmente ter ido à casa de banho ou atendido um telefone entretanto, esclareço que já saí da redacção e da loja de lavoures e estou de regresso à sala de espera do consultório médico)

Olho para ele franzindo o sobrolho (pelo menos, penso que franzo, que não tenho ali nenhum espelho à mão). O tipo não se manca e continua a teclar como se não houvesse amanhã. Um a um, percorro com o olhar os outros ocupantes da sala. Ninguém parece estar a reparar no barulhinho exasperante que escapa - agora estou certa disso - da maquininha insuportável do rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas) que talvez não tenha exactamente a idade que eu penso mas que tem certamente idade para ter juízo. Bip bip. Ah, se fosse meu filho... Tento concentrar-me na leitura do fascinante artigo. Bip bip. Sabiam que três em cada quatro pessoas mente a respeito do número de parceiros sexuais? Em boa verdade vos digo, tenho praí uns... Bip bip. OK, pronto. Falamos nisso noutra altura. Bip bip. Até porque estou prestes a iniciar uma espiral de violência. Aviso já que sou particularmente atreita a ataques de nervos Ainda para mais nesta altura do mês. Bip bip. E vou bem lançada. Já estou a bufar. Como é possível que ninguém diga nada? Será que? Bip bip. Começo a virar ruidosamente as páginas da revista. Nada. O senhor da frente - o tal do flanco direito - olha para mim enquanto fixo significativamente o rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas). Não parece estar a ouvir o bip bip que cada vez penetra mais fundo nos meus tímpanos, nos meus dentes, nas minhas unhas, na espinal-medula... Bip bip. A senhora - que, pensando bem até é capaz de ser mãe dele - continua a ressonar serenamente, cabeça tombada - um tudo nada embora - sem que dela emane o mínimo sinal de incómodo. Ao meu lado, a outra personagem de meia-idade (reparo agora que, quando digo de meia-idade, me estou a referir a uma pessoa entre os 50 e os 65) também não parece de perto nem de longe perturbada com o bip bip que me está progressiva mas insidiosamente a conduzir a um ponto de não-retorno. Digo? Não digo. Bip bip. Pronto. É demais. Vou respirar fundo, levantar-me, e perguntar, educada, mas firmemente, ao rapaz se não se importa de cortar o pio ao telefone. Basta tirar o som das teclas. Qualquer miúdo de 11 anos sabe isso. O meu sabe. Bip bip. Mas o paquiderme que habita as profundezas do meu ser tenta refrear os meus ânimos já deveras exaltados. Murmura (quase tão ruidosamente quanto o desesperante bip bip): "Tu acalma-te, Calamitosa. Tu tem tento na língua. Tu não te passes antes do tempo que tu perdes a razão e ós pois quem fica mal vista és tu. Tu observa lá cuidadosamente à tua volta a ver se mais nada estará a causar tão enervante bipar". Respiro fundo. O meu telefone toca. Levanto-me e vou atender lá fora. Quando regresso, o meu anterior lugar está ocupado. Sento-me do lado oposto. Pego noutra revista. Há alguma movimentação na sala enquanto o bip bip perdura como um interminável ruído de fundo. Duas raparigas novas entram e partilham o comprido banco comigo e com o senhor de meia-idade que afinal já terá ultrapassado a meia e que é chamado pela recepcionista. Quando volto a consciencializar-me do bip bip já passaram uns minutos. Levanto novamente os olhos e qual não é o meu espanto quando me apercebo que agora, quem tem o telemóvel infernal nas mãos é a senhora que outrora roncava discretamente e agora se ocupa a manejar a maquineta do demo sem lampejo de pudor!!! Não posso acreditar. Agora tenho a certeza. Trata-se definitivamente da mãe do rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas). Como haveria de o rapaz ter qualquer sombra de boas-maneiras quando a própria progenitora se dedica à actividade frenética do teclanço barulhento sem qualquer contemplação??? O mundo está perdido. Ainda bem que não disse nada. Está-se mesmo a ver o género. A coisa teria certamente dado peixeirada. Bip bip. Ah, meus deuses, segurem-me, que eu vou-me a eles. Pego na terceira revista.

E é então que os acontecimentos se precipitam. O rapaz na casa dos vinte (digo eu, que ando cada vez pior nisto de atribuir idades à pessoas) já não se encontra na sala, a senhora que outrora roncava discretamente e seguidamente se ocupava a manejar a maquineta do demo deixou de jogar, não existe vivalma em toda a sala que possa estar a provocar o bip bip do meu descontentamento e no entanto ele continua. Bip Bip. É a minha vez de ser atendida. Entro na sala do médico. Sento-me, enquanto o senhor doutor foi lavar as mãos. A porta aberta dá para a entrada do consultório. Maquinetas em todo o lado. Dentro da sala, o ecógrafo. À entrada, o mecanismo que faz abrir a porta. Entre o corredor e a divisão onde me encontro, outro aparelhómetro. Todos eles piscam e todos eles são susceptíveis de estar a provocar o bip bip desde a minha chegada. Desde antes da minha chegada. E assim continuará após a minha partida. É assim todos os dias, provavelmente. Não há telemóvel, não há rapaz mal educado, não há mãe desnaturada, não há pacientes indiferentes. O que há é uma calamitosa louca, desvairada, e que um paquiderme pachorrento acabou de salvar de uma situação deveras embaraçosa. Quem disse que ter um elefante no lugar do grilo falante é uma tremenda maçada? Bip Bip.

4/26/2009

35 anos depois

Mudou a 'velhinha' palavra de ordem.

A nova é: "25 de Abril já!"

4/21/2009

O Estado e o estado a que isto chegou

35 anos depois do 25 de Abril, talvez tenha chegado o momento de nos interrogarmos sobre qual o papel do Estado e se fará sentido, dada a realidade, continuarmos a insistir neste modelo de sociedade. Mas, claro, isso sou eu, que tenho a mania de pensar em coisas...

De qualquer modo, e porque parece que, apesar daquela senhora gorda que se sentou em cima da malta e a quem chamam carinhosamente Crise, ainda andam aí alguns que têm manias (vícios, vá lá) semelhantes às minhas, aqui fica uma pista de reflexão. Coisa velhita e desactualizada...

Liberdade

Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão, habitação, saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

Sérgio Godinho
(in 'À Queima-Roupa', 1974)

pensamos em conjunto?

4/14/2009

Samba e Amor ou A vida é demasiado curta para que a passemos a engolir sapos

Sentir-nos felizes com aquilo que fazemos no dia-a-dia é condição sine qua non para mantermos a sanidade mental. Sempre me interroguei sobre como fazem aquelas pessoas que passam 40 horas por semana a sentirem-se miseráveis nos seus postos de trabalho, aturando chefes intratáveis ou executando tarefas deprimentes que não lhes dão qualquer tipo de prazer. Admiro essa capacidade de sacrifício mas seria absolutamente incapaz de viver assim. Admito que o meu saco deve ser particularmente pequeno, comparado com o da maioria, mas, quando começo a sentir-me em dissonância com um "emprego" - e é óbvio que, sendo precária desde 1998, este conceito de emprego é algo difícil de definir - o mal-estar vai num crescendo que, a pouco e pouco, vai tomando proporções tais que acaba por ocupar todo o espaço. É então que surgem os sintomas físicos de rejeição. Os primeiros, como não podia deixar de ser, situam-se (ainda) no campo psico-somático. Há cerca de 15 anos que deixei de ter insónias na acepção mais comum do termo. Esteja mal ou bem, adormeço sempre com a maior das facilidades. Às vezes até demais: quantas vezes não me fico a meio do intervalo de um filme que gostaria de ver até ao fim. De há uns anos para cá passei a ter nos gravadores de vídeo uns grandes aliados. Hoje em dia, se adormeço tarde, é porque ainda não comecei a amochar sobre o teclado do PC. A seu tempo, a coisa dar-se-á, presumo. Mas voltando à vaca-fria, dizia eu que não costumo ter dificuldades para adormecer. O meu sinal de alarme faz-se ouvir quando começo a acordar antes do despertador. Uma vez por outra, isto poderá ser aceitável, e até dar um certo jeito. Mas quando o fenómeno começa a repetir-se madrugada após madrugada e, sobretudo, quando me impede de descansar em condições - pois, sejam que horas forem, e tenha-me eu deitado cedo ou a desoras, a partir de determinada altura estes despertares nocturnos ou demasiado matinais são irreversíveis para aquela noite em concreto, ou seja, acordo e não volto a pregar olho -, eu sei que chegou o momento de tomar uma atitude. Tudo isto para dizer que as minhas capacidades preditivas atingiram provavelmente o seu auge. Sei hoje anticipar com uma precisão assustadora a altura em que o meu supracitado saco começará a carregar no indicador de "cheio" que, por sua vez, fará acender a luz vermelha. E por ter, ainda nem há um ano, passado um período em que deixei que às insónias nocturnas sucedesse a fase seguinte - vulgo destrambelhanço total - sei que o meu amor próprio não permitirá que volte tão cedo a deixar-me adoecer por coisas que não valem a minha preciosa saúde. Eu, os meus filhos, a nossa vida, o meu caminho (aquele que já escrevi e o que se encontra à minha frente por desbravar) - merecemos mais e melhor. Estou pronta a dar tudo num trabalho que me realize, que faça vir ao de cima o melhor de mim. Tenho muito para dar e só sei funcionar assim, com paixão. Compreendo (embora até hoje tenha dificuldade em aceitá-lo) que a maioria das tarefas não sejam compatíveis com a minha natureza. Mas acredito que, apesar de tudo, e por mais que me queiram fazer engolir conversas para boi dormir sobre a crise, a concorrência e o raio que os parta, há um lugar onde eu posso cumprir-me. Sem nós na garganta, sem apertos no estômago, sem noites mal dormidas que não sejam por febre criativa ou por fazer, como o meu querido Chico, "Samba e Amor até mais tarde". Fiquem, pois, com ele que eu vou ali e já venho.

4/06/2009

É só um sonho...

"Harry acenou a cabeça e suspirou. (...) Levantou-se, Dumbledore fez o mesmo e, durante muito tempo, olharam para o rosto um do outro.
- Diga-me só mais uma coisa - pediu Harry. - Isto é real? Ou tudo tem estado a acontecer na minha mente?
Dumbledore sorriu-lhe e a sua voz pareceu forte e audível, apesar da névoa intensa que estava de novo a abater-se, obscurecendo a sua figura.
- Claro que está a acontecer na tua mente, Harry. Mas por que razão há-de isso significar que não é real?"

in J. K. Rowling, "Harry Potter e os Talismãs da Morte"

Limpezas de primavera

Arrumar a minha casa vida...

4/02/2009

And the winner is...

O (i)número) (e) (in)contável 20000 entrou e saiu em silêncio. Mas a M(aravilhosa) Q(ue) P(artilha comigo o posto de cabra-recruta no curral mais movimentado da blogosfera) merece as alvíssaras (e perguntam-me vocês em que consistem as ditas, mas confesso que assim de repente ainda não pensei em nada) . O que é um número redondo vulgar como 20 mil ao pé de uma magnífica capicua como a que a Peixinha Taralhouca conseguiu ao ser a visitante nº 20002? Havia uma hipótese em 20002 (pronto, vá lá, em 22 ou 23) de ela ser a tal. Mas como ela é um bicho raro, que até muda de cor e tudo, perfez a façanha como se de uma brincadeira de crianças se tratasse. Por tudo isto e também porque há que ir publicando umas postas para entreter o pessoal, as alvíssaras vão direitinhas para ela.

3/31/2009

Talvez uns alhos?

Sinto-me esgotada. Por um lado, o jet-lag abateu-se sobre mim e por outro continuo a não saber preservar-me dos vampiros. Eles topam-me à légua e zuca! Vá de me sugar até ao tutano. Não sei se durma, se coma... Mas que preciso, urgentemente, de me recompor, lá isso preciso.

3/29/2009

Podeis chamar-me cabra (uma posta de aniversário)

É de tal forma alucinante a vida de todos os dias que este tasco fez anos há uma semana e só ontem me toquei. Quatro anos de blogosfera. Passaram à velocidade de uma ligação em banda larga. Refiro-me às que funcionam, claro.
Não vou fazer aqui um balanço de tudo o que significaram estes quatro anos em termos de ligações que vão muito para além de um enigmático código html. Já muito escrevi sobre isso e quem eventualmente queira recordar ou saber o que pensei - ou melhor, o que consegui apanhar desses pensamentos e depois escarrapachei aqui para poder partilhar com os inúmeros e incontáveis - pode sempre espreitar estas postas (entre outras).
Sempre ouvi dizer que na internet andava muita gente sem escrúpulos, pedófilos e violadores que coleccionavam dados da nossa vida privada até lograrem apanharem-nos numa viela escura e deserta e fazer-nos a folha, assim como aos nossos filhos, sobrinhos, pais e avós. Que da rede, como de Espanha, nem bons ventos, nem (muito menos!) bons casamentos. Dei por mim muitas vezes a pensar que ou era muito sortuda ou muito ingénua e, dados os antecedentes, achei que a segunda hipótese era de longe a mais verosímil. Mas, como o coração é casmurro, continuei a comportar-me como uma criança crédula. Expus-me aqui como raramente o tinha feito na vida real. Deambulei de link em link e descobri mundos. Pressenti serem muitos deles reais, feitos de gente de carne e osso, gente autêntica cuja essência me tocou como se lhes lesse limpidez nas pupilas que não via. Cruzei-me com algumas e confirmei a sua existência de facto, para lá dos nicks que vestiam. E verifiquei que os alteregos não lhes serviam de máscara, apenas de roupagem que, aliás, nem sempre lhes permitia escapar a um ou outro resfriado.
Claro, estaria a mentir se dissesse que isto é (apenas) um admirável mundo novo. Na blogosfera, como na vida (quantas e quantas vezes escrevi aqui que aquela constitui hoje em dia uma das mais perfeitas metáforas desta), prolifera também uma horda de gente medíocre, invejosa, mesquinha, interesseira, mentirosa, baça, desprovida de escrúpulos, de interesse e de talento. Mas, curiosamente, tenho vindo a aperceber-me que o meu desconfiómetro funciona melhor na leitura do que ao vivo e a cores. Pode parecer estranho mas é assim mesmo. Talvez por ter levado a minha infância a devorar livros mais do que a jogar à apanhada, desenvolvi esta capacidade que até há instantes nem sequer tinha verbalizado interiormente: há qualquer coisa na forma como as pessoas se exprimem por escrito que me faz apreendê-las melhor. Grasp, dir-se-ia em inglês. E a tascosfera permite ignorá-las com mais facilidade do que se nos tocassem à campaínha numa manhã de domingo querendo impingir-nos revistas chamadas sentinela ou se nos fizessem a vida negra num escritório a três dimensões.
Tudo isto (já sabeis que para ir de A a B, tenho de ir dar uma voltinha ao abecedário completo! ) para dizer que ontem recebi O Presente que coroa estes quatro anos de crescimento interior e na relação com o outro. Não posso qualificá-lo como inesperado. Estaria a mentir se dissesse que nunca me tinha passado pela cabeça recebê-lo. Mas, à semelhança de um bom thriller, o susto não foi menor, porque desconhecia por completo o momento em que tal poderia suceder. Ou se não passaria de uma fantasia. De forma que o embrulho me caiu nos braços como se um desconhecido de repente me oferecesse flores.
Há meses que frequento o tasco e que me sinto ali como em casa. De tal forma que foi crescendo em mim um sentimento de pertença. Não acredito em amores não correspondidos. Quando a afinidade é real, ela só pode ser recíproca. Há na relação humana qualquer coisa de transcendente que tem a ver com a inteligência, no sentido filosófico do verbo inteligir. O que quero dizer é que, mesmo que não me oferecessem sociedade, eu sentia-me parte da pandilha. E é muito boa esta sensação. Que culmina com um email: (...) Caso, para grande pena nossa, prefiram continuar só nas caixinhas fiquem a saber que o epíteto de Cabras já ninguém vos tira!... (sim, porque convite não foi só para mim! Atingiu em cheio a carola da peixa mais desmiolada da blogosfera!).
De modos que, inúmeros e incontáveis, vem a vossa Calamitosa anunciar-vos, da única forma que sabe, ou seja, num lençol a preceito, que, daqui para a frente, podeis chamar-me cabra. De serviço, num blog perto de si.

3/26/2009

A pita do gorro vermelho e o lobo que comeu o sans seriff que é o tipo de letra que o blogger usa por defeito e que eu por sinal até gramo à brava

E já que ninguém se pronunciou sobre um dos mais belos momentos do concerto de domingo
à noite (por acaso este até é de outro concerto mas a canção/poema é a mesma), xa-me cá ver se os inúmeros e incontáveis preferem um registo mais... hum... comékieu eidizere... enfim, o melhor é pespegar com a coisa aqui e vocês óspois classificam, ó quei? (depois venham-me pedir para ser um veículo de cultura e assim, que eu digo-vos...)

A propósito da língua portuguesa

Depois de "Cinderela para a Juventude", temos a versão " baita fixe" do Capuchinho Vermelho, para que as nossas crianças percebam a história.
Consta que tem o patrocínio do ME, porque, assim, já ninguém se preocupa com os erros.
Estão a pensar "inserir-la" no Magalhães.

"A Pita do Gorro Vermelho"

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque

Népia de mitra, na boa e tal, a curtir o som do iPod....

É então que, ouve, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:

- Yoh, tá td? Dd tc?

- Tásse... do gueto alí! E tu, tásse? - disse a pita

- Yah! E atão, q se faz?

- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!

- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?

- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata...

- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.

- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!

E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha 'quem é e o camano' e ele 'ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na...', a velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda...

Mas mêmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos...

O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo á velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tázaver?

A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.

- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.

- Yo, velhita, tásse?

- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...

- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...

- Bacano, pa ver se trato esta cena.

- Pá, mica uma cena: pa ke é esses baita olhos, man?

- Pá, pa micar melhor a cena, tásaver?

- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?

- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tásaver?

- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?

- É pa chinar esse corpo todo!!! GRRRRRRRR!!!!

E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos.

O dog kinou logo alí, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha.

Ina man, a malta a gregoriar-se toda!!!

E prontes, é isso.


(prontes, recebi esta cena por email e o caraças, e não consigo mudar-lhe o tipo de letra nem à lei da bala e nem trocando as voltas todas ao blogger e ao word e ao gmail e o camandro. De modes que fica assim e o catano que eu a modes que já estou a ficar toda marada, tão aver?)

3/24/2009

Pão seco sem tomates

Não sei o que me tira mais do sério: se o tentarem comer-me por parva atirando-me areia para os olhos a ver se pega, se a falta de tomates que está por detrás deste comportamento. Uma falta de tomates que nos tempos que correm é o pão nosso de cada dia.

3/19/2009

Ecológicos, sim, mas devagar...

Hoje de manhã ouvi na rádio que as principais "eléctricas" europeias (?) (mundiais?), entre as quais a 'nossa' EDP (sim, inúmeros e incontáveis, a mesma que obteve em 2008 os maiores lucros de sempre enquanto todos falam de crise...) chegaram a acordo para que em 40 anos estejam todas a produzir energia 100% verde. Sim, inúmeros e incontáveis, podeis esfregar os olhos como eu esfreguei os ouvidos. É mesmo isso: 40 anos. Em 2050 estaremos a carburar sem causar danos ao ambiente. Refiro-me a electricidade, claro, que era disso que falava a notícia.
Em 2050. Estas resoluções são absolutamente admiráveis e confesso que não sei como farão estas empresas do mundo inteiro para conseguir, em tão breve lapso de tempo, uma tal proeza. Proponho que lhes seja imediamente atribuído o Nobel da Paz. A todas.

PS (salvo seja!): Procurei por toda a parte a mesma notícia na net e não a consegui encontrar. Estaria eu a sonhar? É que ouvi a notícia pelo menos duas vezes...

3/17/2009

Delírios de uma mente enredada

E pronto. Também me apanharam nas malhas desse fenómeno dos nossos dias chamado Twitter. Na verdade fui lá ver como era. E tenho de dizer que, francamente, continuo a não entender a utilidade da coisa. Tal como tenho resistido bravamente a tudo o que é hi five, facebook, myspace e quejandos. Há uns tempos, enredaram-me num desses berbicachos de seu nome Tagged. Em meia-dúzia de dias tinha mais emails de malta desconhecida interessada em conhecer-me via tagged do que caracóis no quintal, e posso assegurar-vos que são muitos. Muitos, muitos mais do que os inúmeros e incontáveis em quatro anos de blogosfera. E perguntam-me vocês: por que raio estariam eles interessados em conhecer-me? Por causa dos meus lindos olhos? Por ser uma mulher interessante, culta e talentosa? Pelo meu intenso sex-appeal? Pois, inúmeros e incontáveis, a verdade é que não faço a mínima, pois a referida plataforma (é assim, parece-me, que chamam a estas redes sociais que, a meu ver, existem tão somente para nos fazer perder ainda mais tempo nos nossos já ultraent[orpe]up[ec]idos* quotidianos) não continha quase nenhum detalhe sobre a minha pessoa e, em vez da minha foto, arborava a imagem de um belíssimo céu blue velvet carregadinho de estrelas. Rapidamente me arrependi de ter engrossado as fileiras do tagged e tentei desinscrever-me. E eis que, surpresa!, no way! Não conseguia descobrir como sair da rede. Que rede anti-social, pensei. Tentei escrever-lhes, pedindo-lhes encarecidamente que me deixassem sair. Que não era louca, dizia. Que apenas estava ali por engano. Que tinha gente à minha espera lá fora, que dariam pela minha falta rapidamente e certamente contactariam as autoridades. Nada. Naveguei desalvorada de link em link procurando freneticamente a porta da saída sem contudo obter desta o menor vislumbre. Tomei então a decisão, algo arriscada, porém definitiva: denunciei aqueles emails como spam. E logrei ver-me livre do tagged.
Claro, não sei se eles não andem aí, algures, à coca. Esperando, escondidos, a mínima ocasião para me apanharem em falso. E pespegarem comigo na dita-rede, quem sabe se para todo o sempre. Mas, para já, sinto-me leve, solta. Recuperei, parece-me, a minha autodeterminação.
Porquê, então, ter-me deixado entwittar? Porquê??? Confesso que não sei. Talvez pelo mistério? Quiçá pelo status... A verdade é que não consigo mover-me lá dentro. Pareço um tuga de vacanças em Paris, tentando entender onde raios fica a correspondência para Pont-Neuf. Ou Gambetta. Entrando por um canal de saída e não compreendendo por que raios vêm todos na minha direcção como se andassem atrás de mim. E por falar em atrás de mim, alguém me explica quem são estes gaijos e gaijas que deram em seguir-me? E porque o fazem? Se em quatro anos de blogosfera nunca se dignaram visitar-me ou deixar-me um singelo comentário... Se nunca me viram mais gorda nem mais charmosa... Se não imaginam que tenho péssimo acordar e que é melhor não me dirigirem a palavra antes do pequeno-almoço... Se nem em pesadelos lhes passou algumas vez pelas cabecitas o comprimento das minhas postas nem o encaracolar dos meus raciocínios... O que me quererão eles? Terei eu de lhes dar algo em troca? Haverá saída? Terei eu cometido o deslize fatal? Serão eles do tagged e virão buscar-me? Eu já disse que não sou a pessoa que procuram!! Eu tenho amigos importantes! Influentes! Eles vêm buscar-me! Deixem-me ir!!! Deixem-me!!!.................................. Socoooooorroooo!!!!!!!....................................................................................


*esta é para ti, Monikyta

3/16/2009

Perplexidades

Devo ser uma gaija realmente antiquada mas há uma coisa (entre outras, claro) que nos dias que correm (ora aí está uma expressão que faz todo o sentido, eu sei que já tinha dito mas cada vez que a uso me faz mais sentido...) me faz uma tremenda confusão: porque será que, numa era em que nunca foi tao fácil nem tão rápido entrar em contacto com alguém, cada vez menos as pessoas cumprem os seus compromissos? Dizem que aparecem e nada, não retornam chamadas, dizem amanhã e passados quinze dias continuam sem dizer água vai e toda a gente parece achar normal. Mas, lá está, o problema deve ser meu...

3/09/2009

Nada ou neominicalamitices

A gaijinha anda em plena idade dos porquês. Algumas das perguntas não são de fácil resposta. Há dias, queria qualquer coisa e eu tentava fazer com ela a clássica chantagem maternal (já não me lembro qual o objecto da dita, nem a contrapartida)

CJ: Mini Calamity, se não fazes isto, não te dou nada.
MiniCJ: Nada?? O que é isso, nada???

3/06/2009

O perito dois em um

Um tipo a sair de marcha-atrás deu-me uma panada no carro. Como estava estacionado em espinha e eu seguia em frente, apanhou-me o canto e a lateral esquerda. Entre outras coisas, o farol ficou todo metido para dentro e nem sei como continua a acender. Ontem, dez dias, cinco telefonemas, sete faxes e dois emails depois do "sinistro", fui finalmente à oficina para deixar o carro a fim de ser peritado. Tinha-me sido dito que teria um veículo de substituição à minha espera no local de modo que fui tomada de surpresa quando o senhor da Renault me começou a fazer perguntas. Então não é que, segundo referiu, a seguradora pediu-lhe que tirasse as fotos e enviasse o orçamento. E nem uma cópia da declaração amigável lhe mandaram. Despachou-me em pouco mais de dez minutos. Ainda mais extraordinário do que fazer peritagens sem peritos - o que no país das omeletes sem ovos, parece quase normal - foi quanto a mim, esta saída brilhante, apontando para o estrago principal* decorrente do "sinistro":"Este farol é que lhe digo já que não sei se eles vão pagar. Eu posso tentar, mas..."

*(existia anteriormente uma pequena batida na frente do lado oposto)

3/03/2009

3/01/2009

Toda a verdade (ler em tom SIC Notícias, pf)

Algumas curiosidades, assim em jeito de estatísticas muito pouco científicas.

1 -Ninguém fez jackpot.
2 - Quem acertou em duas, acertou sempre nas mesmas.
3 - Na outra, ninguém acertou mesmo.
4 - Só o Shark pensou que a resposta nº 5 pudesse ser uma das mentiras, classificando-a gentilmente como "ficção". Terá sido por todas as outras pessoas a tentar acertar serem do sexo feminino?
5 - Porque será que absolutamente ninguém pôs em causa a afirmação nº2?

E agora... Vamos lá ao que (diz que) interessa.

1 - Ainda acredito no príncipe encantado. Ah pois é! Quem disse que eu era uma rapariga inteligente? Parece que foi a Zá. Esqueceste-te que existem vários tipos de inteligência. A emocional nunca foi o meu forte...
(Mas também se não acreditar, que raio de sentido terá a existência?)

2 - Há 10 anos que ando a tentar deixar de fumar. Hahahahahahahahahahahah! Estou há dias a rir-me à pála desta. Pelo menos tu, Loira, podias ter acertado! Nunca, mas nunquinha, mesmo, fiz a mais tímida tentativa. Um a dois cigarros por dia é a minha média e não sinto a mínima necessidade de os largar. Sabem-me sempre tão bem!

3 - A minha mãe nasceu em Alcácer Quibir, o meu pai em Lisboa e eu no fim de uma tarde de nevoeiro em Paris. Bom, aqui admito que dei umas cores ao filme. Ou seja, não faço a mais pequena ideia se estava nevoeiro ou não, mas achei que combinava. Não vos parece? De resto é a mais pura verdade.

4 - Quando tinha dez anos de idade atravessei um lamaçal com altura pelo joelho à meia-noite porque o Chico Buarque em pessoa se encontrava do outro lado. Ahah! Nem tu, Teresa?! Estava certa que suspeitarias de que é inteiramente verdade.
Foi assim: em 1980 eu tinha 10 anos. O Chico Buarque foi cantar à Festa do Avante, ainda no tempo em que a Festa era no Alto da Ajuda. Nesse dia tinha chovido a potes e rebentou para lá um cano. O acesso ao Palco 25 de Abril transformou-se num imenso lamaçal que eu atravessei, juntamente com o meu pai - homem que me proporcionou muitas das grandes alegrias musicais com que enriqueci o currículo - e mais uma malta que estava connosco. E assim foi a primeira vez que vi o Chico ao vivo. No dia em que ele apresentou Simone à malta.

5 - Já adulta cheguei a passar um ano inteiro sem dar uma queca. Pois é, Shark. A vida nem sempre é fácil. Mas sobrevivi...

6 - Até hoje não casei mas já me separei mais de vinte vezes do mesmo homem de quem tive dois filhos. Loira, quando digo mais de vinte vezes, estou a fazer a conta por baixo. Muito por baixo... Afinal foram mais de 12 anos entremeados.

7 - Fui convidada para a mesma festa onde se encontravam a Claudia Raia, a Patrícia Pillar, o Tarcísio Meira e o Ary Fontoura. E falei com todos eles. Bom, se ninguém desconfiou também não conto a história. Pronto.

8 - Nunca fiz nudismo. Pelos vistos esta custa a engolir a muitos dos inúmeros. E com razão. Haverá lá coisa melhor que mergulhar ao fim do dia sem nada entre mim e "tanto mar"?

9 - Li os três tomos de 'O* Capital' de Karl Marx. Pois. Eles lá estavam, na estante da sala e ainda lá continuam. Vi-os lá tempo suficiente para saber que era "O" Capital, AEnima. Contudo tens razão: nunca os li. Mas sei a história...

2/25/2009

Seis verdades e três mentiras

Por incrível que pareça não sou grande mentirosa. Aliás, não sei mentir. O que, por mais que seja uma acérrima defensora da verdade a todo o custo nem sempre me tem sido de grande ajuda. Adiante. Desafia-me a Teresa para contar acerca de mim seis verdades e três mentiras. Como é por escrito, pode ser que não me vejam corar e torcer os lábios ;-)

1 - Ainda acredito no príncipe encantado;
2 - Há 10 anos que ando a tentar deixar de fumar;
3 - A minha mãe nasceu em Alcácer Quibir, o meu pai em Lisboa e eu no fim de uma tarde de nevoeiro em Paris;
4 - Quando tinha dez anos de idade atravessei um lamaçal com altura pelo joelho à meia-noite porque o Chico Buarque em pessoa se encontrava do outro lado;
5 - Já adulta cheguei a passar um ano inteiro sem dar uma queca;
6 - Até hoje não casei mas já me separei mais de vinte vezes do mesmo homem de quem tive dois filhos;
7 - Fui convidada para a mesma festa onde se encontravam a Claudia Raia, a Patrícia Pillar, o Tarcísio Meira e o Ary Fontoura. E falei com todos eles;
8 - Nunca fiz nudismo;
9 - Li os três tomos de 'O* Capital' de Karl Marx.

Desafio a Estrelinha, a Loira, a Cool, a Flores, a Blubina, a Ritmargaride, a Cristina, o Melão e o Mocho (não ponho links por estarem quase todos aqui ao lado e também porque não tenho tempo). Não desafio outras meninas de quem muito gosto por terem tascos privados... mas se quiserem agarrar, por mim, estão à vontade, obviamente.

* Uppsss: Obrigada, AEnima. Não te direi se acertaste ou não. Não era preciso lê-los para saber-lhes o título de trás para a frente, pois constam 'em pessoa' na estante da sala em casa dos meus pais assim como tudo o que o dito-cujo escreveu com Engels, tudo o que foi escrito acerca de e ainda ... E que tal fazeres também?

Já pensei tantas vezes em mandá-los passear mas às vezes há aquelas pequenas coisas...

"Bom dia, Professora.
Junto envio o meu trabalho de avaliação.
Desejo-lhe boas mini-férias, bom carnaval e melhores felicidades.
Muito obrigada pelo seu esforço e pela sua boa vontade e boa disposição perante nós, estudantes.
Com os melhores cumprimentos,"

fulana de tal


(não , não sou professora, mas dou aulas há muitos anos - é um complemento, uma actividade secundária, digamos assim)

2/13/2009

O que se pode dizer que outros não tenham dito antes?

(e muito melhor do que nós...)

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Little darling
It's been a long cold lonely winter
Little darling
It feels like years since it's been here

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Little darling
The smiles returning to the faces
Little darling
I seems like years since it's been here

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right

Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes

Little darling
I feel that ice is slowly melting
Little darling
It seems like years since it's been clear

Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun, and I say
It's all right
Here comes the sun, do do do do
Here comes the sun
It's all right
It's all right

The Beatles (no mui frutífero ano de 69)

2/11/2009

A taberneira está de trombas

Tenho três postas iniciadas e disponibilidade zero para as terminar. A miúda esteve quatro dias sem pregar olho e eu idem idem aspas aspas. Estou com trabalho em atraso até à orelhas e só me apetece fugir. Estou zangada com o mundo e em particular com a PT, duas espécies de entidades patronais (não sei que outro nome lhes dar, aliás o termo "técnico" é "clientes" dos quais eu sou "fornecedora" - extraordinário!!!), o Ministério das Finanças, a Segurança Social, o Estado Português, o Estado em que esta Merda se Encontra e até (talvez devesse dizer "e sobretudo") comigo própria. Neste momento sinto que não há sequer uma alminha no mundo inteiro com quem possa contar de verdade. Portanto, meus amigos, é clicar na ligação seguinte que este tasco está fechado para balanço.



O que não quer dizer que não reabra amanhã.

2/08/2009

Diz que os inúmeros e incontáveis já degustavam outro repasto

e a bem dizer, também eu.

Fui ver. No frigorífico, a coisa não está famosa. Leite, iogurtes e uns queijitos. Ovos nada. O resto está no congelador mas lá ficará. Legumes vários que até transformaria numa ratatouille se alguém os descascasse e cortasse em rodelas, que o meu tempo escasseia, para não dizer que ruge. A acompanhar com um belo coucous que se faria quase sozinho... Mas tudo não passa de um exercício de imaginação. Assim sendo, e por que vos prezo, subtilizei a imagem aqui e deixo-vo-la (que lindo!) para alimentar os vossos sonhos mais palatais. Quanto a mim, fico-me pelas tostas com os ditos queijitos e à espera de melhores dias...

2/03/2009

A Minha Própria CCI

Começo por desde já repor a legitimidade: quis roubar a rubrica à Carlota e para a coisa não ficar logo escarrapachada no título encontrei esta 'solução': arranjar uma sigla que disfarçasse um pouco o meu acto de usurpação. Para os ínúmeros e incontáveis que eventualmente tenham resolvido prosseguir na leitura desta já de nascença enjeitada posta aqui fica o título por extenso: A Minha Própria Colecção de Coisas Irritantes.

E vou já avisando que são aos montes. Herdei do meu querido pai o feitio sagitariano cruzado de neurótico o que deu como resultado que sou de facto uma mecinha muito irritadiça. Tudo me irrita. Irrita-me tanta coisa que às vezes até me irrita este meu irritar tão rápido. Tão lesto, tão pronto a manifestar-se ao mínimo factor irritógeno. O que, diga-se, é algo que abunda neste nosso sonso e pacato paraíso à beira-mar plantado. O que é dificil é passar mais que uns instantes sem nos irritarmos, a não ser que estejamos a dormir. E mesmo assim, é sabido que existem dúzias de coisas que podem irritar o nosso sono: moscas, melgas e mosquitos, vizinhos barulhentos, digestões difíceis e filhos em crise. Mas acordados dificilmente deixamos de nos irritar. É que coisas irritantes não faltam à nossa volta. Eu até defendo a teoria que Portugal se devia virar para esta indústria e esquecer o turismo. Deixem lá isso para os países onde faz mesmo bom tempo. O clima tuga é apenas um mito. Dediquem-se antes a aperfeiçoar essa grande especialidade nacional que consiste em ser particularmente irritantes, irritadiços e profissionais do irritanço. Trabalhem em prol do desenvolvimento dos ícones irritógenos que irei apresentar em seguida. Descubram ou inventem outros. É um sector inesgotável. Verão que há poucos locais como o nosso querido país capazes de reunir num espaço tão diminuto como, por exemplo, a cidade de Lisboa, tanto objecto, hábito, comportamento, mobiliário urbanístico ou outros itens da mais variada natureza tão profundamente irritante ou susceptível de provocar irritação directa ou indirectamente.
Ontem durante a tarde tive a ocasião de me deparar com vários, já que fui a um local onde eles existem em grande número: um centro comercial. Começando pelas escadas rolantes. Há poucos fenómenos tão bizarros como o comportamento de um português diante de uma escada rolante. E, no entanto, há mais de duas décadas que elas foram implantadas em Portugal. Duas gerações, pelo menos, já nasceram com elas. Outras duas, ou até três, aprenderam - ou deviam ter aprendido - a conviver com este apetrecho típico das cidades contemporâneas. Como nos filmes de Hollywood, qualquer semelhança entre elas e um elevador é mera coincidência. Ou pelo menos, deveria ser. Elas até trazem uns sinais quanto a mim facilmente descodificáveis que nos informam do seguinte: Estacione à direita; circule pela esquerda. Onde se lê 'circule' deverá ler-se 'suba' ou 'desça', já que estas escadas costumam ser a direito, sendo que circular se torna algo complicado; mas esta realidade já existe no código de estrada e não parece causar tanta interpretação errónea. À falta de rotundas, há um certo número de pessoas que consegue perceber o que esta mensagem significa. E não estacionar sistematicamente em segunda fila, que, por sinal, no caso em questão, é a única pela qual se poderia circular. Pois até ao dia de hoje não encontrei uma alminha neste país que se comportasse em condições numa escada rolante. E não é só num centro comercial, o qual, poderiam os inúmeros e incontáveis argumentar, sendo um templo do consumo não é compatível com a situação de pressa. Quando o cidadão tuga se depara com uma escada rolante, seja lá onde for, mesmo que seja no metropolitano a trinta segundos da partida do último comboio, chega, estaca e ali fica. E se uma pessoa quer subir ou descer, que é para isso que elas servem, isto é, para nos ajudar a fazê-lo com mais celeridade e não para o fazerem por nós, já que para isso existem os elevadores, que muitas vezes se encontram no mesmíssimo espaço, se uma pessoa quiser, digo, subir ou descer, tem de zigzaguear nos poucos espaços deixados vagos, pedir mil vez com licença, e ainda ser fustigado com mil olhares de rávia, ódio, escárnio e maldizer como quem diz, olha esta malcriadona a querer passar à frente de toda a gente!!!
Mas prossigamos nesta incursão à montra de coisas irritantes que se podem encontrar num local aparentemente tão inócuo como um centro comercial. Nas casas-de-banho em geral, temos direito a mais duas: a primeira, assim que chegamos à torneira e a abrimos. Chamam-lhe inteligente. Inteligente como? Por que carga de água?!! Só se for daquela que iremos gastar quer queiramos quer não! Pois se aquela trampa deixa de correr quando estamos prestes a desaparecer sob a intensa espuma produzida pelo sabonete líquido que cheira a pastilha elástica obrigando-nos a carregar de novo com toda a força e com as mãos terrivelmente escorregadias, mas depois de eliminado o dito sabonete, aquilo parece comporta de barragem em dia de cheia e continua a deitar água suficiente para encher várias garrafas de litro e meio!

Depois, secar as mãos. Mas onde terão ido parar aqueles maravilhosos rolos de toalha de pano imaculadamento brancas que desapareciam à medida que os usávamos e que asseguravam o carácter ecológico dos nossos lavabos públicos? Eu até compreendo que já não se usem toalhetes de papel - o que, em última instância, seria preferível, já que o papel higiénico acaba por ser utilizado no seu lugar, mas como se desfaz facilmente gasta-se provavelmente muito mais sendo que depois vai para a sanita e não para o cesto - agora existirá alguma criatura com mais de catorze anos que realmente goste daqueles secadores automáticos? Que além de barulhentos, gastam energia e não secam coisa nenhuma a não ser que estejamos dispostos a passar ali o resto da tarde?

Saído para a rua em busca de um pouco de paz encontramos logo outro item desta colecção virtualmente infinita: os passeios. Mas quem raio se terá lembrado de não os fazer suficientemente largos para aqueles grupos de pessoas que decidem ocupá-los por completo? Por que razão obscura não terão eles todos pelo menos quatro metros de largura e corredor de escoamento para chatas como eu?

Um objecto que definitivamente, para ser autorizado, deveria ser sujeito a uma vistoria por uma entidade independente ou então, como os seus congéneres, à obtenção de uma licença de uso e porte de arma, são os guarda-chuvas, vulgo chapéus-de-chuva. Para já, onde terão ido buscar este nome? Toda a gente sabe que um chapéu é um objecto que se usa em cima da cabeça. E mesmo a palavra guarda, está bem, pois da forma como muitas pessoas o usam, está-se mesmo a ver o motivo: "En garde", grita o objecto que trazem ameaçadoramente espetado na nossa direcção como quem dissesse "E se não te pões a pau, eu chego-te" (Like american say: if you don't put you a stick, I'll arrive you"). Embora 'chegar' seja pouco mais que um eufemismo. Trespassar seria um termo mais adequado. Quanto à terminação 'chuva', enfim, releva da mais óbvia falta de observação. Guarda-distâncias, sim faz todo o sentido. Agora guarda-chuva? Para guardar a chuva, os dito-cujos deveriam apresentar-se ao contrário, de outro modo, como fazer? Pois se ela lhes escorrega por cima?!!

(continua)
(assim como a série das Sopeiras, para gáudio de um(a) certo(a) anónimo(a) que me brindou com uns mimos e que faço questão de presentear com mais uma das minhas incontornáveis postas, assim como um lugar especial no pódio da Minha Própria CCI)